sexta-feira, 27 de junho de 2014

Nô Stopa

Foto: Alessandra Fratus.
 
Você, como cantora e compositora, tem dois álbuns solos lançados ‘Camomila e Distorção’ e ‘Novo Prático Coração’, além de parcerias com outros músicos. Como e em que circunstância aconteceu o convite para atuar?
Antes de cantar eu já dançava e fazia circo. Fui ginasta dos 10 aos 16 anos. Aos 13 anos fui treinar circo com os  Fratelli. O picadeiro foi meu primeiro palco. Depois entrei numa cia de dança contemporânea amadora, praticava balé clássico e participava de festivais de dança pelo país. Essa foi a minha escola. Depois comecei a compor e isso me levou a cantar.  Todos os convites que recebi foram para trabalhos que envolvem o circo, a dança e a música. O teatro acabou sempre sendo uma consequência dessas outras linguagens. 
 
Você já havia se imaginado ingressar na carreira de atriz?
Não tenho formação de atriz e nunca almejei essa carreira. Estou  aprendendo na prática, no palco, com meus amigos da Banda Mirim e com nosso autor-diretor Marcelo Romagnoli, que tem sido um verdadeiro mestre, ensinando com paciência um “bando” de músicos a atuar. 
 
Como foi a transição do palco como cantora para o palco como atriz? Sua experiência como cantora lhe ajudou?
Nunca houve uma transição, as coisas sempre andaram juntas. De certa forma eu dançava no circo, cantava e atuava nos espetáculos do PULTS Teatro Coreográfico (grupo que dancei de 2000 a 2006), cantei com os Parlapatões, manipulei bonecos e fiz circo com a Pia Fraus e tento misturar tudo isso nas peças da Banda Mirim. Estou procurando um caminho pra fazer o mesmo no meu show, que ainda é bastante focado só na música. Na real, a experiência da dança é o que me ajuda muito quando canto e atuo.
 
Você integra o elenco da Banda Mirim, uma das companhias mais respeitadas do país, com trabalho e pesquisa voltada para o público infantil. Como é a sua dinâmica de trabalho no grupo?
A Banda é um coletivo formado por 14 artistas, entre músicos, atores, artistas circenses, dramaturgo, cenógrafo, iluminador e produtor. É uma grande família democrática, onde cada um colabora com o que tem de melhor,  onde músico também atua e faz circo, o ator canta e joga malabares, o circense toca e canta e todos se divertem muito. Como toda família, às vezes a gente se embaraça e tropeça… mas a gente sempre se acerta. Quem vê de fora pensa que estamos numa grande brincadeira, e acho que essa dinâmica é o que faz o grupo seguir intacto desde 2004. 
 
Aceitaria compor sob encomenda para um filme?
Tenho pouca experiência nessa área. Na Banda Mirim fazemos sempre tudo em equipe. Em 2011 assinei a trilha do espetáculo de dança para crianças "Meio-Dia Panela Vazia" da Companhia Giz de Cena (grupo que danço, canto e componho desde 2009). Perdi o sono nesse processo mas fiquei contente com o resultado. Aceitaria fazer a trilha de um filme, seria, com certeza, um desafio engrandecedor.
 
Tem interesse em participar de telenovelas?
Não penso nisso, não sou atriz. Dependeria muito do contexto, da situação e do momento. 
 
O videoclipe está ultrapassado? É possível romper o cânone do gênero?
Pelo contrário! Acho que o vídeo clipe nunca foi tão visto como agora. A música hoje já vem vinculada a uma imagem. E todas as outras áreas, como a dança, o teatro, a cenografia, fotografia, animação, arte digital, culinária, literatura... Tudo é cinema. Tenho 14 anos de carreira, 4 discos lançados (2 na carreira solo e 2 com a Banda Mirim), mais de 13 espetáculos no currículo e nenhum vídeo clipe. Me envergonho disso e prometo que desse ano não passa! 
 
Muitos cantores (Roberto Carlos; Seu Jorge; Paulo Miklos; Elvis; entre outros) foram para o cinema e obtiveram grandes êxitos. Acredita que este seja também seu caminho natural?
Não tenho essa pretensão. Se o destino me reservar essa sorte, serei muito grata, mas sinceramente, não estou caminhando pra isso. 
 
O que te levaria a aceitar atuar em produções em curta-metragem?
Minha identificação com o projeto e o momento que eu estiver vivendo. 
 
O que pensa a respeito deste gênero? 
Não sou grande conhecedora, mas acho interessante o poder de síntese que o curta tem. Dá o recado sem dar muitas voltas, é direto e simples. Quanto ao cinema, nenhuma outra arte consegue misturar tão naturalmente todas as outras. É sem dúvida a arte que mais me emociona.
 
Toparia dirigir um filme?
Não. Prefiro e adoro ser dirigida. 
 
Para finalizar, gostaria de saber como você se classifica como atriz.
Eu, como atriz, sou uma ótima acrobata.