quarta-feira, 16 de abril de 2014

Tomas Portella

 
Diretor. Trabalhou como assistente de direção em cerca de 20 filmes, entre eles, ‘Tainá 2 – A aventura continua’ e ‘Meu nome não é Johnny’, ambos de Mauro Lima, ‘Lisbela e o prisioneiro’ (2003) e ‘O bem amado’ (2010), ambos de Guel Arraes e ‘Ensaio sobre a cegueira’ (2008), de Fernando Meirelles. Assinou seu primeiro trabalho na direção em 2011, com o longa-metragem ‘Qualquer gato vira-lata’, adaptação da peça homônima de Juca de Oliveira.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Infelizmente nunca participei da produção de nenhum curta, mas certamente participarei no dia que cruzar meu caminho. Acho que o grande estimulo para participar é a possibilidade de experimentação, a liberdade de trabalhar num sistema mais leve e mais barato além de poder contar historias que cabem em formatos específicos.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Tenho pouco conhecimento sobre o assunto, mas arriscaria dizer que é um ciclo vicioso da falta de exposição com a falta de interesse. As pessoas não se interessam porque não conhecem e não conhecem porque não se interessam. Era preciso promover mais a exibição de curtas em todas as mídias para quebrar esse ciclo, tem muitos curtas bons por ai que não chegam ao publico e consequentemente aos críticos e a mídia.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que conquistar um espaço nas TVs abertas seria um grande avanço. É definitivamente uma ótima forma de divulgar, mas o mais importante é realmente fomentar a criação de mais festivais onde os filmes possam ser vistos na janela em que foram pensados.
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
É possível porém acho complicado se sustentar somente com isso, conseguir verba suficiente para filmar seu curta já é bem difícil e ainda sobrar dinheiro para pagar suas contas, o cara tem que ser magico. O curta-metragem costuma ser um trampolim para fazer um longa (que não é meu caso) na medida em que você consegue mostrar um pouco do seu trabalho. É bem complicado provar para investidores, que um estreante, sem nada pra mostrar é o cara certo para se investir milhões de reais.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Acho que não, a maioria dos cineastas já fez ou como no meu caso, quis fazer um curta. Existe muitas vezes, entre os profissionais, o problema em participar de curtas que é relacionado ao dinheiro. Os caches pagos a equipe (quando tem cachê) são muito baixos e essas pessoas vivem disso e muitas vezes não podem abrir mão de outros trabalhos para participar de um curta. Claro, tem também os que não gostam, mas deixemos eles de fora... eles tem esse direito...
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso muito, tenho uns dois roteiros que quero filmar mas sempre acabo esbarrando com o problema do financiamento. Cinema é muito caro e se o roteiro do seu curta requer um pouco mais de produção você acaba ficando fora do valor dos editais. Não é justo que quem queira fazer um curta tenha sempre que pensar em ideias sem muita produção (salvo de alguns poucos curtas que conseguiram mais dinheiro), isso é um grande limitador.