CAÍQUE
MARTINS
FERREIRA
Assistente de produção e diretor de produção
Você
começou a trabalhar com Os
Trapalhões no filme que muitos consideram o maior
clássico do quarteto, Os
Saltimbancos Trapalhões. Como surgiu
a oportunidade de trabalhar com eles?
Eu
estava cursando Jornalismo na PUC-RIO e tinha como colega de curso o filho do
Renato, Paulo Aragão. Sabendo da minha vontade de conhecer produção de cinema,
fui convidado por ele a participar da produção do filme.
Sua
função era de assistente de produção. Quais eram as suas funções nessa área?
Como
eu não tinha nenhuma experiência na área, minhas funções eram relacionadas a “ajudar a produzir”, como se
fosse um estágio. Na época, não havia cursos de Cinema; e apenas a prática do
fazer era a escola. Fiz de tudo um pouco e aprendi tudo o que sei a partir da
experiência com eles. Como a R. A. Produções era a produtora, tive oportunidade
de conhecer todas as áreas e fases ligadas à produção de cinema, participando
da pré-produção, filmagens, edição e pós-produção de uma obra cinematográfica.
Que
você fazia antes de trabalhar com Os
Trapalhões?
Cursava
Jornalismo na PUC e havia trabalhado como fotógrafo freelance para uma
publicação semestral ligada ao IBRAPSI (Instituto Brasileiro de Psicologia).
Quais
são as suas principais recordações de trabalho em Os Saltimbancos Trapalhões?
A
maior talvez tenha sido ver de perto como se faz um filme, tudo o que envolve
essa atividade e o enorme trabalho de toda a equipe envolvida. Além disso, ter
participado da gravação e mixagem da trilha sonora do filme foi uma experiência
incrível.
Você
trabalhou diretamente com o Ivan Lins? Chico Buarque chegou a visitar o set de filmagem
para acompanhar também?
Não
que eu me lembre.
Nesse
filme você teve a oportunidade de trabalhar com o cineasta J. B. Tanko, que, apesar
de ter dirigido outros filmes de outros gêneros, ficou marcado mesmo como o
cineasta dos Trapalhões.
Fale a respeito do J. B. Tanko.
Um
diretor muito comprometido com o projeto e conhecedor do público para o qual os
filmes eram feitos. Sabia tomar decisões criativas, levando o público-alvo em
consideração e mantinha uma relação muito próxima aos atores e produção.
Por
que, na sua opinião, J. B. Tanko se deu tão bem com Os Trapalhões?
Tanko
era uma pessoa muito ética e correta, além de conhecer profundamente o grupo.
Acho que esses fatores criaram uma relação de amizade e respeito; e, na minha
opinião, o resultado do bom trabalho dele ajudou a criar um relação duradoura
com o grupo.
No
ano seguinte vocês começam a filmar Os
Vagabundos Trapalhões, que é uma história
mais árida, social. Como foi esse trabalho? Recorda-se onde foi filmado?
As
locações foram todas na Cidade do Rio de Janeiro, salvo engano.
Gostaria
que falasse daquela caverna onde Os
Trapalhões moravam. Como foi o processo de
construção daquele cenário?
A
caverna era uma locação na Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. Não foi montada
em cenário.
Refiro-me
internamente, dentro da caverna. Todas as crianças ficaram com vontade de morar
lá.
O
cenário do interior da caverna, como eu disse. foi criado numa locação na
Floresta da Tijuca e não houve nenhum problema de adaptação do elenco em filmar
lá.
Outro
nome muito caro à história dos Trapalhões
é o ator Carlos Kurt. Ele atua nesse
filme. Fale a respeito dele.
Meu
contato pessoal com Carlos Kurt e, de maneira geral, com o resto do elenco se
dava apenas no set de
filmagem. Carlos era uma pessoa amável e sem “frescuras”,
era também comprometido com o trabalho. Um excelente profissional.
No
mesmo ano vocês lançaram Os
Trapalhões na Serra Pelada. Em termos
de logística, de produção, esse foi o filme mais difícil pra você?
Serra Pelada demandou,
sim, uma logística bastante complexa. Como na época eu ainda era assistente de
produção, não fui para Serra Pelada. Apenas uma equipe reduzida se deslocou
para lá, junto com Os Trapalhões,
para filmar os planos gerais que determinaram o que seria necessário em termos
de construção de cenário para a continuidade das sequências filmadas na região.
Os Trapalhões eram
muito populares à época. Como foi conter o assédio dos garimpeiros, durante as
filmagens?
Não
estava lá, mas imagino a loucura !
Tem
também, no final do filme, uma menção às Forças Armadas. Era uma permuta, em
razão da cessão para as filmagens no Sítio do Capim Melado, no Rio de Janeiro,
cedidas pelo Exército?
Esses
acordos não eram feitos por mim. Não sei responder.
Os Trapalhões na Serra Pelada é,
até hoje, um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema nacional. Trabalhar
com Os Trapalhões
era sucesso garantido?
Os Trapalhões eram
campeões de bilheteria; mas, como tudo na vida, o sucesso nunca era garantido.
Na minha opinião, a qualidade dos filmes e o comprometimento do produto com o
público-alvo era o que garantia o sucesso.
Em
Os Trapalhões na Serra Pelada,
você trabalhou com dois saudosos ícones do cinema nacional: Wilson Grey e
Eduardo Conde. Fale deles.
Minha
relação com o elenco era basicamente durante as filmagens. Eram atores profissionais
e comprometidos com o trabalho.
Em
1993, realizaram O Cangaceiro
Trapalhão, inspirado na história do cangaceiro Virgulino
Ferreira da Silva, também conhecido como Lampião, o Rei do Cangaço. Como foi
trabalhar nessa produção?
Esse
filme talvez tenha sido a maior produção dos Trapalhões,
no que diz respeito a locações, cenas de ação e efeitos especiais. O trabalho
do diretor de arte, Mário Monteiro, foi muito meticuloso e técnico também. A
criação da “casa da bruxa”
(tanto interior como exterior) e a carroça dos Trapalhões ilustram
parte desse trabalho, tanto sob o ponto de vista técnico como de criação.
Lembra
onde a produção foi filmada?
Parte
no interior do Ceará, numa pequena cidade chamada Juatama, próxima a Quixadá, onde
a equipe ficou baseada. Parte no Rio de Janeiro e parte em Itaboraí.
Quais
as dores e as delícias de se trabalhar em locações sem estrutura para filmagem?
O
maior desafio é criar condições para equipe/elenco em locações sem estrutura. É
preciso um maior tempo de preparação, para que essa infraestrutura possa ser instalada.
O prazer de tornar isso possível é exatamente o de se vencer desafios.
O Cangaceiro Trapalhão se
aproveitou do fato de, no ano anterior, a minissérie Lampião e Maria Bonita,
da TV Globo, ter feito sucesso?
Acredito
que sim, mas não acho que foi determinante.
Foi
coincidência ou falta de criatividade o fato de, nesse filme, terem usado os mesmos
protagonistas da minissérie (Tânia Alves e Nelson Xavier), além dos roteiristas
Doc Comparato e Aguinaldo Silva?
Não
chamaria de falta de criatividade... de jeito nenhum. Acredito que a escolha se
deveu ao talento de cada um, principalmente porque a série da tevê não tinha o
caráter cômico do filme.
Esse
filme foi dirigido por Daniel Filho. Como foi trabalhar com ele?
Daniel
é um diretor muito talentoso, competente e criativo. Exigente com sua equipe e
atores e que sempre buscou as melhores parcerias em todas as áreas. O trato
pessoal foi bem tranquilo, nas situações mais difíceis. E, através de seu prestígio
como diretor, trouxe para o filme uma equipe excelente de técnicos e atores.
Por
que J. B. Tanko não prosseguiu com Os
Trapalhões?
Não
sei dizer; e, na verdade, nos próximos anos ele voltou a dirigir os filmes do
grupo.
Em
O Cangaceiro Trapalhão,
vocês contam com um time repleto de estrelas. Além dos já citados Tânia Alves e
Nelson Xavier, o filme conta também com Regina Duarte, Tarcísio Meira, Bruna
Lombardi, José Dumont e Cininha de Paula. Como é trabalhar em uma produção com
tanta estrela?
Talvez
tenha sido a maior produção do grupo. Locações remotas, efeitos especiais e
elenco estrelar exigiram uma produção muito bem planejada e eficiente. Nenhum
dos atores teve um comportamento de “estrela”,
com exigências absurdas. Existe uma grande diferença, na minha opinião, entre
atores “estrelas”
e “profissionais”.
Nosso elenco se comportou o tempo todo de maneira profissional, independentemente
do fato de serem grandes “estrelas”.
Em
alguma filmagem dos Trapalhões,
você se deparou com atores “estrelas”?
Se sim, como lidou com a situação?
Nunca
tive problemas com “estrelismos”.
Renato
Aragão era sempre o dono do filme. Que tipo de suporte ele dava para vocês
lidarem com essas “estrelas”?
Acredito
que a personalidade do Renato ajudava a criar um ambiente tranquilo
com toda a equipe. Ele, dono do filme e
a maior estrela do grupo, se adequava às
condições de produção de forma profissional; e isso dava a todos o tom do
projeto. Não havia exigências fora do
normal. Respeito, condições de trabalho dignas
tanto para o elenco como equipe eram exigidas; mas sem nenhum tipo
de regalias absurdas para ninguém.
A
presença dessas “estrelas”
foi um pedido do Daniel Filho?
Qualquer
escolha de elenco é uma escolha do diretor e produtores. A partir do roteiro,
atores são sugeridos em função dos personagens e da trama. Sem dúvida, o
Daniel, enquanto diretor, teve uma participação muito importante nessas
escolhas; mas, colocá-las como “exigência”,
vai além do que realmente aconteceu. As escolhas e convites foram feitas em
função do roteiro e da qualidade que se buscava para o filme em todos os
sentidos.
Muita
“estrela”
em um filme significa mais dor de cabeça?
Absolutamente,
não. Respeito e condições dignas são as coisas fundamentais para um
relacionamento profissional com qualquer tipo de pessoa.
1983
foi o ano que marcou a ruptura dos Trapalhões.
De um lado ficou Renato Aragão, que filmou O Trapalhão na Arca de Noé;
e de outro, na DeMuZa, ficaram Dedé, Mussum e Zacarias, que filmaram Atrapalhando a Suate.
E você? De que lado ficou?
Continuei
trabalhando na Renato Aragão Produções.
Foi
uma escolha difícil? O fato de ficar de um lado poderia lhe render algum tipo
de inconveniente, boicote, por parte do outro lado?
De
forma nenhuma.
É
verdade que Renato Aragão queria O
Trapalhão na Arca de Nóe fosse o
melhor filme da sua carreira, para mostrar ao Dedé, Mussum e Zacarias que
poderia ter uma trajetória sem os três?
Não
acredito que o Renato tivesse essa preocupação.
A
separação durou poucos meses, e já no ano seguinte o quarteto voltaria e
filmaram Os Trapalhões e o Mágico de Oróz.
É nessa produção que você assumiu a direção de produção dos filmes dos Trapalhões. Como foi
isso?
Acredito
que foi uma transição natural dentro da profissão.
Quem
o promoveu?
Não
lembro; mas, como eu disse, foi uma transição natural.
Quais
as responsabilidades de um diretor de produção?
Comandava a equipe de produção em todos os sentidos; acompanhar, discutir e aprovar, com
a assistência de direção, o plano de trabalho; contratar equipe técnica, elenco,
locações, equipamento; e supervisionar toda a logística de produção/ filmagem,
além de ser responsável pela pós-produção do filme e administrar o orçamento do
filme.
Os Trapalhões e o Mágico de Oróz foi
dirigido por Dedé Santana e Victor Lustosa, outro nome muito importante na
filmografia dos Trapalhões.
Fale a respeito do Victor.
Victor
foi, em muitos filmes do Trapalhões,
um excelente assistente de direção e, por mérito, dirigiu, junto com Dedé, Os Trapalhões e o Mágico de Oróz.
É uma pessoa do mais fino trato e conhecedor dos processos de direção e
produção.
Esse
filme foi realizado pela Renato Aragão Produções em parceria com De-MuZa
Produções. Foi fácil administrar a relação de interesses dessas duas empresas no
filme?
Não
houve nenhum problema.
Tinha
ainda algum resquício de conflito ou tudo já estava superado?
Absolutamente.
Esse
filme é uma paródia do clássico O
Mágico de Oz. Ao fazer uma paródia sempre se corre o
risco de comparações. Até que ponto vale a pena seguir esse caminho?
Por
ser uma paródia, não acho que as comparações façam sentido. Não era um remake.
Gostaria
que falasse a respeito de Arnaud Rodrigues. Ele atuou nesse filme, mas foi
muito mais que isso nos Trapalhões,
não é?
Arnaud
teve uma história longa e muito próxima do grupo. Era muito querido e admirado
por todos.
No
início do filme, uma cena clássica, para mim, em que Tony Tornado interpreta o Carcará.
Como foi o trabalho de produção daquela cena/daquele número musical?
Filmamos
com duas câmeras, grua, carrinho e câmera na mão. Os ensaios aconteceram
antecipadamente... com o coreógrafo que também estava presente na filmagem.
Roberto
Guilherme, apesar de ser um nome constante nos programas da televisão dos Trapalhões, pouco
aparecia no filme. Em Os
Trapalhões e o Mágico de Oróz, ele fez o
papel de um comerciante. Por que Roberto Guilherme não tinha muito espaço nos
filmes?
Não
sei até que ponto concordo com essa afirmativa, já que ele participou de vários
filmes.
Logo
após, vocês lançaram A Filha dos
Trapalhões, filme dirigido por Dedé Santana. Como
era o Dedé na direção?
A
experiência como ator que Dedé tinha, tendo sido dirigido por vários diretores,
deu a ele um entendimento muito claro da função de um diretor. Acho que, como diretor,
foi tão competente quanto como ator.
A Filha dos Trapalhões foi
realmente baseado no filme O
Garoto, de Charles Chaplin, por quem Renato
Aragão tem verdadeira admiração?
Sinceramente,
não sei dizer.
Onde
foi filmado?
Todo
na cidade do Rio de Janeiro, com muitas locações na Barra da Tijuca.
Os Trapalhões no Reino da Fantasia é
um filme ousado. Poucos filmes no Brasil se aventuraram na combinação de
animação (realizadas nos Estúdios Mauricio de Sousa) e live action, com Os Trapalhões em
cena. Conte a respeito dessa produção.
Foi
realmente uma inovação. Vários aspectos técnicos tiveram que ser levados em
conta, e acredito que o resultado ficou acima do esperado.
O
fato de “casar”
uma apresentadora infantil popular com o grupo humorístico de maior sucesso do
país era uma combinação certeira para os filmes?
Certamente
foi uma combinação que beneficiou a todos.
Qual
era a posição do Beto Carrero dentro dos Trapalhões? Ele
participou desse filme. Mas a sua influência era grande. Ia além, não ia?
Não
sei dizer. Minha relação com o Beto dizia respeito apenas aos filmes em que, de
certa forma, ele participava ou apoiava.
Como
era a relação dos Trapalhões com
a Embrafilme?
Os
projetos do grupo eram grandes sucessos de bilheteria, o que proporcionava uma
relação profissional de interesse mútuo.
Celso
Magno, mais conhecido como Baiaco, era o dublê principal do Renato Aragão. Em
que momentos ele era acionado e em que momentos Renato Aragão assumia o risco?
Baiaco
era um grande artista circense; e, quando a cena necessitava de habilidades específicas
de circo ele era acionado. Não era um dublê no sentido de “cenas de risco” . Na grande maioria
das vezes, o próprio Renato atuava; e o Baiaco era responsável por atuar em
situações nas quais a habilidade específica era necessária.
Como
era a relação de trabalho dos Trapalhões
com o artista José Luiz Benício, que
produziu todos os cartazes dos filmes do quarteto?
Uma
parceria em vários trabalhos. Benício conhecia muito bem o grupo e usava seu
talento para transmitir nos cartazes o espírito de cada filme.
Chegamos
ao filme Os Trapalhões e o Rei do Futebol.
Quais as suas principais recordações desse filme?
As
filmagens de segunda unidade para planos gerais, feitas durante o intervalo de um
jogo real entre Flamengo e Vasco, com o Maracanã lotado. Foi uma grande
estratégia de produção que funcionou muito bem na montagem.
Onde
ele foi filmado?
Todo
na cidade do Rio.
Foi
fácil convencer o Pelé a participar do filme?
Não
participei desse acordo, mas acredito que não deve ter sido difícil. O
argumento do filme é assinado por Renato e Pelé; portanto; a parceria vai além
do Pelé como ator.
O
mítico Carlos Manga dirigiu Os
Trapalhões e o Rei do Futebol. De quem
partiu a ideia de convidá-lo? Como foi trabalhar com ele?
O
convite partiu do próprio Renato. Manga era um diretor exigente e muito
competente. Na verdade, trabalhar com profissionais assim não é difícil.
Esse
filme marcou o fim da sua trajetória com Os Trapalhões no
cinema. Por que isso aconteceu?
Após
o lançamento do filme, fiz uma viagem longa para fora do Brasil e no meu retorno
aceitei um convite do Paulo Thiago para fazer a direção de produção do filme Jorge, Um Brasileiro. Acredito
que tenha sido o fim de um ciclo na minha carreira profissional. E aconteceu
naturalmente. Guardo as melhores lembranças e sou muito grato a todos da R. A.
Produções, onde tive a oportunidade de crescer profissionalmente. Sem dúvida, o
período que trabalhei com eles foi uma grande escola e fundamental na minha
vida profissional.
Você
é, certamente, um dos profissionais que mais tempo trabalhou com Os Trapalhões. Como
conseguiu ficar tanto tempo trabalhando com eles?
Na
época, a R. A. Produções produzia dois filmes dos Trapalhões por ano,
todo ano. A continuidade no trabalho com eles se deu de forma natural, a partir
de Os Saltimbancos Trapalhões;
e a oportunidade que me foi oferecida de subir na carreira contribuiu para essa
parceria de muitos anos.
Quem
era o maior comediante do grupo?
Como
grupo, completavam-se; e cada um com suas características e personalidades, contribuía
para o sucesso do grupo.
Renato
Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
O
Renato estava sempre presente em todas as decisões e acompanhava de perto tudo,
mas dava autonomia a cada um dos profissionais que faziam parte de sua equipe.
Acredita
que essa característica de Renato o torna diferente, um profissional de
sucesso?
Profissional
de sucesso, sem a menor dúvida.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Acho
sinceramente que isso mudou. Houve época em que pode ter sido assim, talvez por
ser um cinema de sucesso comercial, voltado para o público. Se foi, acredito
que essa visão tacanha mudou. Basta ver os grandes nomes de artistas, técnicos,
compositores, roteiristas etc. que trabalharam nas produções do grupo.
Você
trabalhou com diversos profissionais técnicos nos filmes dos Trapalhões. Quem você
destacaria, assim como você, como figuras históricas na trajetória cinematográfica
do quarteto?
Infelizmente,
alguns desses técnicos já faleceram; mas eu citaria os seguintes: J. B. Tanko,
Antônio Gonçalves (diretor de fotografia), José Tavares (técnico de som),
Geraldo José (técnico de ruídos de salas), Jaime Justo (montador), Antonio Pacheco
(maquiador), entre outros...