quinta-feira, 24 de abril de 2014

Cristina Prochaska

 
Atriz e jornalista. No cinema atuou em ‘Uma Escola Atrapalhada’; ‘No Coração dos Deuses’; ‘Avassaladoras’, entre outros. É uma das idealizadoras do Festival Internacional de Cinema de Ubatuba.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Em primeiro lugar meu profundo respeito aos cineastas que lutam para manter viva a linguagem de curta-metragem num Pais como o nosso. Depois vem a atriz, que gosta de trabalhar, de fazer cinema e estar junto a essa turma de sonhadores que não desistem de fazer seus filmes. Sempre que convidada eu faço. Até gostaria de fazer mais. Me coloco à disposição aqui (rsrsrs) inclusive como still ou preparando atores.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho isso muito triste. Se não fossem os Festivais e o Canal Brasil estaríamos enterrando a carreira dos curtas-metragens no Brasil. Não temos mais espaço porque a mídia é "burra". Se contenta com o sucesso plastificado. Mas não podemos desistir. 
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Voltar a ser obrigatório, por Lei, a exibição de um curta-metragem antes das apresentações dos longas nas salas de cinema de todo o Pais. Todos os cineastas e técnicos deveriam se juntar e desenterrar essa Lei. Mas a classe é desunida. Isso me entristece. Eu não desisto. 
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acho que o cinema de curta-metragem é uma linguagem diferente do "cinemão", mas é cinema em sua essência. Claro que o curta é laboratório para muita gente e para técnicos novos e em estudo. Por outro lado acredito que o curta-metragem tenha uma característica só dele de linguagem e formato. Não encaro como "trampolim" encaro como laboratório. Mas reafirmo que na minha opinião o cinema de curta-metragem tem vida própria, independente de outros formatos. Na verdade eu não comparo os dois, são duas linguagens e produtos diferentes. Adoro o cinema de curta-metragem e sua sabedoria em contar estórias ou documentar a vida em até vinte minutos. Gosto da agilidade que ele impõe ao cineasta , da agilidade emocional e intelectual de se "virar" no roteiro bem amarrado e gerar em tão pouco tempo , comparando ao longa , as emoções  e reações da plateia. Acho genial. 
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Bem, não posso falar por todos. Falo por mim e por amigos que não desistem - Se um artista ou cineasta acredita que a linguagem de curta-metragem "é menor" ou tem "menos valor", ele deveria mudar de profissão e abrir um comércio de sapatos ou roupas da moda. Isso me tira do sério. (rsrsrs)
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim, penso sim. Tenho roteiros escritos e acabei de vender meu carro para comprar um equipamento básico para fazer meus filmes e ajudar os amigos. Não vou desistir de fazer do meu sonho, uma emoção na tela. Quero documentar o Mundo em que vivo e essas personagens maravilhosas que eu esbarro todos os dias. Mas é necessário que haja mais união, ou veremos o cinema de curta metragem sumir, sucumbir lentamente.