André é diretor, roteirista, produtor e montador. Estreou na direção de longas-metragens com ‘A marvada carne’. Já atuou como produtor, fotógrafo, montador, técnico de som, assistente de direção em 25 curtas e 16 longas-metragens. Seu último trabalho foi o longa ‘Reflexões de um Liquidificador’.
Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
O curta-metragem tem importância por si e pelo que anuncia e gera. Quase todos os diretores de longas passaram pelo curta e utilizaram esta prática como uma escola (alguns deles até fizeram curtas importantes). E muitos desses diretores foram anunciados pelos seus curtas. Mas isso é uma função secundária, pois a cinematografia brasileira de curta-metragem teve, ao longo do tempo, uma vida própria. Entre os filmes mais inovadores, livres, transgressores, os curtas se destacam.
Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque eles não têm espaço de exibição. E você dirá: como pode ter espaço de exibição, se não tem mídia? É o efeito tostines ao contrário...
Como deveria ser a exibição de curtas para atrair mais público?
Essa resposta é muito difícil de dar. Existia a obrigatoriedade do curta antes dos longas, mas esta experiência foi muito complicada e não deu resultados eficazes. Não sei como aumentar essa plateia, nem do longa nem do curta brasileiro. E em alguns momento sou bastante pessimista, pois acho que não estamos encontrando alternativas promissoras, e que o mundo conspira contra a exibição de cinema brasileiro de longa e curta-metragem.
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Esteticamente eu acho que é possível ser um cineasta só de curtas, sim, como há escritores que escrevem contos e poesias. Profissionalmente eu imagino que não se consiga sobreviver do formato. Nem os cineastas, nem as empresas produtoras. Mas o formato de longa também não ajuda muito nesse sentido.
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Pelos motivos descritos acima os cineastas de longa não se mobilizam muito para fazer curtas, e neste sentido pode-se dizer que eles marginalizam sim. Mas no sentido do preconceito, eu não acredito que haja marginalização.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Eu adoraria dirigir um curta. E fiz curtas e médias entre todos meus longas, sempre. Só não faço isto com mais frequência porque acharia muito feio se eu entrasse para concorrer a um prêmio estímulo da vida. E os projetos de longas me absorvem em tempo e energia. Quando me oferecem a direção eu gosto muito de fazer.
Qual é o seu próximo projeto?
Isso é segredo... estou com duas ideias em gestação e prefiro não falar sobre elas enquanto não estiverem paridas.