Doc
Comparato
Roteirista
Em
1982, você escreveu, em parceria com Aguinaldo Silva, a primeira minissérie exibida
pela TV Globo, a premiada Lampião
e Maria Bonita. Esse projeto rendeu inúmeros elogios da
crítica especializada (ganhando prêmios como o da Associação Paulista de
Críticos de Arte e a medalha de ouro no Festival Internacional de Nova York)
e foi um sucesso de público. Esse trabalho rendeu o convite para trabalhar pela
primeira vez com Os Trapalhões.
Como foi repensar a história de Lampião e Maria Bonita para Os Trapalhões no
cinema?
Sem
problemas. Escrevo e tenho publicados livros infantis como Nadistas e Tudistas e
A Íncrível Viagem.
Estou acostumado a escrever para crianças e adolescentes.
Já ganhei até o prêmio Zilka Salaberry
de teatro infantil. Então, não tive
problemas em adaptar a história de Lampião para crianças.
Antes
de iniciar essa parceria profissional com Os Trapalhões, você
já acompanhava os seus filmes?
Sim.
Que
tipo de cautela você teve para que o filme não virasse um repeteco da
minissérie?
Respeitando
o público. Criança não é sinônimo de idiota. O filme ganhou o festival para
filmes infantis e adolescentes em Tomar, Portugal. E foi exibido na Europa.
Em
O Cangaceiro Trapalhão,
vocês contaram com um time repleto de estrelas. Tânia Alves e Nelson Xavier
repetem o casal de protagonistas da minissérie, mas o filme conta também com
Regina Duarte, Tarcísio Meira, Bruna Lombardi, José Dumont e Cininha de Paula.
Como é trabalhar em uma produção com tanta estrela? O roteiro ganha o quê com a
escalação dessas estrelas?
O
filme cresce, quando tem uma boa escalação.
Nesse
filme você faz uma rápida aparição como ator. Como foi isso para você?
Uma
inesquecível experiência. Descobri que a minha verdadeira vocação é ser ator.
Mas, afinal, o roteirista vive todos os papéis.
Quais
as suas maiores recordações desse filme?
A
rodagem. Tudo foi muito agradável. Saudades.
Como
foi a sua relação com o quarteto?
Muito
boa. Almoçava no trailer dos Trapalhões.
Fui tratado com enorme carinho.
Quais
os maiores desafios, quando se escreve um roteiro voltado para o público infantil?
Respeitar
a inteligência e a percepção infantis.
1983
marcou a ruptura dos Trapalhões.
De um lado ficou Renato Aragão, que filmou O Trapalhão na Arca de Noé;
e de outro, na DeMuZa, ficaram Dedé, Mussum e Zacarias, que filmaram Atrapalhando a Suate.
Você voltou a trabalhar com Renato Aragão. Como e em que circunstância recebeu
o convite para roteirizar O
Trapalhão na Arca de Noé?
Foi
o resultado do primeiro filme.
É
verdade que Renato Aragão queria fazer o melhor filme da sua carreira em O Trapalhão na Arca de Noé,
para mostrar ao Dedé, Mussum e Zacarias que poderia ter uma
trajetória sem os três?
Não
estou ciente disso.
O Trapalhão na Arca de Noé foi
um dos maiores desafios da sua trajetória profissional, tendo em conta que
tinha que pensar em um filme sem os outros três Trapalhões?
Não,
já que um filme pode ter um protagonista ou vários.
Quais
as suas principais recordações dos bastidores de filmagem desse filme?
Excelentes.
O clima da filmagem foi muito tranquilo.
Qual
a importância destes trabalhos com Os
Trapalhões na sua trajetória profissional?
Cada
trabalho soma uma nova experiência. Cada desafio, um aprendizado.
Quem
era o maior comediante do grupo?
Como
toda trupe circense, eles faziam “escada”
para o Renato e também entre eles.
Renato
Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Não
me consta. É normal que dê uma olhadinha.
Por
que os filmes dos Trapalhões conseguiram
cativar tantas gerações?
O
sucesso é um mistério.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Não me consta. O Cangaceiro Trapalhão recebeu até prêmios no exterior.