CARLOS
AZAMBUJA
Assistente de fotografia
Como
e em que circunstância surgiu a oportunidade de trabalhar com Os Trapalhões?
Como
profissional de cinema, à época eu estava no mercado e fui contatado pelos
produtores da CineFilmes, que iriam alugar o equipamento (a segunda câmera) para
o filme e me chamaram para acompanhar o equipamento, assistindo e
supervisionando o seu uso.
Antes
de iniciar essa parceria profissional com Os Trapalhões, você
já acompanhava os seus filmes?
Pouco,
pois eram voltados para o público infantil.
Seu
único filme com o quarteto é O
Cangaceiro Trapalhão. Nessa produção, você
trabalhou como assistente de fotografia. É verdade que você foi convidado para
trabalhar nessa produção só porque sabia operar a câmera Arri BL III?
Não
exatamente. Participei porque já era um assistente de fotografia bem
conceituado no mercado e tinha a confiança dos proprietários do equipamento em questão.
E também porque não havia qualquer objeção ao meu nome por parte do resto da
equipe de câmera, com quem até já havia trabalhado harmoniosamente em ocasiões
anteriores.
Quais
as suas maiores recordações desse filme?
Várias...
Das locações fantásticas às mais diversas experiências de vida e de trabalho.
O Cangaceiro Trapalhão se
aproveitou do fato de, no ano anterior, a minissérie da TV Globo Lampião e Maria Bonita ter
feito sucesso. O filme repete os mesmos protagonistas e parte da equipe
técnica. Que achou dessa fórmula? Não aparenta uma certa preguiça para ousar e
fazer uma releitura?
Não
creio que seja “preguiça”,
mas talvez um resquício da velha e boa paródia que o cinema brasileiro sempre
fez em cima de diversos sucessos.
Esse
filme é dirigido por Daniel Filho. Como foi trabalhar com ele?
É um
diretor competente que sabia o que queria e tinha boa técnica.
E,
com Os Trapalhões,
como foi a convivência?
Tranquila
e cordial. No trato pessoal, eram até um pouco tímidos, na deles.
Por
que você só trabalhou nesse filme com eles?
Calhou
de ser assim. Profissionais de cinema são autônomos que a todo momento
estão trabalhando com equipes diversas e
em diferentes produções.
Renato
Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Não
sei dizer o quão perfeccionista ele foi ali. No entanto, acompanhava tudo com
interesse e dedicação.
Em
seu currículo no cinema, consta inúmeros longas-metragens. Gostaria que falasse
o que representou na sua trajetória esse trabalho com Os Trapalhões.
Foi
talvez a mais cara produção de que participei (fora os filmes publicitários), o
longa-metragem que dispôs de mais recursos.
Quem
era o maior comediante dos Trapalhões?
O
Didi, sem dúvida!
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e
estrelados pelos Trapalhões?
Não
sei se “rejeitam”;
mas talvez não tenham mesmo muito interesse, já que são produções comerciais
voltadas para o público infantil.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Um
cinema comercial de boa qualidade, voltado para um público específico: as
crianças.
Hoje
você é professor adjunto da Escola de Belas-Artes da UFRJ, coordenador do
Núcleo da Imagem em Movimento, NIM/EBA/UFRJ, Membro permanente do Programa de
Pós-Graduação em Artes Visuais (CAPES 6) - PPGAV/EBA/UFRJ. Em sala de aula, há
curiosidade dos alunos a respeito dos Trapalhões?
Não,
quase nenhuma. Não me lembro de terem sido citados em qualquer ocasião. Até
porque o curso não é de Cinema, mas de Arte, o que orienta o foco das discussões
em outras direções.
Que
Os Trapalhões têm
a ensinar para os estudantes?
De
um modo geral, creio que eles confirmam que é possível fazer cinema nacional rentável
quando é voltado para o público infantil. O mesmo acontecia com a Xuxa, naquela
época.