terça-feira, 26 de março de 2013

Monica Carvalho

Monica, seu inicio profissional foi como modelo, aos 13 anos. Você foi convidada para ser garota propaganda de uma marca de bronzeadores. Pode nos contar como foi esse momento?
Eu sempre quis ser atriz, e trabalhar como modelo me ajudou no percurso. Até porque nunca fui de passarela, não tenho esse biotipo, sempre fiz comercias e campanhas de foto. Esse convite surgiu quando eu estava na praia e uma modelo bem famosa da época me viu e me chamou para esse comercial, que foi do bronzeador sol de verão. Ela me achou a cara do verão, estava bem morena. E daí comecei a fazer outros comercias, mas sempre tive meu foco como atriz.
 
Logo em seguida realizou outras campanhas publicitárias, sua beleza sempre foi uma aliada para o seu trabalho. Como analisa isso?
Eu acho que a beleza abre portas sim, mas o que mantém a pessoa no caminho é esforço, dedicação e estudo. Nunca se esqueça que vai existir sempre alguém mais jovem e tão bonita quanto você. Então, o que vai manter você no mercado de trabalho é ter algum a mais e não só um rostinho bonito sem conteúdo.
 
Após esses trabalhos você entra para o casting da Ford Models, um dos mais concorridos do mundo. Como foi isso? Quais as lembranças desse período
Eu realmente entrei na agência Ford Models, mas sempre trabalhei com comercias. Como disse, não tenho altura para passarela, e aproveitei bastante as oportunidades que tive, e fiz trabalhos bem bacanas.
 
Em que momento da sua vida você decidiu na carreira de artista de televisão?
Eu sempre tive meu foco na carreira de atriz, então paralelamente eu sempre procurei fazer meus cursos, pois não tinha ideia de como entrar na TV. Então fui estudar. Mas quando eu tinha 6 anos, eu disse a minha mãe que iria trabalhar na televisão. E sou muito persistente quando quero alguma coisa.
 
Você fez cursos de teatro na Faculdade da Cidade e na Casa de Arte das Laranjeiras (CAL), chegando até a estudar interpretação até em Nova York, cidade onde residiu. Qual a importância de fazer esses estudos na sua carreira profissional?
Eu acho que quando você escolhe uma profissão tem que estudar para entender, e ser ator é um estudo permanente, observação sem críticas e ler muito, de tudo um pouco. E quando você entende o que está fazendo, se sente seguro para fazer o seu melhor.
 
Só a vocação não basta para se tornar uma grande atriz?
Vocação é meio caminho, mas trabalhar com arte exige amor à profissão. Não é só glamour como as pessoas pensam, e acho que a vaidade é um grande pecado na nossa profissão. Acredito que quanto mais humilde somos, mais os sentimentos podem aflorar dentro da gente. E ser ator é sentimento puro.
 
Sua estréia profissional viria só em 1993, na peça ‘O Brasil de Cuecas’, como foi esse trabalho?
Essa peça foi uma comédia. Fiquei pouco tempo fazendo, pois logo fui convidada para fazer História de Amor. Acho que teatro sempre é valido, experiência conta muito.
 
Sua projeção nacional da-se nesse mesmo ano onde se destacou participando da abertura da segunda versão da novela Mulheres de Areia. Como foi lidar que essa repercussão?
Foi muito bacana, afinal sempre procurei fazer trabalhos que tivessem o reconhecimento do público, e uma hora acontece. Acho a abertura linda, trabalhei com Hans Donner, e a partir da aí fui fazer a oficina da Globo.
 
Em 1994 você passou pela Oficina de Atores da Globo. Qual é o diferencial dessa oficina em relação ás outras instituições que você estudou?
A diferença é que você trabalha a prática, exatamente como se faz novela. O curso é muito bacana, e dali podemsurgir as oportunidades. Você aprende um pouco de tudo, como dança, voz, entende de câmera e é só fazer bem que a oportunidade vai surgir.
 
‘História de Amor’ e ‘Chocolate com Pimenta’, foram algumas das telenovelas que você trabalhou. Essas novelas eram sempre no período das 18h-19h, que são, de certa maneira, menos “nobres” pelo fato de o sonho dos atores é trabalhar na novela das 21h. Como era isso pra você?
O meu sonho sempre foi fazer televisão, novelas... A novela que mais amo passou às dezoito horas, que foi escrava Isaura. E ser ator pra mim é independente do horário e sim fazer o seu melhor. Se é novela das 18h, das 19h e das 21h é indiferente. Ser ator é muito maior que qualquer rótulo.
 
Em‘Malhação’ você tem duas passagens. A novela é um laboratório para atores mais jovens mas a crítica enxerga que para atores com mais lastro, é depreciativo. Como analisa isso?
Não enxergo dessa forma, até porque se a TV fizer um programa só com atores iniciantes corre o risco de não segurarem a onda pela falta de experiência. E ter a troca com atores que já admiramos pelo talento é fundamental.
Seu maior papel na televisão foi como a Socorrinho em Porto dos Milagres?
Foi o personagem mais popular sim, mas não o maior.Novela das oito sempre tem a personagem sensual e engraçada, e a Socorrinho era assim. Então mexeu com o inconsciente coletivo pela sensualidade e inocência, mas eu tive a Clara, a mudinha de ‘Corpo Dourado’, que foi um aprendizado, e na época recebi muito elogios, foi um desafio. Sempre amei meus personagens.
 
Na Rede Record trabalhou nas novelas Cidadão Brasileiro e Caminhos do Coração.como foi encarar outra dinâmica de trabalho após anos na Rede Globo?
Vejo meu trabalho com muito amor, e me preocupo com minha atuação. Trocar de emissora só me dámais segurança profissionalmente falando, porque realmente é outra dinâmica. E posso falar por que já trabalhei nas três emissoras fazendo novelas, então isso me dá mais experiência. Mas meu trabalho é atuar e estando em qualquer emissora sempre vou fazer meu melhor.
 
A Record tem uma meta de atingiar a excelencia de produção em telenovelas. Você trabalhou na emissora, acha que eles podem chegar lá?
Claro que acho, acredito em trabalho e dedicação. A Globo é pioneira, mas nada impede de termos outras emissoras fazendo tão bem quanto, afinal somos os primeiros do mundo em termos de teledramaturgia, fazemos novelas como ninguém.
 
Você teve uma passagem também pelo SBT, onde fez a vilã Nara Paranhos de Vasconcelos na novela Uma Rosa com Amor. Como foi esse trabalho e como foi trabalhar na emissora?
Tenho autonomia sobre minha vida profissional, e se tem um bom personagem eu aceito. Foi a minha primeira antagonista, queria saber como era ter o peso de levar uma novela, afinal o vilão é que mexe com a história, é a peça chave para movimentar a novela. Eu adorei trabalhar lá, é bem familiar porque só tem uma novela, um produto, então é bem leve.
 
Realizou ensaios sensuais, sendo três vezes capa da revista masculina Playboy em maio de 1993, em julho de 2001 e fevereiro de 2008, além da Sexy em setembro de 1994. Poucas atrizes tiveram a oportunidade de posar para as duas revistas. Você se considera um simbolo sexual?
As fotos são lindas e de bom gosto, agora a revista Sexy, quando eu fiz não era nu. Eu fiz um seminu para a revista, um ensaio bem bacana. Ter rótulos é legal, você se sente lisonjeada , mas eu não me preocupo com esse tipo de elogios, quero muito mais.
 
A maioria dos seus papéis estão ligados á sua beleza, feminilidade e/ou sensualidade. Por que os diretores “exploram” o seu biotipo? Como se sente fazendo esses papéis?
Difícil seria não fazer um personagem com feminilidade, afinal sou mulher, não tem como não ser feminina. Agora discordo do uso da sensualidade explorada, meu primeiro personagem, a Neuzinha, de História de Amor, era empregada, usava roupas abaixo do joelho e vivia de coque. A Clara era uma menina e não explorava a sensualidade. A Maura era uma dona de casa com saias longas e largas. A Socorrinho, sim, explorava a sensualidade, porque o personagem era assim. Meuúltimo personagem, a Glória de ‘Fina Estampa’, não era sensual, era apenas uma mulher bonita. Agora eu, Mônica Carvalho, sou uma mulher naturalmente sensual, mas posso aflorar ou me despir dessa sensualidade, dependendo do personagem. Isso não me preocupa, se meu personagem for sensual, vou explorar ao máximo isso. Como disse,meu foco é na criação do autor, no que ele quer do personagem. E eu faço sem pudor.
 
Sua participação no cinema é tímida, em 1998, atuou em ‘Drama Urbano’, de Odorico Mendes. O filme permanece inacabado. Como foi o trabalho nessa produção?
Eu fiz. Que pena que ficou inacabado, e fazer cinema é meu sonho. Espero que apareçam mais convites.
 
Pretende trabalhar mais em cinema?
Como disse estou à disposição, adoro cinema e pretendo trabalhar muito em TV, cinema...
 
Para finalizar, gostaria de saber de você o que é preciso para vencer na profissão.
Persistência, vontade, vocação, enfim, querer muito, afinal devemos materializar nossos sonhos.