Professor de cinematografia e cineasta. ‘Futuro do Pretérito:
Tropicalismo Now!' é um filme dirigido por ele.
O que te faz aceitar
participar de produções em curta-metragem?
Comecei minha carreira em
cinema, nos anos 80, realizando dois curtas em 35 mm, com financiamento da
extinta Embrafilme. Sempre foi um desafio da busca por novas linguagens, o que
acredito ter conseguido em ‘Branco & Preto’, com Bete Coelho, e produção da
Superfilmes. Hoje em dia, o desafio é igual. Recentemente, fiz um documentário
(pouco mais do que) curta chamado ‘100% Jardim Ângela’, junto com Lili
Bandeira. E foi interessante usar um tema social com linguagem experimental.
Conte sobre a sua
experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Na verdade, há uma enorme
diferença dos anos 80, quando realizei ‘Ondas’ e ‘B&P’, no quesito técnica
e tecnologia. Mas o espírito é o mesmo. Sensação de frio na barriga, de
descoberta na hora do set e, especialmente, no exercício da montagem.
Por que os curtas não têm
espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Apesar do belíssimo trabalho
realizado pela Kinoforum e pelo Festival Internacional de SP, a mídia como um
todo encara como subproduto ou algo para iniciante. O que definitivamente não
é. As TVs a cabo, com a nova Lei do Audiovisual, tem apelado para exibição de
curtas como forma de cumprir as cotas e as regras... Quem sabe....
Na sua opinião, como deveria
ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Um
acordo com os Mercados Distribuidor e Exibidor para as grandes salas – uma
negociação sempre mal feita. Um acordo com as emissoras abertas também. E uma
política de educação, com um olhar mais para BBC do que para a política...
O curta-metragem para um
profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de
liberdade para experimentação?
Sim, sim e sim. Abertura de
olhos e ouvidos em todas as áreas... inclusive figurino, maquiagem, técnica
etc....
O curta-metragem é um trampolim
para fazer um longa?
Pode
ser, mas não é o canal necessário. Isso passou. Dá para ser curta metragista a
vida inteira, sem medo de ser feliz.
Qual é a receita para vencer no
audiovisual brasileiro?
Estudo e pesquisa, pesquisa e
estudo. Hoje em dia, as pessoas tem se perdido em cópias fáceis, em efeitos da
moda e em novidades tecnológicas. Tem de ir além. Tem de ouvir a equipe e saber
conduzi-la...
Pensa em dirigir um curta
futuramente?
Sempre,
embora ele esteja mais para o formato televisivo e menos para a grande tela.
Talvez por oportunidade, talvez por necessidade. Se pintar convite, melhor
ainda...