Edgar
Moura
Diretor de fotografia
Você
tem no currículo mais de quarenta longas-metragens. Sua estreia na direção de
fotografia foi em A Queda (1976),
dirigido por Ruy Guerra. Quando e em que circunstâncias recebeu o convite para
ser diretor de fotografia dos filmes dos Trapalhões?
Um
filme leva a outro. Com Ruy Guerra como diretor, filmei com Carvana como ator.
Com Carvana como diretor, filmei com Daniel Filho como ator. Com Daniel Filho
como diretor, filmei com Renato Aragão como ator. Com Renato Aragão como
produtor, filmei com Carlos Manga como diretor e Pelé como ator. Com Pelé como
produtor...
Você
foi cartunista, colunista e fotógrafo de O Pasquim, entre os
anos 1973 e 1986. O humor de O
Pasquim era completamente diferente do humor dos Trapalhões. Gostaria
que comentasse a respeito.
Não
se cruzaram. Nem entrevista com Renato Aragão O
Pasquim fez.
O Cangaceiro Trapalhão,
seu primeiro filme com o quarteto, foi todo inspirado na minissérie Lampião e Maria Bonita.
Para você, como diretor de fotografia, qual foi o maior desafio nesse filme?
Não parecer uma repetição do que foi exibido na televisão ou buscar novos
aspectos a respeito da história?
Ao
contrário, as referências eram procuradas e bem-vindas. Atores da série
trabalharam também no filme. Nelson Xavier, por exemplo.
Você
se formou pelo Institut National Supérieur des Arts du Spetacle de Bruxelas,
Foi professor colaborador de Fotografia de Cinema na UFF (Universidade Federal
Fluminense) e no Instituto Nacional de Cinema de Moçambique, além de viver e
trabalhar com cinema por muitos anos. Com toda essa vivência e conhecimento, gostaria
que definisse o cinema dos Trapalhões.
Os
filmes dos Trapalhões não
eram cinema além do suporte físico. A maior ligação com o cinema eram as paródias.
O Cangaceiro Trapalhão levava
isso ao extremo, ao parodiar não só a minissérie da tevê como cenas explícitas
de filmes como Meu Ódio Será Tua Herança,
a saída das piscinas tipo Esther Wlliams ou a casa sem gravidade de 2001 – Uma Odisseia no Espaço etc.
No
decorrer de sua carreira cinematográfica, você estabeleceu duradouras parcerias
junto a cineastas como Ruy Guerra, Tizuka Yamasaki e Moacyr Góes. Por que
trabalhou pouco com Os Trapalhões?
Daniel
Filho e Carlos Manga fizeram filmes melhores dos Trapalhões, com
técnicos mais caros, que nem por isso renderam mais dinheiro. A experiência
acabou por aí.
Renato
Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Os
dois diretores com quem trabalhei nos filmes dos Trapalhões, Daniel
Filho e Carlos Manga, foram contratados para revolucionar os filmes dos Trapalhões. Eles
tiveram controle completo do processo. A bilheteria desses filmes não foi diferente
da dos outros filmes dos Trapalhões.