Denise
Dumont
Atriz
Eu
gostaria que falasse do seu filme com Os
Trapalhões, Os
Vagabundos Trapalhões.
Foi
ótimo! Eu fazia muito teatro infantil e adorei ter a chance de trabalhar com eles
e de fazer algo em cinema para crianças. Meu filho Diogo nessa época tinha quatro
ou cinco anos de idade; portanto, eu fiz esse filme pra ele.
O
produtor dos Trapalhões a
assistiu em alguma peça infantil ou o convite partiu do próprio quarteto?
Não
sei onde eles me viram. Na época, eu fazia novela e já era bastante conhecida. Portanto,
não era difícil me achar. A produção era do Renato Aragão; e o diretor era o J.
B. Tanko, que, por coincidência, havia dirigido a minha mãe, Margot
Bittencourt, em O Comprador de Fazendas,
um filme dos anos 1950.
Quais
as principais recordações do quarteto?
Eram
todos adoráveis e grandes comediantes. Muito bom também trabalhar com a Louise
Cardoso e o Edson Celulari, que eram meus amigos.
Renato
Aragão, Dedé e Mussum tinham como característica a irreverência. Até nos
bastidores das filmagens, eles brincavam muito. Isso procede? As filmagens eram
descontraídas?
Sim,
eles eram doces, engraçados, bem-humorados e simpáticos.
Como
compôs a personagem da professora Juliana?
Por
eu ter um filho pequeno, não era nada difícil para mim ter carinho e cuidado por
outras crianças. Comecei por aí.
Recorda-se
em que local esse filme foi realizado?
No
Rio de Janeiro.
Qual local? Aquela caverna era cenografia?
Já
quebrei a cabeça e não consigo me lembrar! Se você descobrir, conte para mim,
por favor. Faz muito tempo!
Que
representava, naquele período, trabalhar em um filme com Os Trapalhões, que
eram certeza de sucesso de bilheteria?
Eu
não tinha essa perspectiva. Achava legal trabalhar com eles e fazer um filme que
meu filho pudesse assistir.
Você
acabou aceitando o convite por causa do seu filho? Ele chegou a ver de perto o
quarteto?
Eu
aceitei porque gostava deles e achei uma honra trabalhar com o grupo, além de
ser um prazer fazer um trabalho especialmente para o meu filho. E o Diogo conheceu
todos eles, o que foi uma delícia.
Durante
as filmagens havia muita improvisação?
Não
mais do que em outros filmes. Eles tinham uma relação muito familiar entre eles,
um já meio que sabia o que o outro ia fazer. Funcionava muito bem.
Como
foi o seu contato com o quarteto?
Muito
simpático. Tenho boas lembranças.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Eles
são rejeitados? Sempre achei que eles eram ícones da nossa Comédia. Como os Irmãos Marx, por
exemplo. Não sei. Talvez por serem direcionados ao público infantil!!
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Como
boa e doce Comédia para crianças especialmente.
No
filme, é curioso notar como são permitidos e aceitos (pela narrativa e pelo público)
pequenos roubos e enganações, em nome de um projeto de vida que vira
praticamente um projeto de integração social, um substituto emergencial de falhas
institucionais. Como analisa isso?
Era
uma Comédia! Sem dúvida, com crítica social; mas não acho que, em momento algum,
aquilo era uma apologia da desonestidade como solução para problemas sociais.
Havia um contraponto entre o cara rico, que não tinha tempo para dar carinho ao
próprio filho, e os “vagabundos”,
que, de uma maneira caótica e hilária, não tinham poder aquisitivo, mas estavam
cheios de amor para dar.
Gostaria
que contasse alguma curiosidade ou fato que tenha presenciado como testemunha
ocular desse trabalho com Os
Trapalhões.
Não me
lembro de nenhum fato extraordinário. Eram todos muito gentis e profissionais.