ANDRÉ
SEGATTI
Ator
Renato
Aragão, em toda a sua trajetória na televisão e no cinema, trabalhou com galãs
(Mário Cardoso, Francisco di Franco etc.). Seu personagem, o Didi, era sempre
um aliado desses galãs e, ao mesmo tempo, um contraponto, disputando com ele o
amor da mocinha. Quando você foi chamado para trabalhar em A Turma do Didi, era
essa ideia da sua função no programa?
O
meu primeiro contato com o Renato Aragão se deu quando ele mandou me convidar
para fazer uma participação em um esquete com ele, Assalto à Própria Casa. Depois desse, fiz
mais alguns, que, graças a Deus, deram muito certo; e rolou a famosa química
entre nós e nosso trabalho. Tudo foi acontecendo muito naturalmente.
Posteriormente a isso, ele criou A Turma
do Didi e convidou-me para estar ao seu lado. Foi
tudo muito perfeito e maravilhoso. Permaneci por quase quatro anos sendo seu
braço direito, em A Turma do Didi.
Para
os fãs mais nostálgicos, A
Turma do Didi era uma heresia. Não imaginavam Renato
Aragão contracenar sem os seus principais parceiros. Qual era a crítica mais
comum que ouvia naquela época?
Jamais
ouvi qualquer tipo de crítica nesse sentido ou sofri qualquer tipo de
comparação. Isso nunca aconteceu. Creio que todos entenderam que estávamos em um
outro momento de trabalho; e, principalmente, que o Renato Aragão, após as
tristes perdas de seus amigos e companheiros de trabalho, estava, sim,
reinventando-se e trabalhando para se sentir vivo como sempre!
Você
chegou a ser comparado com o Dedé Santana?
Nunca
houve nenhum tipo de comparação com o Dedé Santana, embora as nossas funções
dentro do programa fossem de certa forma parecidas – o galã e melhor amigo
sempre dando suporte ao Didi e tirando-o das confusões.
Logo
depois, você foi convidado para protagonizar, ao lado de Renato Aragão, o filme
O Trapalhão e a Luz Azul. Como
surgiu essa oportunidade?
Isso
foi incrível. Foi um momento único e muito mágico em minha carreira, pois
sempre admirei o Renato Aragão desde de muito pequeno. Comecei minha carreira
aos sete anos de idade e sempre sonhei em um dia estar ao lado dele e
principalmente fazendo seus filmes. E, graças a Deus, isso aconteceu. A
oportunidade veio através de um convite do próprio Renato, que lutou e brigou
por mim para eu estar ao seu lado!!!
Você
acompanhava os filmes dos Trapalhões,
quando criança?
Sempre
acompanhei o programa dos Trapalhões e
também assisti a todos os seus filmes, pois, como disse, comecei muito novo minha
carreira e com o desejo de um dia estar ao lado do Renato Aragão.
Como
foi pra você contracenar com ele no cinema?
O
Renato Aragão para mim sempre foi um ídolo, e estar ao seu lado por quatro anos
foi, na verdade, um Doutorado. Ter tido a oportunidade de ser protagonista ao
seu lado foi espetacular. Renato é por demais generoso e tem um coração de gigante,
sempre proporcionando o melhor do melhor a todos à sua volta. E trabalhar com
ele tanto no cinema quanto na televisão foi demais, foram anos extraordinários de
muito crescimento e vivências maravilhosas.
Renato
Aragão sempre disse que a sua maior paixão é o cinema. Você trabalhou com ele
tanto na televisão quanto no cinema. Era perceptível que no set ele se “transformava”, era
mais feliz fazendo cinema?
Na
verdade, sempre vi o Renato Aragão com uma energia ímpar e muito positiva, tanto
no teatro, na televisão ou cinema, pois tive o privilégio de trabalhar com ele
nos três veículos. Sempre o vi com muita alegria e satisfação nos três lugares.
Dedé
Santana e Renato Aragão se reencontraram nesse filme, depois de muitos anos sem
trabalharem juntos no cinema. Que você presenciou nesse reencontro?
Verdade.
Esse foi um momento muito especial, em que houve um reencontro não só
profissional, mas também entre amigos. Foi lindo demais ver os dois novamente juntos,
e eu ali no meio dessas feras. Foram momentos geniais de muita diversão e
emoção que vivemos nessa época.
Dedé
Santana chegou a dirigir alguns filmes dos Trapalhões. Qual a
percepção a respeito dele?
Dedé
Santana é um ser humano incrível, muito talentoso e extremamente simples. Ficamos
amigos logo de cara, assim que o conheci no filme O Trapalhão e a Luz Azul.
Outro
nome importante na trajetória dos Trapalhões,
embora sua presença fosse quase nula no cinema, é Roberto Guilherme. Renato o
tem como um grande amigo. Como era o Roberto nas filmagens?
Roberto
Guilherme é uma figura, um cara muito alto astral, muito brincalhão, cheio de
talentos. Sempre foi uma grande honra estar ao seu lado e de todos os demais.
Eu convidei o Roberto para estar ao meu lado na comédia Toda Donzela Tem um Pai Que É uma Fera,
que produzi e dirigi. Foram meses sensacionais de muita diversão.
Que
representa para a sua carreira ter trabalhado com Renato Aragão, Dedé Santana e
Roberto Guilherme?
Significa,
de verdade, que me sinto completamente abençoado por Deus, pois tive a honra e
o privilégio de viver, como poucos, essa experiência única ao lado dos que
sempre admirei e acompanhei desde criança. Renato Aragão, Dedé Santana e
Roberto Guilherme são pessoas muito especiais, donos de um talento e um carisma
ímpar. Fui, sou e sempre serei eternamente grato a Deus por essa linda
oportunidade em minha vida! Amo demais os três, eles estarão sempre em meus
pensamentos e em meu coração. Têm meu respeito e total admiração!
Esse
filme é a estreia de Lívian Aragão. Renato já estava pavimentando o caminho dela
para a área artística? Você tem acompanhado a evolução dela como atriz?
A
Livinha atriz havia acabado de nascer na época do filme. Foi tudo muito
perfeito; e sua participação só veio a acrescentar em nossas filmagens, pois o
Renato vivia sorrindo pelos cantos com sua bebezinha linda. Com certeza, foi
ali que tudo começou para ela, fico muito feliz em vê-la hoje com sua linda
carreira em movimento, crescendo e brilhando a cada segundo. Desejo sempre o
melhor do melhor de Deus a todos daquela maravilhosa família, pois eles sempre
foram maravilhosos comigo.
O Trapalhão e a Luz Azul foi
bem nas bilheterias. Por que você não trabalhou mais com Renato Aragão no
cinema?
Acredito
que tudo na vida tenha um propósito e um momento certo. Creio que os meus
maravilhosos momentos ao seu lado foram tão geniais que supriram todas as
necessidades. Tive uma história linda ao seu lado, com começo, meio e fim; e;
assim sendo, sinto-me muito feliz por tudo que vivi, realizei e aprendi ao seu
lado.
Pode
me contar uma história inédita, que tenha presenciado como testemunha ocular,
envolvendo bastidores de filmagem desse filme?
Renato
Aragão é uma pessoa extremamente justa, que odeia indiferenças e maus tratos.
Sempre tratou todos com muito respeito, igualdade e dignidade. O que sempre vi
nos bastidores foram atitudes de carinho, companheirismo, ensinamentos e muita
diversão; e, acima de tudo, muita seriedade com todo o trabalho que estava
sendo realizado!