ALCIONE
MAZZEO
Atriz
Você
trabalhou com Os Trapalhões no
filme O Incrível Monstro Trapalhão.
Como e por quem recebeu o convite para trabalhar com eles?
Foi
o Renato Aragão quem me convidou para fazer a mocinha do filme. Nessa época, eu
também gravava o programa dos Trapalhões
na TV Globo.
Que
representava, naquele período, trabalhar em um filme com Os Trapalhões?
Era
da maior importância para qualquer atriz; e, para mim, muito especial, pois,
além de trabalhar com o grupo de maior sucesso no mundo infantil, tinha grande afeto
por eles. Senti-me homenageada, ao ser escolhida para fazer a mocinha do filme,
ao lado do Didi.
Onde
essa produção foi filmada?
No
autódromo de Interlagos e no Playcenter, o saudoso parque de diversões, em São
Paulo.
Durante
as filmagens havia muita improvisação?
Sempre!!
Eles eram muito criativos e novas ideias não paravam de surgir.
Quais
as recordações que possui do filme?
As
melhores possíveis. Tudo realizado sempre na maior alegria e vitalidade!! Muito
divertido trabalhar num mundo mágico, que é um parque de diversões, apoiados
numa excelente equipe técnica, com colegas amorosos e talentosos como Eduardo
Conde e Felipe Levy. As cenas no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, atraíam
muitos expectadores, a maioria jovens. Nessa época, eu tinha uma imagem sexy,
por ter sido modelo, capa da Ele Ela,
Playboy,
entre outras revistas do gênero. Só que sou muito simples e aparecia de
sandalinha baixa, jeans,
sem maquiagem, cumprimentando todo mundo. O público estranhava...
Como
foi o seu contato com o quarteto?
Eles
sempre foram muito carinhosos e cuidadosos comigo!! Guardo até hoje uma
ametista que o Zacarias me deu. Mussum e Zacarias brincavam sempre. Nunca os vi
reclamar, fofocar ou se queixarem. Didi e Dedé já eram mais sérios; mas o
astral do grupo sempre foi alto, sempre positivo!
Quais
as lembranças da direção do cineasta Adriano Stuart, nessa produção? Como ele
conduzia todo o processo fílmico?
Já
havia trabalhado noutros filmes com o Adriano; mas nesse ele estava mais brincalhão,
super à vontade com as cenas de corrida, tombos e brigas, já que tinha vasta
experiência no humor pastelão e estava muito acostumado a dirigir Os Trapalhões.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia, rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Puro
preconceito!! A situação está bem melhor agora. O humor está em alta; mas, até
pouco tempo atrás, as pessoas viam o gênero como algo menor. Os atores da linha
de shows também
não eram valorizados, nem pelos próprios colegas, gerando a necessidade de se
migrar para o Drama, a fim de ganhar respeitabilidade. No entanto, é muito difícil
fazer rir, é preciso excelente timing!!
E, em geral, os atores de Comédia brilham em papéis sérios, como o Chico
Anysio, no filme Tieta do Agreste.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Ingênuos,
românticos.
Gostaria
que contasse alguma curiosidade ou fato que tenha presenciado como testemunha
ocular.
Tanto
tempo... difícil lembrar!! Mas algo que lembro até hoje é que todos ficamos
hospedados no mesmo hotel, num lugar afastado, em São Paulo. Jantávamos todos
juntos, menos o Renato Aragão, que, noutra mesa, negociava com empresários,
arquitetava novos projetos. Impressionava-me
sua mente voltada constantemente para os negócios. Deve ser por isso que é tão
bem-sucedido, realmente não para!! Sou muito grata aos Trapalhões originais:
Didi, Mussum, Zacarias e Dedé Santana, pela oportunidade que tive em trabalhar tantas
vezes com eles, por tudo que aprendi e pelo carinho com que sempre me trataram.
Gostaria muito que a imagem deles ficasse preservada na imaginação do público brasileiro!
Viva Os Trapalhões!!
Alcione Mazzeo nos bastidores com Os Trapalhões.