BENÍCIO
Cartazista, ilustrador
Como
surgiu o primeiro convite para trabalhar com Os Trapalhões? Eles
já tinham referência do seu trabalho. Por isso, o contato?
Surgiu
devido ao meu trabalho com cartazes de cinema já estar consolidado.
Seu
trabalho tem uma característica sensual muito forte. O senhor retratou grandes mulheres
do cinema nacional em imagens definitivas que hoje se tornaram clássicas. Como
é desenvolver cartazes para o público do cinema infantil? Quais as preocupações
que se deve tomar, especialmente nos filmes dos Trapalhões?
Focar
a ilustração mais para o lado da ação e evitar o erotismo.
Os Trapalhões fizeram
mais de quarenta filmes. Destes, qual é o cartaz que considera o mais genial e
o que menos gostou?
O
que eu mais aprecio é de O Cinderelo Trapalhão.
O de A Princesa Xuxa e Os Trapalhões não
aprecio tanto, por ter havido interferência no meu trabalho.
Essa
interferência foi da Xuxa?
A
interferência foi administrativa. A Xuxa tinha um contrato cuja uma das
cláusulas era que só podia ser ilustrada por um profissional determinado por
ela.
A
história que se conta – e só o senhor pode confirmar – é que o único Trapalhão que dava “pitaco” no seu
trabalho era o Dedé Santana, pedindo, entre outras coisas, para deixá-lo
mais bonito do que ele realmente era. Isso procede?
Ele
não dava “pitaco”.
Apenas sugeria que eu o deixasse mais bonito.
Neste
mês de janeiro de 2015, Renato Aragão foi perguntado pela revista Playboy se mudaria algo
em seus filmes se assim pudesse ser feito. E ele disse: “Eu mudaria, sim. Antigamente, nas fotos de cartaz,
botávamos os heróis, os quatro Trapalhões, de revólver na mão. Hoje, eu nunca colocaria uma arma
na mão dos heróis. Isso não pode jamais.”
Gostaria que comentasse essa declaração dele.
Não
me lembro de ter enfatizado em minhas ilustrações armas de fogo nas mãos dos Trapalhões.
O
que significou em sua trajetória artística essa parceria com Os Trapalhões?
Grande parte do sucesso
do meu trabalho devo aos Trapalhões.