Sibélius é cinéfilo, formado em Direito, é Oficial de Registro de Imóveis e é natural de Batatais-SP. Depois de dirigir alguns curtas, prepara sua incursão ao longa-metragem.
Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Muita importância, tendo em vista que a maioria dos grandes cineastas brasileiros começaram realizando curta-metragem, como, Glauber Rocha, Arnaldo Jabor (é notável o seu curta “O circo”), Jorge Furtado e outros.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Primeiro, entendem que se trata de um produto menor. Mas acho que o que prevalece é o interesse comercial dos filmes de longa-metragem, restando mínimo espaço para os curtas. Mas na televisão já está havendo um maior espaço aos mesmos, especialmente na TV cultural, mas o correto é que todos os canais de TV deveriam abrir espaços para os curtas. É necessário que a legislação dê aos curtas, a importância que eles têm. Com certeza seriam bons antídotos contra a imensa boçalidade que virou a televisão brasileira, atual, especialmente no setor de novelas e humorismo. Lastimável.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Primeiramente espaço obrigatório nos canais de televisão, em horários acessíveis ao grande público. Mais festivais de curtas também seria muito bom. E também a exibição nos cinemas, no inicio das sessões, como era feito antigamente. Mas não somente filmes documentários ou institucionais, mas sim, filmes de ficção. A internet é excelente meio de divulgação, mas ali predomina a banalização de tudo. Mas é válido tentar colocar ali um bom curta no meio de tanta boçalidade.
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Possível até é, mas acho difícil. Depois que fez seu primeiro ou segundo curta-metragem, o realizador quer realizar um longa. E muitas vezes ele tem e inicia um projeto de curta ou média que no decorrer do roteiro acaba se tornando um longa-metragem, pois, não raro, novas ideias vão se incorporando àquele projeto original e o filme vai tomando novos rumos chegando ao longa-metragem.
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não, os cineastas em geral não marginalizam o curta e muitas vezes são solidários ao estreante ou àquele que está realizando o curta.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso, mas existem dois roteiros em média-metragem que também merecem saltar do papel para a tela, um deles um excelente argumento e roteiro do Rubens Francisco Lucchetti, meu amigo, e lendário colaborador de Zé Mojica Marins (Zé do Caixão) nos filmes iniciais, e principais de José Mojica.
Qual é o seu próximo projeto?
Estou enviando o roteiro de um longa-metragem, argumento meu e roteiro em colaboração com o Lucchetti, para conseguir recursos através da Lei do Audiovisual e tentar realizar no próximo ano. O tema é forte, já está registrado o argumento, chama-se “Tem Dia que é Noite”, fala de um homem que foi preso injustamente, acusado de assassinato, e quando o verdadeiro criminoso se apresenta, 16 anos após o crime, ele é solto e retorna à sua cidadezinha natal, em busca de um sentido para a vida e talvez da vingança, pois, na realidade, sabe-se que o criminoso continua livre. Não tendo mais nenhum parente na cidade ele se hospeda no imenso e velho hotel do local e ali conhece Jacky, jovem que ali reside há 3 anos e começam uma relação forte e inconstante. Paralelamente ele procura a ex-namorada do passado, hoje ligada a um ator de teatro mambembe do interior. Trata-se de um filme sobre a inconstância, sentimentos, sobre os temas da vingança e do amor. Vou aguardar que tudo dê certo, e meus atores preferidos para os papéis são Alexandre Borges, Juliana Didone e Othon Bastos, além de David Cardoso em um papel duplo no final inesperado.