sábado, 1 de setembro de 2012

VAGA IDEIA

Lima Duarte, a História do Audiovisual passa por aqui
São Paulo, 5 de junho, terça-feira, ás 16h. Saio do bairro de Santo Amaro ao encontro daquele que é - se não o maior - um dos maiores atores deste país.  Nosso encontro estava marcado ás 18h, eu tinha que ir busca-lo em sua residência e ir com ele até o Sesc, para uma programação onde faria um bate-papo com o público.
Conhecendo a cidade que nasci, sei que deveria sair muito antes, afinal, o transito é imprevisível e ainda por cima garoava. Imaginava o que poderia encontrar por aí. Era grande a expectativa de público, gosto de chegar no horário e começar as atividades no horário. Chego á rua Frei Caneca ás 17h30, era um bom sinal, tínhamos duas horas e meia para chegar ao local. Minha preocupação era a volta.
Aviso o porteiro, ele pede para aguardar... nesse momento começa a chover e a minha preocupação a aumentar. Passa uns quinze minutos desde a minha chegada, ele desce, com uma jaqueta e um boné, para se proteger do frio. O aperto de mão é firme.
Entramos no táxi e começamos a conversar. Primeiro foi o futebol, torcemos para o São Paulo Futebol Clube, falamos do momento atual e das glórias do passado. Não demorou muito e o tema mudou para o cinema, falamos de trabalhos, da sua trajetória, recordou de momentos marcantes, bastidores e, incrível, ele se recorda até hoje das suas falas. A sua memória é impressionante. Voltou para o futebol, falou do seu filme com o Pelé (O Rei Pelé), falou também que o encontrou em Nova York e que Pelé telefonou para John Huston ao saber que ele, Lima Duarte, era fã do diretor. “Pelé, você filmou com John Huston!!! Ele é incrível, mas o que eu vou falar com John Huston?”.
Falou de ‘Os Sete Gatinhos’, ‘Boleiros’, ‘Sargento Getúlio’, perpassou um punhado de filmes. Começamos a falar da televisão e, de repente, ouço o Sinhozinho Malta, Zeca Diabo, Sassá Mutema, entre tantos outros personagens marcantes que, quando vi, já estava no Sesc, após duas horas no trânsito sem perceber.
Lima Duarte partilha seu conhecimento, sua história com a maior generosidade que já vi. Incrível. Estava ao lado da história do audiovisual brasileiro. Era um momento único que vivi, ouvi e presenciei.
Tínhamos um pouco mais de trinta minutos antes de começar o bate-papo, eu já estava mais calmo, essa conversa nos aproximou. Enquanto jantava, ele tomava um café, as pessoas o cercavam, todos queriam abraça-lo, pegar um autógrafo ou tirar uma foto. Ôpa, tá na hora!
Montamos um belo espaço para o bate-papo, apresentei-o e fiz a mediação. Lima Duarte falou por quase trinta minutos. Perguntas do público? Todos hipnotizados por aquele homem, uma lenda. Aos poucos as pessoas, assim como eu, vão se acostumando com a sua presença, ou acreditando que aquele homem está lá. Fim de papo. Mais abraços. Ele toma uma sopa antes de ir embora.
Rafael Spaca, radialista, autor do blog Os Curtos Filmes (http://oscurtosfilmes.blogspot.com/).