CARLOS
KOPPA
Ator
Como
surgiu o convite para trabalhar com Os
Trapalhões?
Foi
o diretor, ele que me chamou. Fiz um bandido mascarado, metade era uma máscara
e metade era a minha cara. A Angélica tinha quatorze anos. Ele, o diretor, me
conhecia da televisão.
Antes
de iniciar essa parceria profissional com Os Trapalhões, você
já acompanhava os seus filmes?
Não
assistia aos filmes deles, sou muito diferente da turma. Não sou ator, sou um profissional,
profissional digno. Sou obediente, não dou palpites. Faço o que o diretor pede.
Mas não acompanho nada, esse filme eu não vi até hoje.
Quais
as suas principais recordações dos bastidores desse filme?
Eu
estava fazendo uma peça, a peça em si terminava todo mundo nu. Oh! Calcutá! era o nome
da peça. Foi no tempo do Hair,
no tempo em que todos ficavam nus. Fiz
mais cenas noturnas desse filme, Os Heróis
Trapalhões, porque saía do teatro e ia filmar. Nos bastidores, eu fiquei
muito revoltado: o Didi não deixava ninguém entrar
no trailer dele, nem Dedé, Mussum e Zacarias. Didi tem um rancor muito grande, tinha que ser chamado por alguém
para sair do trailer. Ninguém tinha acesso
direto a ele. Os três falavam mal dele, “o cara
quer tudo pra ele”. Nos shows,
60% eram dele; o restante era dos três. Eu tive, se não me engano, uma única cena com ele, no final; e, assim
mesmo, nós nem nos cumprimentamos.
Onde
esse filme foi realizado?
Foi
realizado no Parque do Povo, no Rio de Janeiro. Teve um acidente. Fazia parte
das filmagens o grupo Dominó, um deles caiu e quebrou o braço. Caiu de boca,
foi muito feio.
Renato
Aragão, Dedé, Mussum e Zacarias tinham como característica a irreverência. Até
nos bastidores das filmagens, eles brincavam muito. Isso procede? As filmagens
eram descontraídas?
Era
uma brincadeira, não tenha dúvida. Eles faziam muita piada, o humor de Renato
era o de comandante das coisas. No setor de trabalho, ele era muito simpático; e
ali os quatro se relacionavam bem.
Como
era o seu contato com o quarteto (Didi, Dedé, Mussum e Zacarias)?
Com
o Renato, eu não tive nenhuma possibilidade de relacionamento. Eu achei que ele
fosse mais gentil, mais humilde.
Que
representava, naquele período, trabalhar num filme dos Trapalhões, que eram
certeza de sucesso de bilheteria?
Foi
mais uma coisa que fiz, que está gravado no meu currículo. Os filmes deles são
vistos até hoje. Todo mundo falava do filme, quando eu saia às ruas. O filme dava
prestígio para o Renato, só pra ele.
Quem
era o maior comediante do grupo?
O
importante é o seguinte: cada um fazia uma coisa, tinha uma coisa para fazer; e
faziam bem. Eles se transformaram em um grupo muito fértil de ideias.
Renato
Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Ele
é realmente o chefe, quem comanda. Se não deu confiança para os outros três Trapalhões, quanto
mais para nós...
Gostaria
que contasse alguma curiosidade ou fato desconhecido do público que tenha
presenciado como testemunha ocular.
Eu
estava no camarim. Estava um calor danado, no nosso camarim, que era meu e dos
três (Zacarias, Mussum e Dedé); mas, no momento só estava eu, estudando. Liguei
o ar condicionado bem forte. Ficou gostoso lá dentro. Nessa hora, chegou a mãe
da Angélica, que era uma lavadeira, faxineira da Volkswagen. Ela não respeitava
ninguém. Entrou no camarim e desligou o ar condicionado, sem mais nem menos.
Falei: “Porra que é isso?”
Ela replicou: “É que minha filha
vai entrar aqui...”
Tomei uma atitude que não tomo. Ela falou grosso, e eu disse: “Vai pra porra!!!” Tinha
muito carinho pela Angélica, mas a mãe dela ficou famosa pelas loucuras e
grossuras que fazia nos bastidores do filme.