terça-feira, 20 de setembro de 2011

Carla Caffé



Carla foi diretora de arte nos filmes ‘Central do Brasil’, ‘Narradores de Javé’, ‘O Primeiro Dia’, entre outros. Mantém um ateliê em São Paulo no qual desenvolve atividades diversas: arquitetura, desenho, direção de arte. O endereço do seu site é: www.carlacaffe.com.br

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema
brasileiro?
Bem, não saberia responder ao certo a sua pergunta, pois não estudei cinema, sou formada em arquitetura. A minha prática com o cinema é fruto da experiência de trabalho, comecei na publicidade, passei pelo curta e fiz alguns longas. Acho que o curta metragem promove essa experiência de trabalho pois é mais confortável se arriscar em um curta do que na máquina de um longa-metragem, o curta por ser mais enxuto em termos econômicos facilita a experimentação, os riscos e os improvisos.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais
público?

Acho que deveriam exibir os curtas nacionais antes de qualquer filme. A televisão, o celular, a internet também é um lugar apropriado para esse formato de cinema.
Já existem esses espaços, mas a questão é divulgar o curta-metragem.


É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
O curta por ser maleável é um formato que proporciona experimentos e isso é genial, está mais adequado para as novas mídias do que o longa, pequenas telas, esse mundo fragmentado de informações, mil janelas ao mesmo tempo. Não acho que é um trampolim, acho que é um formato que pode adequar melhor à alguns conteúdos, assim como é um conto ou uma novela para os escritores. Tem grandes escritores que escreveram contos durante toda a sua vida, não como trampolim para os romances.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Acho que o brasileiro, não só os cineastas, são modistas, ou seja tudo é moda, não há espaço para as diversas linguagens. Um exemplo é a table top, pois depois do advento da computação, as table tops desapareceram do Brasil, ninguém mais sabe dessa técnica, mas se você navega na internet encontra uns malucos ainda fazendo coisas geniais na table top, claro que é europeu, os ingleses principalmente. Cada técnica tem sua linguagem própria e é essa riqueza que faz a diferença.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Acabei de receber uma proposta de fazer um sobre a Avenida Paulista, já imaginou que barato!! Tenho sim, vontade de fazer muito cinema, curtas, animações, stop-motion...