17/09/2015
20h12
Carlos Manga morre aos
87 anos
Do G1 Rio.
Diretor de TV e cineasta estava em sua casa, no Rio de
Janeiro.
Manga foi um dos principais diretores de cinema na época das chanchadas.
Morreu nesta
quinta-feira (17), em sua casa no Rio de Janeiro, o diretor de televisão Carlos Manga,
aos 87 anos. A informação foi confirmada pela Central Globo de Comunicação. A
causa da morte não foi divulgada. Manga fez
carreira no cinema antes de se interessar por televisão e foi um dos principais
diretores na época de ouro das chanchadas (veja
no vídeo abaixo crônica de Nelson Motta no Jornal da Globo sobre o diretor).
Junto com Watson Macedo, foi um dos principais diretores dos
anos 1950 da Atlântida, onde esteve à frente de clássicos como "Nem Sansão
nem Dalila" (1954), "Matar ou correr" (1954) e "O homem do
Sputnik" (1959). Sua estreia foi em um filme produzido em 1952 pela antiga
companhia, dirigido por José Carlos Burle: "Carnaval Atlântida"
(1952). No total, trabalhou em 32 filmes no cinema.
“Eu só pensava em cinema. Eu via quatro filmes
no sábado, quatro no domingo”, disse em entrevista a Jô Soares.
Televisão
Na televisão, começou a carreira no início dos
anos 1960. Em 1980, foi contratado pela Globo, onde dirigiu a segunda versão do
humorístico "Chico City", de Chico Anysio. Ainda no humor, dirigiu
também "Os Trapalhões". Na década de 1990, já como diretor artístico de minisséries
da Globo, foi responsável por produções como "Agosto" (1993),
"Memorial de Maria Moura" (1994) e "Engraçadinha... Seus amores
e seus pecados" (1995). Dirigiu ainda "A Madona de Cedro
(1994)", "Incidente em Antares (1994)" e "Decadência"
(1995), de Dias Gomes.
Manga tornou-se diretor de núcleo e foi
responsável pela produção de duas novelas: o remake de "Anjo Mau"
(1997), escrita originalmente por Cassiano Gabus Mendes em 1976 e adaptada por
Maria Adelaide Amaral. A segunda novela foi Torre de Babel (1998), de Silvio de
Abreu.
Também tem no currículo o programa "Zorra
Total" (1999) e as séries "Sandy & Junior" (1999) e
"Sítio do Picapau Amarelo" (2001). Em 2004, voltou a trabalhar como
diretor artístico na minissérie "Em um só coração", de Maria Adelaide
Amaral e Alcides Nogueira.
“Eu lembro das coisas com beleza, com amor, com
carinho. Mesmo os erros. E não tem nada que eu tenha que omitir, eu não tenho
que esconder nada”, disse em depoimento ao Memória Globo.
Três filhos
Filho do advogado Américo Rodrigues Manga e de Maria Isabel Aranha, José Carlos
Aranha Manga nasceu em 6 de janeiro de 1928, no Rio de Janeiro. Ele deixa três filhos: Paula Manga, Carlos
Manga Jr. e Maria Eduarda Manga. Começou a
trabalhar como bancário, porém sua paixão pelo cinema logo o levaria para a
indústria cinematográfica, através do cantor Cyll Farney. Foi contra-regra,
assistente de montagem, assistente de revelação e, finalmente, diretor. Seu
nome artístico foi sugerido pelo então presidente da companhia, Luiz Severiano
Ribeiro Júnior.
O diretor morou
na Itália onde trabalhou com Federico Fellini. Também foi diretor dos programas
de auditório, como o Domingão do Faustão (1989), e de seriados como "Sandy
& Junior" (1999) e "Sítio do Picapau Amarelo" (2001).
Homenagens
O diretor foi homenageado pelo autor Silvio de Abreu quando completou 50
anos de carreira, em 2006. Ele fez o papel dele mesmo na novela
"Belíssima". Quatro anos mais tarde, participou como ator no seriado
"Afinal, o que Querem as Mulheres?" No seriado
"Dercy de Verdade", Carlos Manga foi personagem. A homenagem ocorreu
porque o diretor foi quem levou Dercy Gonçalves para a televisão. No especial
ele foi interpretado pelo ator Danton Melo. Em 2011, o cineasta foi homenageado com uma estátua no Cine Odeon, no Centro do Rio. Manga foi à inauguração, no
dia da premiação do Festival do Rio. Aplaudido de pé, posou para os fotógrafos
ao lado da reprodução e também se emocionou ao se referir à nova geração
brasileira de cineastas.
"Em uma
noite que tantos diretores novos precisam vencer, torço por vocês todos.
Continuem tentando, porque não há nada mais lindo no mundo do que você pegar
uma criança, que é um filme, e fazê-la chorar, falar e ser aplaudida. É uma
profissão maravilhosa", declarou.
Veja alguns trabalhos da carreira de Carlos Manga:
Novelas
"Anjo mau" (remake, 1997)
"Torre de Babel" (1998)
"Belíssima" (2006)
"Eterna Magia" (2007)
Minisséries
"Agosto" (1993)
"Memorial de Maria Moura" (1994)
"A Madona de Cedro" (1994)
"Incidente em Antares" (1994)
"Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados" (1995)
"Decadência" (1995)
"Um Só Coração" (2004)
"Afinal, o que Querem as Mulheres" (2010)
Seriados
"Sandy & Junior" (1999)
"Sítio do Picapau Amarelo" (2001)
Programas
"Domingão do Faustão" (1989)
"Chico City" (1973)
"Os Trapalhões" (1979)
"Zorra Total" (1999)
Cinema
"Carnaval Atlântida" (1952)
"A Dupla do Barulho" (1953)
"Nem Sansão nem Dalila" (1954)
"Matar ou Correr" (1954)
"O Homem do Sputnik" (1959)
"O Marginal"
"Assim era Atlântida"
"A Dupla do Barulho" (1953).
"Nem Sansão nem Dalila" (1954)
"Matar ou Correr" (1954)
"O Homem do Sputnik" (1959)
"O Marginal"
"Assim era Atlântida"
Renato Aragão lamenta morte de Carlos Manga: "Perdi um amigo e um
exemplo"
Do UOL,
no Rio
17/09/2015
Renato Aragão recebeu a notícia da morte do diretor Carlos
Manga no
início da noite desta quinta-feira (27). Mesmo abalado e esperando a
confirmação do velório e enterro do diretor, o humorista lamentou a perda do
companheiro de profissão. "Estou muito triste. Perdi um amigo e um exemplo
de profissional. Manga deu o início do cinema brasileiro. Aprendi muito
com ele", contou ao UOL.
Renato fez questão de lembrar que Manga foi o
primeiro diretor de um filme de "Os Trapalhões". "Ele dirigiu
vários filmes de Oscarito, um grande ídolo meu, e eu sempre dizia que um dia
teria Manga como diretor. Realizei esse sonho no meu primeiro filme "Os
Trapalhões e o Rei do Futebol", com Pelé. Nunca esqueci da
generosidade, do carinho e do profissionalismo. Nos tornamos amigos". Renato também ressaltou a importância do diretor na história
da televisão. " Sim, ele foi importante não só para o cinema como
para a televisão brasileira. Sempre inovador, sempre competente. O que pouca
gente sabe é que ele também era muito bom na publicidade. Manga foi um
gênio".