CARLA
DANIEL
Atriz
Como
surgiu o convite para trabalhar com Os
Trapalhões?
Na
época, eu estava fazendo uma novela e dei uma entrevista à Revista da TV, que me
perguntou o que eu sentia falta de fazer. Então, eu disse que queria fazer um
filme que fosse para o público infantil, que seria um presente poder trabalhar para
eles. E quem virou criança fui eu, quando recebi o convite.
Antes
de iniciar essa parceria profissional com Os Trapalhões, você
já acompanhava os seus filmes?
Sempre
tive um enorme carinho e admiração por eles. E lógico que, vendo seus programas
de tevê, não tem como não ser cativado. Sou dessa geração que viu os “Trapa” e a garotada.
Em
Os Fantasmas Trapalhões,
você é dirigida por J. B. Tanko, o cineasta que mais dirigiu Os Trapalhões. Como
foi ser dirigida por ele?
Esse
é um dos meus maiores orgulhos e acertos: ser dirigida pelo mestre J. B. Tanko,
a história do cinema. Aproveitei cada momento da sua presença. Quando não
estava representando, ficava sempre ao seu lado, prestando atenção em tudo, como
dirigia, posicionava a câmera. Ele sabia tudo. Era um cavalheiro, sério; porém,
doce, competentíssimo. Nesse filme estive com pessoas especiais, muito queridas.
E, olhando para trás, vendo na tela, foram tempos maravilhosos, aproveitando cada
momento. Deixaram saudade. Afinal, era muita risada!
Recorda-se
onde foi filmada essa produção?
Filmamos
em um estúdio que tinha na Avenida das Américas. Acredito que onde foi a
Tycoon. Posso estar enganada, mas era exatamente naquela área. Filmamos também
no castelo que tem na entrada de Petrópolis.
Você
não acha que Os Fantasmas Trapalhões era
muito soturno para um filme feito para as crianças?
Eu
fui na estreia do filme com o filho de uma amiga que era um xodó comigo. Ele assistiu
ao filme no meu colo. Em alguns momentos, ele ficou assustado; mas ele era bem
novinho. Já as outras crianças que estavam no cinema, ficavam eufóricas, riam,
assustavam-se, interagiam, riam de novo. Acho interessante a possibilidade do cinema
brincar com as nossas emoções. Começa aí o nosso pequeno espectador!
Nesse
filme você teve a oportunidade de atuar ao lado de Wilson Grey, um dos atores mais
icônicos da nossa filmografia. Que tem a falar a respeito dele?
Trabalhei
com ele várias vezes. Afinal, qual filme nacional de toda uma época que o
Wilson Grey não participou? Maravilhoso! Merece milhões de homenagens! Só sei
que não tem uma pessoa que, quando diz o seu nome, não fale com respeito,
admiração e carinho.
Outro
nome importante na história dos Trapalhões
é Dino Santana, irmão de Dedé Santana.
Como foi trabalhar com ele?
Convivi
muito pouco com ele. Tive muito mais contato com Dedé Santana. Esse, sim,
trabalhou muito com meu pai, quando os dois começaram.
Quais
as suas principais recordações dos bastidores de filmagens desse filme?
Na
minha cabeça vêm imagens... Mussum me apresentando um pote de pitangas. Foi a
primeira vez que comi essa fruta. Como o Mussum gostava de pitangas... O Dedé
me contando suas histórias da época de circo; conversas de espiritismo com
Zacarias, que era muito espiritualizado. Sr.Tanko, atrás de mim, dizendo para
mim: “Ruth (Ruth
era o nome do meu personagem) decotee!!!!”
(como eu tinha emagrecido bastante na época, o personagem tinha que ter seios
fartos e rebolar bastante; então, ele falava isso, e eu começava a rebolar!);
José Alvarenga Júnior, nosso outro diretor, sempre atencioso; e o Renato,
sempre tímido, quando não estava filmando, mas, se começasse uma prosa, ele
ia!
Que
representava, naquele período, trabalhar num filme dos Trapalhões, que eram
certeza de sucesso de bilheteria?
Quando
o filme estreou é que tive maior noção, porque, até então, eu só imaginava. Engraçado
que as crianças viam mais de uma vez...