quarta-feira, 1 de março de 2017

Os Trapalhões: Amanda Acosta


AMANDA ACOSTA
Atriz

Você atuou no filme A Princesa Xuxa e Os Trapalhões. Como e por quem recebeu o convite para atuar nesse filme. Como foi a experiência?
Quem recebeu o convite foi o grupo Trem da Alegria. Não sei quem fez o convite, pois foi acertado diretamente com a nossa empresária na época. Foi uma experiência maravilhosa que tive o privilégio, a honra, o prazer e a alegria de vivenciar. Lembro-me de estar tão feliz fazendo o filme, representando uma personagem, contracenando com os gênios da comédia, do humor brasileiro que tanto amava e admirava, e ao lado da Xuxa, que era a minha fada madrinha.

Você era criança, quando trabalhou nessa produção. Imagino que, durante as filmagens, entre uma cena e outra (a espera é sempre grande), vocês se viravam para fazer o tempo passar. Isso aconteceu?
Sim. Às vezes, esperávamos bastante. Isso acontece. Mas descansávamos, brincávamos, assistíamos às cenas que estavam sendo gravadas.

Que representa para você trabalhar numa produção estrelada pelos Trapalhões, que eram fenômenos de bilheteria?
Representa um dos grandes encontros que tive na minha vida através da arte.

Quem mais a orientou durante as filmagens?
O incrível diretor José Alvarenga Júnior. O Renato Aragão nos ajudava também, quando tínhamos cenas juntos.

A Princesa Xuxa e os Trapalhões é de 1989. Na época, você era uma das estrelas do Trem da Alegria. Quais as suas lembranças dessa produção?
De muito cuidado, respeito, dedicação, paixão, profissionalismo...

O figurino do filme não era dos mais confortáveis, não é?
Não me lembro de me incomodar com a roupa. Estava feliz da vida. Na verdade, não me lembro de me incomodar com nada... a não ser com os mosquitos, quando filmamos no meio da mata.

Como compôs a sua personagem?
Eu era criança e simplesmente embarquei na história que estava sendo contada. Decorava o texto e fazia com verdade.

Quais as lembranças de bastidores do filme? Como foi o seu contato com Os Trapalhões?
Lembro-me das filmagens que foram feitas nas dunas, aquela paisagem... e chegavam os cavalos para a gravação, todos com adereços, e os soldados... Aí, montava- se a cena e filmava... Tudo meio mágico. Filmar no castelo, naquele cenário... A equipe criativa foi maravilhosa. E com Os Trapalhões tínhamos um carinho e uma proximidade grande, porque, antes de aparecermos no filme, já tínhamos nos apresentado no programa deles várias vezes. Tem uma história maravilhosa com o Mussum. Ele, com aquele sorriso característico dele, sempre me chamava de amebinha:
– E aí, amebinha, tudo bem?
E eu sorria para ele e falava:
– Tudo!
E, sempre quando íamos ao programa, ele me chamava de amebinha!
Um dia, estou eu na aula de Ciências e o professor começou a explicar o que era uma ameba; e eu fiquei louca.
Depois no outro dia, o Mussum veio me cumprimentar... e eu logo disse:
– Não me chama de ameba, não, porque eu sei o que é...
E ele, com aquele sorrisão dele, deu uma gargalhada e disse:
– Ih!! Agora que caiu a ficha, amebinha!!
Falou isso rindo. Aí, eu comecei a rir também. Ele era muito divertido! Gênio!

Renato Aragão, Dedé, Mussum e Zacarias tinham como característica a irreverência até nos bastidores das filmagens. Eles brincavam muito. Isso procede? As filmagens eram descontraídas?
Sim, muito!! Era bem divertido, descontraído! Teve uma cena em que o Renato ficava fazendo careta, e a gente começava a rir e não conseguia gravar...

O quarteto, ao lado da Xuxa, eram os maiores chamarizes, naquele momento, para uma produção cinematográfica (sucesso de público entre as crianças, carisma, etc.). Isso acabou acontecendo, já que a bilheteria foi de mais de quatro milhões de espectadores (4.310.000). Sem contar o apelo do Trem da Alegria. Qual a sua análise, hoje, dessa combinação entre Xuxa, Os Trapalhões e Trem da Alegria?
Acho que a história pediu, de uma certa forma, esse encontro! Foi um grande acerto essa combinação.

Na sua opinião, qual era o maior ator do quarteto?
Acho que cada um tinha sua luz e talento genuíno, um fazia “escada” para o outro.

E o maior humorista?
Amo os quatro. Sou fã dos quatro.

Por que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados pelos Trapalhões?
Desconheço essa rejeição; mas, se há, lamento profundamente.

Como classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Clássico do cinema brasileiro, dentro do seu gênero.

Gostaria de saber quais as recordações que você possui de um personagem que era considerado o quinto Trapalhão: Tião Macalé.
Tião Macalé era uma entidade! Um ser autêntico! Lembro que ele ficava louco, quando falavam que ele era torcedor de outro time que não fosse o dele (não lembro quais eram os times). O José Alvarenga Júnior ficava brincando com ele, e ele ficava louco da vida.

Você é mãe. Já assistiu a algum filme dos Trapalhões com o seu filho?
Até agora, só A Princesa Xuxa e Os Trapalhões.

Gostaria que contasse alguma curiosidade ou fato desconhecido do público que tenha presenciado como testemunha ocular.
O dia em que fomos ao trailer do Zacarias para dar de presente o nosso vinil e fomos recebidos pelo Mauro Faccio Gonçalves. Um ser tranquilo, atencioso, delicado, de paz. Foi isso tudo que senti, quando conheci o Zacarias na vida real, fora das histórias. O Zacarias era outro gênio.