domingo, 25 de março de 2012

José Roberto Eliezer

Mais conhecido como Zé Bob. Formado em cinema pela USP, é um dos sócios fundadores de Associação Brasileira de Cinematografia. Iniciou sua carreira no cinema em 1975 como assistente de câmera. Seu primeiro filme como diretor de fotografia foi ‘Janete’ (1982), de Chico Botelho, que lhe rendeu o prêmio de melhor fotografia no Festival de Gramado de 1983. Dedica-se também a dezenas de curtas, documentários e comerciais.



Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Como laboratório de linguagem e formato mais acessível e democrático o curta-metragem é fundamental na formação de qualquer cineasta. Muitos expoentes da direção cinematográfica mundial surgiram como curtametragistas. No Brasil, essa lista é enorme. E a lista de curtas importantes também.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
A briga por espaço na mídia está cada vez mais acirrada. Se muitos longas brasileiros não conseguem lançamento e divulgação adequados, pros curtas então… A questão na verdade é econômica. Para os curtas sobram as poucas sessões especializadas e os festivais.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Creio que a boa frequência do publico nos festivais de curtas atesta o interesse das pessoas. Mas o maior problema para atingir um publico mais numeroso é sem duvida a distribuição, que já é deficiente para o cinema brasileiro como um todo. Só um circuito maior de exibição, mais espalhado pelas cidades do interior e periferias, poderia ampliar as salas disponíveis para o curta.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
É possível, mas o caminho natural é o do longa. A questão é o financiamento, vivemos numa época de editais, quantos um diretor de curtas pode ganhar?

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Creio que não, nunca tive essa impressão... Nem vejo motivo, quem é do Cinema sabe valorizar um bom filme, independentemente da duração.

Pensa em dirigir um curta futuramente?

Gosto muito da minha profissão de Diretor de Fotografia, estou feliz em poder filmar com regularidade, curtas e longas, ficção e documentário. Mas se um dia eu tiver na mão um bom roteiro, quem sabe…