domingo, 26 de fevereiro de 2012

Daniel Og

Daniel dirigiu videoclipes da Pitty, Ultraje a Rigor, Rodox, entre outros. No cinema foi diretor de animação de ‘Muito Gelo e 2 dedos dágua’. Seu trabalho como quadrinista merece um olhar atento do público.


Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Eu acho que o curta-metragem de uma forma geral é onde se trabalha linguagem. É um formato curto que permite muita coisa... experimentar livremente sem muito compromisso de dinheiro, nem de tempo. E o formato curto é bacana. Alguns filmes ficam geniais, aquele do Disquinho Verde e o da Ilha das Flores, são filmes pequenos redondos. Uns do Glauber Rocha. Eu não sei dizer academicamente se no Brasil é importante... meu amigo João Mors te diria isso, eu falaria besteira se fosse dizer que sei.

O que te faz aceitar participar de uma produção em curta-metragem?
Hum... tá ficando interessante! Dinheiro! hahahhaa muito!

Você sente alguma diferença de satisfação profissional entre fazer cinema, teatro e TV?
Teatro eu só fiz quando era criança, no colégio. não tenho uma referencia de como é a realidade de trabalhar com teatro, pra dizer. conheço pessoas de teatro e gosto muito da atmosfera. Mas não conheço... Na TV tudo me parece um pouco rígido, em questão de ficção. Tem o Guel Arraes, mas eu imagino que não sobreviveria ao meio. Meus clipes eram de certa forma curtas na TV, mas o clipe eu acho que seja um outro formato... é mais para cinema, até... mas satisfação todo trabalho bem feito dá. Não sei se tem diferença.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que é a ideia que as pessoas fazem, de que curta-metragem é um tipo de exercício, ou que é um filme de quem tem pouco dinheiro... que é capenga, por qualquer razão. Talvez seja justo. Talvez seja por que os curtas em geral são muito experimentais, e o publico mais abrangente quer coisas mais fáceis... na TV Brasil, TV Cultura, TV Futura... redes publicas e educativas, passam curtas e isso não muda muito o efeito. acho que é cultural. Falta de interesse por que não conhecem trabalhos que gostem. Não acho que tenha um culpado... os jornais podiam fazer mais criticas, mas tem tanta coisa que todo mundo tinha que fazer mais... hahahaha. Acho que tem veículos tentando divulgar bons curtas...

Como deveria ser a exibição de curtas para atrair mais público?
Festivais e antes dos filmes nos cinemas. Talvez entre um filme e outro. No intervalo das sessões. Se você ficar até o final do crédito, vê um curta...

Considera o curta-metragem um trampolim para fazer um longa?
Acho que é mais acessível. Então acaba sendo natural que o curta venha antes do longa. Mas uma coisa não deveria depender da outra.

Dá para o cinema nacional sobreviver sem subsídios?
Não sei. Não entendo muito, mas não gostaria que o cinema fosse coisa de indústria. Os americanos tem indústria, mas por algum motivo, e estou sendo bem franco, o cinema de indústria deles funciona, por mais que tenha muito lixo. É bom. nosso cinema de indústria seria uma bela bosta! Hahahhaa. Acho que pra coisas pequenas o apoio do governo deve ser importante sim.

O que é necessário para vencer no cinema?
Não sei.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim. Pretendo participar de editais. Estou tendo problemas com o mercado justamente pelo formato da minha empresa. Minhas animações são muito experimentais pra televisão e acabo fazendo péssimos negócios por pura pressão. Acho que os curtas são uma boa "rota de fuga"...

Qual é o seu próximo projeto?
Tenho muitos! Outras histórias longas, outras curtas, mas como ficamos nos curtas-metragens o que eu preciso é definir como ganhar dinheiro sendo um sujeito honesto e construir nossa casa... esse ano quero fazer muitos quadrinhos curtos, mas nada épico. Não tenho pressa.