quinta-feira, 19 de março de 2015

Julio Adrião


Ator. Em 2007, participa da minissérie "Amazônia", da Rede Globo. No ano seguinte, atua no filme "Verônica", de Maurício Farias, e, em 2009, é convidado pela Nat Geo (Inglaterra) para o papel do traficante John, na série "Locked up Abroad – Brazil" (Férias na prisão). Ainda em 2009, participa do longa "Sudoeste", com direção de Eduardo Nunes, no papel de Sebastião. Em 2010, foi o Governador Gelino, em "Tropa de Elite 2" e o Dr. Guido, em "A Quente, a Frio", de Juliana Reis.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Considero todas as oportunidades de trabalho, pois é sempre um novo momento de aprendizado.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Foram poucas, mas, sempre muito bem-vindas. Meu primeiro contato com a câmera foi em curtas e aprendi a cada vez. Tive a sorte de trabalhar com pessoas que sabiam o que queriam e que souberam me transmitir isso. Acredito no trabalho de equipe, olho no olho, respirando junto e não apenas cumprindo uma função.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acredito que, assim como para as cenas-curtas de teatro, não existe um modelo comercial para absorver essa demanda. Tempos atrás você ia assistir a um longa e assistia, de quebra, a um curta que você nem sabia que existia. Era um modelo interessante de fazer chegar ao público, mas, ao fim de um dia de exibições, esses 20 minutos se tornavam 100 minutos e acabavam por eliminar um dos horários do cinema, e isso era contrário ao interesse dos exibidores. A crítica parece dar espaço somente aos curtas-metragens que são premiados em festivais, ainda assim, não recebem o mesmo espaço dos longas, o que é uma injustiça.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acredito que o antigo formato de exibição antes dos longas-metragens já era um avanço. Atualmente existem programas de TV que exibem curtas. Isso poderia acontecer mais. Jornadas de curtas seriam também uma forma. Salas pequenas, com programação intensa de curtas seria lindo. Imagine poder esperar por um compromisso assistindo a um curta. Seria como sair para o recreio no meio do dia de trabalho.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Todo espaço criativo é campo de experimentação. Não vejo diferença, a não ser pelo formato mais curto e, eventualmente, mais econômico que um longa.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Pode ser.  É sem dúvida um formato que permite uma aproximação, mas não vejo como um espaço de menor compromisso com a qualidade de qualquer um dos envolvidos na produção.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Receitas, como as de cozinha, são apenas um registro de algo que um dia funcionou, mas que, nem por isso, deva ser seguido à risca. De qualquer modo, a criatividade do artista brasileiro sempre esteve muito ligada à limitação de recursos a serem driblados para a concretização da ideia. Desse modo, com a atual maior facilidade técnica em se rodar um filme, longa ou curta-metragem, creio que a melhor receita seja a de sempre: trabalhar com o que você acredita e com pessoas que acreditam e gostam de você. A relação humana ainda faz a diferença. Além disso, os editais já melhoraram nossa realidade de produção e irão melhorar, mais ainda, com o aprimoramento das leis e do formatos dos editais.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não corro atrás de ter uma ideia. Espero pela contaminação. Se um dia isso acontecer, certamente darei meu jeito.