sábado, 4 de novembro de 2017

Os Trapalhões: Ivo Setta


Ivo Setta
Ator


Você trabalhou em dois filmes dos Trapalhões: Simbad, O Marujo Trapalhão e O Trapalhão no Planalto dos Macacos. Como e por quem recebeu o convite para trabalhar nesses filmes? Como foi a experiência?
Ivan, meu irmão, estava trabalhando em Simbad. Então, falou com o produtor Walter Webb; e eu começei logo, servindo água e café para a equipe. A experiência foi legal, era tudo de bom.

Que representou para você esses trabalhos com Os Trapalhões?
Aprendi muito, devido à exigência do diretor J. B. Tanko.

Simbad, O Marujo Ttrapalhão foi seu primeiro trabalho com Renato e Dedé. Quais as suas recordações desse trabalho?
As melhores possíveis. Foi filmado em um navio.

Simbad foi filmado onde?
Em um navio meio abandonado, em Niterói.

Já havia uma sinalização por parte de Renato e Dedé em ter mais componentes nos trabalhos?
Sim, pois já começavam a aparecer em pontas alguns amigos do dublê de Renato, que faziam cenas de lutas (por exemplo, Ted Boy Marino), dando muita ação ao filme.

Carlos Kurt, ator sempre presente na obra dos Trapalhões, atua nesse filme. Que tem a falar sobre ele?
Era um ator caricato; mas impecável no que fazia.

A produção e o figurino foram de Selma Paiva. Que tem a falar sobre o ela e o seu trabalho nesse filme?
Foi alugado, próximo ao set de filmagem, um apartamento onde as costureiras trabalhavam. Selma fez gol de placa, principalmente nos figurinos do filme O Trapalhão no Planalto dos Macacos.

Planalto dos Macacos foi a estreia de Mussum no cinema. Na sua ótica, como foi o desempenho de Mussum? Parecia nervoso?
Nem um pouco. Mussum ficou à vontade, sempre com seus bordões infalíveis. Contagiava todo mundo.

Antes de trabalhar com Os Trapalhões, você assistia aos filmes deles?
Nunca assisti.

Muitos comentam que os melhores filmes dos Trabalhões foram dirigidos por J. B. Tanko e que, com a chegada da TV Globo, que se associou a eles, se iniciou uma queda significativa no trabalho cinematográfico do grupo. Você concorda com essa opinião?
J. B.Tanko era um mestre, sabia o que queria; a TV Globo, não. Concordo.

Renato Aragão é um profissional que acompanha todo o processo de filmagem. Como era a sua sintonia com ele? Vocês conversaram bastante?
Simplesmente profissional. Não, nunca conversávamos.

Quais as lembranças de bastidores dos filmes?
As melhores possíveis. Tanko mandou construir um tubarão em uma casa no Horto Florestal, perto da TV Globo... Quando, finalmente, o imenso tubarão ficou pronto, tiveram que derrubar o muro para que entrasse no caminhão. Parecia, então, que tudo estava resolvido. O tubarão seguiu para Muriqui, litoral sul, onde seria realizado as filmagens. Depois de horas, colocaram o imenso bichão na água. Adivinhe o que aconteceu? O tubarão afundou.

Quem era o maior comediante do grupo?
Mussum, sem dúvida.

Dedé Santana é sempre subestimado por ser o “escada” do grupo. Comente o trabalho dele.
Dedé já entrou sendo “escada”. Mas era seguro e talentoso.

Por que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados pelos Trapalhões?
Por preconceito.

Como classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Humor ingênuo e descompromissado.

Gostaria que você falasse algo que nunca falou ou que poucos saibam sobre Os Trapalhões.
Difícil, pois todos sabem tudo. Dedé, de tanto subir escada, acabou caindo feio, pelas mãos de Didi.