quinta-feira, 28 de agosto de 2014

5 Estrelas da Boca: Noelle Pine

Noelle Pine no programa "Chuva de Estrelas" (Tele 5), na Espanha.

Um a um, fale destes trabalhos:

Com Los Pelos
Com los pelos de punta é uma comédia de minha autoria, escrita em espanhol, que fiz na Espanha, está registrada lá na Sociedade de direitos intelectuais de Madrid, e apresentamos em alguns Teatros de Andaluzia.

O Pranto da Virgem Maria
Foi a minha primeira peça de teatro profissional, uma peça sacra, onde tive que, ousadamente, cantar, Ave Maria de Gounod...rs 

Dizem que sou bem afinadinha, mas cantar uma ópera, realmente foi muito atrevimento... Nunca desisti de nada sem tentar, e acho que valeu a experiência. Ademais, o diretor dessa peça foi também meu professor de teatro e, posteriormente, meu marido...rs Fiz também outra peças sacras e uma freira num seriado da TV Espanhola.

Fale do CD gravado. O que te levou a querer gravar um CD?
A música sempre me fascinou; tanto que gosto de todo tipo de música: de ópera a forró. Penso como Paul McCartney quando diz que só há dois tipos de música: a boa e a ruim. Componho algo e estive para gravar com a RCA, um CD com composições minhas e melodia minha e do Hélio Satesteban, um dos componentes do grupo "Pholhas", que para quem não sabe foi um dos grupos mais famosos da década de 70/80. Hoje eles são donos do maior estúdio de gravação de São Paulo, onde gravam os grandes astros de nossa música: De Zezé de Camargo, Roberto Carlos e Paula Fernandes.

Por incrível que pareça, nosso projeto foi vetado pela censura (maldita) porque minhas letras tinham um teor sensual e um dos títulos era, ‘Fuzarca no Paraíso’...Nunca vou me esquecer disso...rs  Também tinha um noivo hiper ciumento na época, e quando o Hélio me ligava pra irmos pro estúdio, ele atendia e o admoestava. Com tantos inconvenientes, o projeto foi esfriando e a RCA desistiu. Eles pensavam fazer de mim uma nova Gretchen, com letras e rebolado sensual, mas me atrevi e mexi com a Igreja em duas das minhas letras... Rs... (Não era pra ser...).

Então o fato de gravar o CD para aquele trabalho na Espanha, não era novo pra mim, inclusive compus as músicas, letras e melodia e também fiz segunda voz em algumas. Tenho uma no CD que se chama "Balada para John Lennon", que é a minha preferida e quem a conhece sempre me pede para tocá-la. Também toco violão e guitarra. ‘Se cuida Dire Strait’...rs

Como havia o seu trabalho como cantora?
Modéstia a parte, acho que tenho bom ouvido pra música, canto afinadinho, mas me considero só uma atriz que canta, e não o contrário. Também acho importante para o ator tentar aprender sempre para não se limitar à hora de assumir um determinado papel.  Saber dançar, cantar e ter outras habilidades te abre esse leque de possibilidades. Nos Estados Unidos isso tem muita relevância. O Antonio Banderas, por exemplo, ‘explodiu’ em fama quando fez o filme ‘Evita Peron’. Na Espanha ninguém sabia que ele cantava.

Comente a respeito do seu trabalho em ‘Vidas Roubadas’, no SBT.    
Foi a novela que fiz no SBT, fazia o papel de Joana, personagem que é assassinada pelo marido e logo a trama gira em torno desse assassinato. Tinha carteira assinada, convênio médico, coisas que não tínhamos na indústria do cinema. Esse trabalho me rendeu depois trabalhos nos humorísticos da casa , como  o Programa Moacir Franco, Bozo, e uma série que fiz que se chamava,  "A criada mal criada", que foi exportada para o México.

Como é para uma atriz, marcada por grandes papéis no cinema, atuar em uma telenovela?
Olha, a linguagem é bem diferente. Televisão é tudo muito veloz, muito ‘industrializado’, você trabalha pra uma infinidade de ’patrões’ que são os patrocinadores; aquela coisa estressante de tem que agradar se não sai do ar...rs...  Mas por outro lado, evidentemente, te dá mais projeção, porque você entra na casa das pessoas todos os dias sem pedir licença. Em Hollywood, um ator de cinema pode ser tão famoso quanto um de TV, mas aqui, que temos a cultura de nos sentarmos na sala e esperar que nos tragam a única diversão a que temos acesso por motivos óbvios, nem poderia ser diferente.

Como foi seu trabalho nos humorísticos no SBT?
Muito válido, porque aprendi com grandes profissionais como Antonino Seabra, Moacir Franco, Valentino Guzzo, e vi que fazer comédia é paradoxalmente bem duro... Fazer com que as pessoas esqueçam suas mazelas e riam até das próprias desgraças é um mérito que nem todo ator tem. Também havia aqueles esquetes em que é difícil conter o riso...Muito legal mesmo.

A sua relação com a Espanha, conte a respeito.
Foi uma experiência maravilhosa em vivências boas e ruins, mas que sempre culmina com o aprendizado e, consequentemente o crescimento pessoal, profissional e, sobretudo, espiritual. Todo ser humano deveria experimentar ser o forasteiro em outro lugar para poder valorizar aquilo que se tem tão próximo. Tive momentos em que a saudade, traduzida em lágrimas, quase podia encher o oceano que cruzei para chegar lá. Mas têm coisas da cultura Espanhola que gostaria muito que incorporássemos à nossa. Aprendi o que é o enraizamento de uma cultura em um povo e o que isso representa para o desenvolvimento de uma nação. Mas também aprendi que não há nenhum paraíso na Terra. Todos nós estamos aqui nessa Nave de mistérios e o ideal seria que falássemos todos nós a mesma língua, em todos os sentidos. Me casei lá, me descasei, me nacionalizei e conheci pessoas tão maravilhosas que a amizade perdura até hoje, independentemente da distância geográfica. Sinto muita falta, principalmente do acesso que as pessoas têm à cultura: Ver bons espetáculos, teatro, cinema, grandes musicais e ter países a tão curta distância com cultura da mais diversificada também ajuda nesse sentido. Adoro o idioma Espanhol e assisto sempre os canais de lá para não perder a prática...Olé...rs