sexta-feira, 21 de março de 2014

Roberta Calza

 
Formada pela Escola Internacional de Teatro Jacques Lecoq em Paris, primeiro e segundo ano artístico e terceiro ano pedagógico. No cinema atuou em ‘Desproporção’, com direção de Sergio Mastrocola e ‘La Redota’, de Cesar Charlone. Desde 2001 palhaça integrante da Instituição Doutores da Alegria, incluindo trabalhos com le rire medicin em Paris em 2004. Nos Doutores da Alegria desde 2006 passa a integrar a equipe de formação dando aula para o elenco e para os grupos semelhantes no programa Palhaços em Rede.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem.
O que me faz aceitar participar em produção de curta metragem é principalmente o roteiro. Se há algo a ser discutido pela iniciativa. Mas claro, às vezes a pesquisa visual /estética pode ser também um atrativo. Acho que um curta é um exercício muito interessante de curta duração e normalmente tem de saída certa ousadia de proposta Como os orçamentos são menores que longa metragem e o tempo facilita esse um exercício narrativo, curtas trazem ideias muito bacanas para a questão audiovisual.
 
Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Trabalhei com diretores principalmente vindos da publicidade que queriam experimentar roteiros que provavelmente não seriam aceitos no mercado publicitário. Curtas de conteúdo ácido, outros de conteúdo social, adorei a experiência. Para uma atriz é um nicho muito interessante por conta dos roteiros ousados.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Talvez pela dificuldade em geral da distribuição do cinema em si. Vejo que as grandes produções tem produtoras de peso e distribuidoras de peso por trás. Mesmo o cinema nacional depende muito de grandes casas para sua distribuição.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Realmente seriam necessárias iniciativas como a do Canal Brasil que difunde esse conteúdo com frequência. Ou iniciativas mais alternativas como cinemas em bairros, itinerantes, enfim… O sistema de distribuição é bem fechado atualmente, é preciso criatividade.
 
O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sim, acredito que deveria ser um lugar de exercício continuo, mais explorado e por que não um nicho em si. Hoje em dia com as tecnologias de Iphone, curtas podem sim ser uma atração audiovisual de curta duração muito interessante. O tempo reduzido reduz custo, mas não necessariamente é menos trabalhoso. Youtube, Vimeo, são espaços legais de distribuição alternativa, mas claro que é preciso quase uma guerrilha nesse sentido, não chega ao grande publico.
 
O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Pode ser.
 
Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não sei se existe receita, acho que aqueles que entendem que a arte visual e narrativa é um espaço importante de cultura e oferecimento de reflexão, tem que trabalhar e buscar defender esse espaço seja com o Estado, seja entre os cidadãos.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso em trabalhar a cultura visual como beneficio social. Não assistencialista, mas como forma de reflexão sobre nós.