quinta-feira, 1 de junho de 2017

Os Trapalhões: Carla Daniel


CARLA DANIEL
Atriz


Como surgiu o convite para trabalhar com Os Trapalhões?
Na época, eu estava fazendo uma novela e dei uma entrevista à Revista da TV, que me perguntou o que eu sentia falta de fazer. Então, eu disse que queria fazer um filme que fosse para o público infantil, que seria um presente poder trabalhar para eles. E quem virou criança fui eu, quando recebi o convite.

Antes de iniciar essa parceria profissional com Os Trapalhões, você já acompanhava os seus filmes?
Sempre tive um enorme carinho e admiração por eles. E lógico que, vendo seus programas de tevê, não tem como não ser cativado. Sou dessa geração que viu os “Trapa” e a garotada.

Em Os Fantasmas Trapalhões, você é dirigida por J. B. Tanko, o cineasta que mais dirigiu Os Trapalhões. Como foi ser dirigida por ele?
Esse é um dos meus maiores orgulhos e acertos: ser dirigida pelo mestre J. B. Tanko, a história do cinema. Aproveitei cada momento da sua presença. Quando não estava representando, ficava sempre ao seu lado, prestando atenção em tudo, como dirigia, posicionava a câmera. Ele sabia tudo. Era um cavalheiro, sério; porém, doce, competentíssimo. Nesse filme estive com pessoas especiais, muito queridas. E, olhando para trás, vendo na tela, foram tempos maravilhosos, aproveitando cada momento. Deixaram saudade. Afinal, era muita risada!

Recorda-se onde foi filmada essa produção?
Filmamos em um estúdio que tinha na Avenida das Américas. Acredito que onde foi a Tycoon. Posso estar enganada, mas era exatamente naquela área. Filmamos também no castelo que tem na entrada de Petrópolis.

Você não acha que Os Fantasmas Trapalhões era muito soturno para um filme feito para as crianças?
Eu fui na estreia do filme com o filho de uma amiga que era um xodó comigo. Ele assistiu ao filme no meu colo. Em alguns momentos, ele ficou assustado; mas ele era bem novinho. Já as outras crianças que estavam no cinema, ficavam eufóricas, riam, assustavam-se, interagiam, riam de novo. Acho interessante a possibilidade do cinema brincar com as nossas emoções. Começa aí o nosso pequeno espectador!

Nesse filme você teve a oportunidade de atuar ao lado de Wilson Grey, um dos atores mais icônicos da nossa filmografia. Que tem a falar a respeito dele?
Trabalhei com ele várias vezes. Afinal, qual filme nacional de toda uma época que o Wilson Grey não participou? Maravilhoso! Merece milhões de homenagens! Só sei que não tem uma pessoa que, quando diz o seu nome, não fale com respeito, admiração e carinho.

Outro nome importante na história dos Trapalhões é Dino Santana, irmão de Dedé Santana. Como foi trabalhar com ele?
Convivi muito pouco com ele. Tive muito mais contato com Dedé Santana. Esse, sim, trabalhou muito com meu pai, quando os dois começaram.

Quais as suas principais recordações dos bastidores de filmagens desse filme?
Na minha cabeça vêm imagens... Mussum me apresentando um pote de pitangas. Foi a primeira vez que comi essa fruta. Como o Mussum gostava de pitangas... O Dedé me contando suas histórias da época de circo; conversas de espiritismo com Zacarias, que era muito espiritualizado. Sr.Tanko, atrás de mim, dizendo para mim: “Ruth (Ruth era o nome do meu personagem) decotee!!!!” (como eu tinha emagrecido bastante na época, o personagem tinha que ter seios fartos e rebolar bastante; então, ele falava isso, e eu começava a rebolar!); José Alvarenga Júnior, nosso outro diretor, sempre atencioso; e o Renato, sempre tímido, quando não estava filmando, mas, se começasse uma prosa, ele ia!

Que representava, naquele período, trabalhar num filme dos Trapalhões, que eram certeza de sucesso de bilheteria?
Quando o filme estreou é que tive maior noção, porque, até então, eu só imaginava. Engraçado que as crianças viam mais de uma vez...