Denise
Romita
Continuísta
Você
trabalhou no filme Os Trapalhões
no Rabo do Cometa. Como e por quem recebeu
o convite para trabalhar nesse filme? Como foi a experiência?
Eu
já havia feito outros filmes com eles, e a produção me chamou. Não lembro exatamente
quem.
Que
representava, naquele período, trabalhar num filme com Os Trapalhões, que eram
certeza de sucesso de bilheteria?
Eu
sempre gostei muito de trabalhar com eles. Eram divertidos, e gostava de colaborar
para a produção do cinema nacional voltado para o público infantil. Sabia que
estava participando de um produto que seria visto por muita gente e que, com
certeza, a maioria iria se divertir. Acredito que o foco dos Trapalhões sempre foi
entretenimento, em sua essência.
Quais
as suas lembranças do filme Os
Trapalhões no Rabo do Cometa?
Esse
filme foi produzido há mais de vinte e cinco anos. Por isso, não lembro muito. Mas
a lembrança mais forte é a das filmagens no extinto Teatro Scala (RJ), onde a
maior parte do filme acontecia no seu momento “ao vivo”, que não era animação
com a participação do Mauricio de Sousa.
Como
era a sintonia dele com Renato, sempre por perto?
Eles
sempre tiveram uma boa sintonia.
Quais
as lembranças de bastidores do filme? Como foi o seu contato com o quarteto?
Fiz
vários filmes com eles, as lembranças são sempre as melhores. Era muito
divertido trabalhar com eles, apesar de difícil para a continuidade.
O
filme combina o uso de live
action e animação, um avanço no cinema nacional
na época. Ele foi criado e feito nos Estúdios Mauricio de Sousa. Como se deu
essa parceria?
A
parceria foi uma decisão da produtora do Renato Aragão com a do Mauricio de
Sousa. Desconheço os trâmites iniciais.
Os Trapalhões e
Mauricio de Sousa eram dois dos maiores nomes para o público infantil na época.
Vocês imaginavam que essa parceria poderia perdurar mais tempo?
Talvez
pudesse, o público poderia ganhar.
O
filme teve uma bilheteria tímida (1.250.000.), se considerarmos outros filmes do
quarteto. Na sua opinião, qual foi o motivo?
Qualquer
bilheteria é sempre uma surpresa. Às vezes, há filmes que em produção parecem
ser garantia de sucesso, e nem sempre são. E outros que muitas vezes não têm
expectativas nenhuma e dão números surpreendentes de público. Não acredito em
fórmulas.
Que
esse filme trouxe de inovação em termos de linguagem cinematográfica?
Na
verdade, não lembro de nenhuma inovação, pois já se tinha feito a junção de
cinema com animação. Mas no Brasil acredito que tenha sido a primeira vez.
Os Trapalhões no Rabo do Cometa tem
muito a ver com o filme anterior: Os Trapalhões no Reino da Fantasia,
concorda?
A
animação, sim.
Renato
Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Sim,
ele é muito dedicado ao seu trabalho e gosta de acompanhar tudo de perto. Por
isso, é o produtor dos seus filmes.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Não
tenho certeza de os que críticos e a Academia rejeitem Os Trapalhões nos dias de
hoje. Talvez na época não admirassem filmes populares e voltados para o público
infantil.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Um
cinema com temática simples e humor popular, que nos últimos filmes fez investimentos
altos em desenvolvimento de produção. Muitas coisas no âmbito da tecnologia no
cinema nacional só apareceram depois de terem acontecido nos filmes dos Trapalhões. Só quem
trabalhou nas produções sabe, isso quase nunca foi divulgado...