AMANDA
ACOSTA
Atriz
Você
atuou no filme A Princesa Xuxa e Os Trapalhões.
Como e por quem recebeu o convite para atuar nesse filme. Como foi a
experiência?
Quem
recebeu o convite foi o grupo Trem da Alegria. Não sei quem fez o convite, pois
foi acertado diretamente com a nossa empresária na época. Foi uma experiência
maravilhosa que tive o privilégio, a honra, o prazer e a alegria de vivenciar.
Lembro-me de estar tão feliz fazendo o filme, representando uma personagem,
contracenando com os gênios da comédia, do humor brasileiro que tanto amava e
admirava, e ao lado da Xuxa, que era a minha fada madrinha.
Você
era criança, quando trabalhou nessa produção. Imagino que, durante as
filmagens, entre uma cena e outra (a espera é sempre grande), vocês se viravam para
fazer o tempo passar. Isso aconteceu?
Sim.
Às vezes, esperávamos bastante. Isso acontece. Mas descansávamos, brincávamos, assistíamos
às cenas que estavam sendo gravadas.
Que
representa para você trabalhar numa produção estrelada pelos Trapalhões, que eram
fenômenos de bilheteria?
Representa
um dos grandes encontros que tive na minha vida através da arte.
Quem
mais a orientou durante as filmagens?
O
incrível diretor José Alvarenga Júnior. O Renato Aragão nos ajudava também, quando
tínhamos cenas juntos.
A Princesa Xuxa e os Trapalhões é
de 1989. Na época, você era uma das estrelas do Trem da Alegria. Quais as suas
lembranças dessa produção?
De
muito cuidado, respeito, dedicação, paixão, profissionalismo...
O
figurino do filme não era dos mais confortáveis, não é?
Não
me lembro de me incomodar com a roupa. Estava feliz da vida. Na verdade,
não me lembro de me incomodar com
nada... a não ser com os mosquitos, quando
filmamos no meio da mata.
Como
compôs a sua personagem?
Eu
era criança e simplesmente embarquei na história que estava sendo contada. Decorava
o texto e fazia com verdade.
Quais
as lembranças de bastidores do filme? Como foi o seu contato com Os Trapalhões?
Lembro-me
das filmagens que foram feitas nas dunas, aquela paisagem... e chegavam os
cavalos para a gravação, todos com adereços, e os soldados... Aí, montava- se a
cena e filmava... Tudo meio mágico. Filmar no castelo, naquele cenário... A equipe
criativa foi maravilhosa. E com Os
Trapalhões tínhamos um carinho e uma proximidade
grande, porque, antes de aparecermos no filme, já tínhamos nos apresentado no
programa deles várias vezes. Tem
uma história maravilhosa com o Mussum. Ele, com aquele sorriso característico
dele, sempre me chamava de amebinha:
– E
aí, amebinha, tudo bem?
E eu
sorria para ele e falava:
–
Tudo!
E,
sempre quando íamos ao programa, ele me chamava de amebinha!
Um
dia, estou eu na aula de Ciências e o professor começou a explicar o que era
uma ameba; e eu fiquei louca.
Depois
no outro dia, o Mussum veio me cumprimentar... e eu logo disse:
–
Não me chama de ameba, não, porque eu sei o que é...
E
ele, com aquele sorrisão dele, deu uma gargalhada e disse:
–
Ih!! Agora que caiu a ficha, amebinha!!
Falou
isso rindo. Aí, eu comecei a rir também. Ele era muito divertido! Gênio!
Renato
Aragão, Dedé, Mussum e Zacarias tinham como característica a irreverência até
nos bastidores das filmagens. Eles brincavam muito. Isso procede? As filmagens
eram descontraídas?
Sim,
muito!! Era bem divertido, descontraído! Teve uma cena em que o Renato ficava fazendo
careta, e a gente começava a rir e não conseguia gravar...
O
quarteto, ao lado da Xuxa, eram os maiores chamarizes, naquele momento, para
uma produção cinematográfica (sucesso de público entre as crianças, carisma, etc.).
Isso acabou acontecendo, já que a bilheteria foi de mais de quatro milhões de
espectadores (4.310.000). Sem contar o apelo do Trem da Alegria. Qual a sua
análise, hoje, dessa combinação entre Xuxa, Os Trapalhões e Trem
da Alegria?
Acho
que a história pediu, de uma certa forma, esse encontro! Foi um grande acerto
essa combinação.
Na
sua opinião, qual era o maior ator do quarteto?
Acho
que cada um tinha sua luz e talento genuíno, um fazia “escada” para o outro.
E
o maior humorista?
Amo
os quatro. Sou fã dos quatro.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Desconheço
essa rejeição; mas, se há, lamento profundamente.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Clássico
do cinema brasileiro, dentro do seu gênero.
Gostaria
de saber quais as recordações que você possui de um personagem que era
considerado o quinto Trapalhão:
Tião Macalé.
Tião
Macalé era uma entidade! Um ser autêntico! Lembro que ele ficava louco, quando
falavam que ele era torcedor de outro time que não fosse o dele (não lembro
quais eram os times). O José Alvarenga Júnior ficava brincando com ele, e ele
ficava louco da vida.
Você
é mãe. Já assistiu a algum filme dos Trapalhões
com o seu filho?
Até
agora, só A Princesa Xuxa e Os Trapalhões.
Gostaria
que contasse alguma curiosidade ou fato desconhecido do público que tenha
presenciado como testemunha ocular.
O
dia em que fomos ao trailer do Zacarias para dar de presente o nosso vinil e fomos
recebidos pelo Mauro Faccio Gonçalves. Um ser tranquilo, atencioso, delicado, de
paz. Foi isso tudo que senti, quando conheci o Zacarias na vida real, fora das
histórias. O Zacarias era outro gênio.