Ator. ‘Bezerra
de Menezes: O Diário de um Espírito’; ‘O Som ao Redor’; ‘Era Uma Vez Eu, Verônica’;
entre outros filmes, constam em sua importante filmografia.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos
curtas para atingir mais público?
Houve, décadas atrás, a obrigatoriedade de
exibição de um curta-metragem antes de todo e qualquer longa, mas os
exibidores, irritados, selecionaram – é o que me consta – os shorts piores
possíveis, para que o público exigisse o fim da medida. Vi, de fato, a multidão
vaiando alguns desses trabalhos ruins, no cinema, impaciente para ver o filme
principal. Como a ideia, em si, me parece boa, fica a sugestão de que a seleção
dos “complementos” da programação seja feita por quem é do ramo.
O curta-metragem para um profissional (seja
ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade
para experimentação?
Neste momento vivo a euforia ante ‘O Som ao
Redor’, do Kleber Mendonça Filho, de que participei, como ator. Porque o filme
é poderoso, inovador. Mas basta ver a filmografia anterior do cineasta
pernambucano, para ver que foi nos curtas que ele “se formou”, “tornou-se o que
é”.
O curta-metragem é um trampolim para fazer um
longa?
Se você fizer pergunta semelhante pra um
contista, “Conto é trampolim pra romance?”, ele certamente será grosseiro.
James Joyce sabia que conto é conto – ou não teria feito “Dublinenses” –
romance é romance, ou não teria produzido “Ulisses”. Machado contista é um,
Machado romancista é outro. São gêneros absolutos em si. Como Michelangelo
escultor, Michelangelo pintor, Michelangelo poeta, Michelangelo arquiteto. Não
vejo como, por exemplo, querer que o curta “A Canga”, do Marcus Vilar, de que
fui roteirista e ator, tornar-se “melhor” na adaptação de minha novela com o
mesmo nome. Um selo pode ser uma obra-prima, tanto quanto um outdoor.
Qual é a receita para vencer no audiovisual
brasileiro?
Seriedade. Trabalho. Uma coisa foi minha
participação em filmes em que o diretor perguntava se o texto estava decorado e
fazia um ensaio com luz e câmera, outra,
as em que tive laboratório e ensaios de grande intensidade.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Nunca me imaginei como diretor.