O cineasta Kiko Goifman é um dos mais criativos da sua geração e também um dos mais prolíficos.
Está lançando agora o filme "Filmefobia".
Está lançando agora o filme "Filmefobia".
Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Acho que o curta é importante historicamente e também hoje, no Brasil. Muitos curtas foram fundamentais para a cinematografia brasileira. Entre vários que poderiam ser citados, sempre será destacado “Ilha das Flores”, que ainda hoje é um dos filmes favoritos em sites no Brasil e no exterior. O curta brasileiro está presente em diversos festivais importantíssimos na Europa e, assim como o longa, representa de forma significativa o país.
Você acha que dá para contar uma história em tão pouco tempo de metragem?
Claro que sim. Tanto em ficções como em documentários, que também podem ter formato curto ou longo. Muitas vezes, alguns longas poderiam ter ficado bem mais interessantes se os diretores tivessem optado por fazer um curta.
Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Isso não é só uma questão brasileira. Diferentemente da literatura, em que um conto pode ser extremamente respeitado, existe uma hierarquia estabelecida no cinema na qual o longa sempre é mais importante do que o curta. Em grandes festivais que não se dedicam somente aos curtas eles são vistos com menos importância do que os longas. Forma-se um círculo: os curtas também possuem dificuldade de exibição, isso inibe a mídia, o que acaba gerando menor espaço. Mas os festivais de curtas estão cada vez mais fortes, o que é muito bom.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Tenho dúvidas quanto à obrigatoriedade de exibição antes dos longas. Na verdade, quando digo que tenho dúvidas, são dúvidas mesmo, não quer dizer que eu seja contra essa obrigatoriedade. A dúvida principal é que tendo a não gostar de obrigatoriedades em geral, por outro lado, isso na atividade cinematográfica (mecanismos de proteção, incentivos etc.) é fundamental. Talvez um bom exemplo relativo a público no Brasil seja o Curta Cinema, no Rio de Janeiro, que acabou de acontecer. Ele aumentou quase 300% seu público esse ano por ser totalmente gratuito. Ou seja, o público quer ver.
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Sim, é possível. Com certeza. Não acredito nesta de trampolim. Um curta deve ser encarado como uma obra em si, de curta duração.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Eu dirijo longas e curtas, alternadamente. Não acho que depois que fiz meu primeiro longa agora eu só deva dirigir longas. Acho isso uma bobagem. Adoro fazer curtas e continuarei fazendo sempre.