terça-feira, 1 de agosto de 2017

Os Trapalhões: Denise Romita


Denise Romita
Continuísta


Você trabalhou no filme Os Trapalhões no Rabo do Cometa. Como e por quem recebeu o convite para trabalhar nesse filme? Como foi a experiência?
Eu já havia feito outros filmes com eles, e a produção me chamou. Não lembro exatamente quem.

Que representava, naquele período, trabalhar num filme com Os Trapalhões, que eram certeza de sucesso de bilheteria?
Eu sempre gostei muito de trabalhar com eles. Eram divertidos, e gostava de colaborar para a produção do cinema nacional voltado para o público infantil. Sabia que estava participando de um produto que seria visto por muita gente e que, com certeza, a maioria iria se divertir. Acredito que o foco dos Trapalhões sempre foi entretenimento, em sua essência.

Quais as suas lembranças do filme Os Trapalhões no Rabo do Cometa?
Esse filme foi produzido há mais de vinte e cinco anos. Por isso, não lembro muito. Mas a lembrança mais forte é a das filmagens no extinto Teatro Scala (RJ), onde a maior parte do filme acontecia no seu momento “ao vivo”, que não era animação com a participação do Mauricio de Sousa.

Como era a sintonia dele com Renato, sempre por perto?
Eles sempre tiveram uma boa sintonia.

Quais as lembranças de bastidores do filme? Como foi o seu contato com o quarteto?
Fiz vários filmes com eles, as lembranças são sempre as melhores. Era muito divertido trabalhar com eles, apesar de difícil para a continuidade.

O filme combina o uso de live action e animação, um avanço no cinema nacional na época. Ele foi criado e feito nos Estúdios Mauricio de Sousa. Como se deu essa parceria?
A parceria foi uma decisão da produtora do Renato Aragão com a do Mauricio de Sousa. Desconheço os trâmites iniciais.

Os Trapalhões e Mauricio de Sousa eram dois dos maiores nomes para o público infantil na época. Vocês imaginavam que essa parceria poderia perdurar mais tempo?
Talvez pudesse, o público poderia ganhar.

O filme teve uma bilheteria tímida (1.250.000.), se considerarmos outros filmes do quarteto. Na sua opinião, qual foi o motivo?
Qualquer bilheteria é sempre uma surpresa. Às vezes, há filmes que em produção parecem ser garantia de sucesso, e nem sempre são. E outros que muitas vezes não têm expectativas nenhuma e dão números surpreendentes de público. Não acredito em fórmulas.

Que esse filme trouxe de inovação em termos de linguagem cinematográfica?
Na verdade, não lembro de nenhuma inovação, pois já se tinha feito a junção de cinema com animação. Mas no Brasil acredito que tenha sido a primeira vez.

Os Trapalhões no Rabo do Cometa tem muito a ver com o filme anterior: Os Trapalhões no Reino da Fantasia, concorda?
A animação, sim.

Renato Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Sim, ele é muito dedicado ao seu trabalho e gosta de acompanhar tudo de perto. Por isso, é o produtor dos seus filmes.

Por que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados pelos Trapalhões?
Não tenho certeza de os que críticos e a Academia rejeitem Os Trapalhões nos dias de hoje. Talvez na época não admirassem filmes populares e voltados para o público infantil.

Como classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Um cinema com temática simples e humor popular, que nos últimos filmes fez investimentos altos em desenvolvimento de produção. Muitas coisas no âmbito da tecnologia no cinema nacional só apareceram depois de terem acontecido nos filmes dos Trapalhões. Só quem trabalhou nas produções sabe, isso quase nunca foi divulgado...