quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Ana Luiza Junqueira



Atriz e integra a Cia Paidéia de Teatro, onde protagonizou peças como ‘Dream Team’ e ‘Conta de Novo’.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Não costumo participar de curtas. Minha área é mais teatro, acho que são linguagens muito diferentes. Talvez pudesse arriscar alguma coisa se achasse muito interessante o assunto do curta, mas pra mim, estar em contato direto com o público é essencial.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Não dá pra ignorar que o cinema está ligado à industria, ou seja, a um produto que precisa ser vendido. Acho que cada vez mais tem pessoas fazendo não só curtas, mas documentários, mexendo com essa linguagem, mas talvez isso não interesse ainda, em termos econômicos, para o mercado. E na minha opinião, ainda bem. Acho que esses curtas e documentários podem ser muito bem vindos em outros meios, de outras formas que não pela indústria.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Depende de que público estamos falando. O grande público que vai ao cinema? Quem pode pagar? Ou outros públicos? Eu acho que dependendo do que está se querendo com o curta o caminho é um ou é outro. Tem curtas que só entram em festivais, por exemplo. Tem curtas que são mostrados em centros culturais. Agora, entrar como um produto na indústria do cinema para atingir mais público, isso particularmente não me interessa.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
De novo, acho que depende do objetivo do cineasta. O Chris Marker, por exemplo, cineasta francês, muito pouco conhecido aqui no Brasil, trabalha praticamente só com documentários. Mas o que ele quer com isso? Pra que ele faz os documentários? Acho que temos que pensar sempre em relação ao que aquilo que criamos está sendo vinculado.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Eu não sei. Acho que pode ser que as pessoas mesmas que fazem curtas tratem como se fosse um primeiro passo para o longa, como um experimento. Se isso acontece, é difícil que os curtas evoluam na qualidade, porque quando a pessoa já conseguiu a brecha pro longa, abandona o curta, como se fosse menor. Por isso digo que depende do que se quer com um curta.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não. Não é minha área.