ALOYSIO
COMPASSO
Técnico de som
Você
trabalha como técnico de som desde a década de 1980, tendo trabalhado em quase
quarenta filmes, entre curtas e longas-metragens e documentários para a tevê.
Você trabalhou com Nelson Pereira dos Santos, Fábio Barreto, Ruy Guerra, Lauro
Escorel, Sérgio Rezende, José Padilha, entre outros. É possível fazer um
comparativo entre o método de trabalho desses profissionais citados e o de Os Trapalhões?
Comecei
a minha carreira, como assistente de som/microfonista, no filme Uma Vez Flamengo, de
Ricardo Solberg, no ano de 1977. Fiquei nesta função por dez anos; e, durante a década de 1980, mesmo
trabalhando nessa função, já era chamado para
assinar como técnico de som de alguns longas-metragens dos diretores acima citados, com diferentes estilos de
trabalho, do longa-metragem ao Documentário.
No caso da linha dos Trapalhões,
a diferença era por serem comédias infanto-juvenis.
Como
surgiu o convite para trabalhar com Os
Trapalhões?
Ainda
como assistente/microfonista, fui convidado pelo técnico de som Cristiano Maciel
(Crico), para o projeto de dois longas-metragens dirigidos por José Alvarenga Júnior,
diretor que conhecia desde Memórias do Cárcere,
de Nelson Pereira dos Santos.
Antes
de iniciar essa parceria profissional com Os Trapalhões, você
já acompanhava os seus filmes?
Na
época, eu tinha vinte e poucos anos; eu os assistia, desde a infância.
Quais
as suas principais recordações dos bastidores de filmagens com Os Trapalhões?
Alegria
e improvisação do trio. Nesse momento, o Zacarias, já havia falecido.
Que
era lhe passado em termos de necessidades específicas em relação ao som dos filmes
do quarteto? Como era o seu processo de trabalho nesses filmes?
Perfil
chegando perto do documental. Interferência mínima, para não prejudicar o
improviso, típico do estilo Comédia.
Renato
Aragão, Dedé, Mussum e Zacarias tinham como característica a irreverência. Até
nos bastidores das filmagens, eles brincavam muito. Isso procede? As filmagens
eram descontraídas?
Descontração,
durante e após as filmagens... Mussum chegou a “aprontar” uma piada comigo, em
um jornal da cidade de Manaus. Uma piada impublicável!!!
Como
era o seu contato com o quarteto (Didi, Dedé, Mussum e Zacarias)?
Didi,
Dedé e Mussum: admiração, respeito e cortesia...
Que
representava, naquele período, trabalhar num filme dos Trapalhões, que eram certeza
de sucesso de bilheteria?
Pela
trajetória deles, a responsabilidade de um trabalho com qualidade.
Os Trapalhões e a Árvore da Juventude e
O Mistério de Robin Hood foram
os filmes que você trabalhou com o quarteto. Quais as suas principais recordações
desses dois filmes?
Os Trapalhões e a Árvore da Juventude:
as locações na cidade de Manaus. O
Mistério de Robin Hood: a presença de Xuxa
Meneghel.
Quem
era o maior comediante do grupo?
Não
consigo apontar um, todos se completavam.
Renato
Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Procede;
e, como também era o produtor, quando não podia, em razão do programa de
televisão, estava ciente do que acontecia durante as filmagens.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Preconceito
à comedia infanto-juvenil.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
A
verdadeira diversão cinematográfica.
Os Trapalhões sempre
“brincaram”
em parodiar filmes e clássicos estrangeiros de sucesso para o cinema. Que pensa
a respeito dessa linha que eles seguiram?
E
por que não? Filmes estrangeiros também utilizam dessa “linguagem”. Melhor que
assistir a Os Mercenários e
Velozes e Furiosos 5 –
Operação Rio num
Brazil ficcional.
Gostaria
que contasse alguma curiosidade ou fato desconhecido do público que tenha
presenciado como testemunha ocular.
O
artigo do jornal local de Manaus... Mas, infelizmente, não poderei contar!!! Éramos,
em média, cinquenta técnicos, para as filmagens e impressionava-me a equipe que
acompanhava a Xuxa, com mais de trinta pessoas exclusivamente do staff dela...