Foi
o primeiro clown brasileiro a integrar o projeto Doutores da Alegria deWellington Nogueira,
onde trabalha dede 1991.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Participei de curta-metragem de amigos que cursavam
a ECA-USP e fiz a figuração da figuração. Se não me engano era do Rubens
Rewald. Isso faz muito tempo nos anos 80/90. Eu era estudante e passamos a
noite numa sala de aula gravando. Fizemos por diversão e amizade. Ainda não era
atriz, estudava biologia na faculdade. Depois participei de dois documentários,
já como atriz e palhaça: um sobre o Doutores da Alegria e outro sobre a poeta
Orides Fontela. O filme sobre os Doutores foi a filmagem de um trabalho que
faço como palhaço desde 1991. E o documentário sobre a Orides Fontela foi o
convite feito pelo Ivan Marques para o Cia As Graças e que nos permitiu mergulhar na obra dessa poeta ainda
pouco conhecida.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Participei do documentário sobre o Doutores da
Alegria, mas era um longa-metragem e talvez por ser filmado de forma
extremamente descontraída e sutil, pois era filmado dentro de quarto de
hospitais da forma mais invisível possível, não tive a sensação de estar num
longa metragem. Foi uma experiência muito deliciosa, pois não nos tirou do
nosso cotidiano de trabalho, a equipe de filmagem era ótima e a diretora Mara
Mourão com seu filme tornou acessível um trabalho que é feito para poucas
pessoas dentro dos hospitais.
Fiz também um documentário com o Cia Teatral as
Graças da qual faço parte: "Orides - A um passo do pássaro", sobre a
poeta Orides Fontela, dirigido pelo jornalista Ivan Marques para a TV Cultura.
Muito sensível, nos apresentou a obra da poeta, desconhecida para nós até
então, e principalmente conhecer a vida, entrevistas, a pessoa Orides Fontela.
Sua vida intensa e atribulada, concisa, precisa e contundente com as palavras
na vida e na obra.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Os jornais e críticas tem pouco espaço para a
diversidade de produtos culturais que é feito hoje em dia. Não creio que as
críticas de jornais e mídia em geral darão conta de divulgar, comentar, apoiar
o que não esteja no eixo de uma maioria. Talvez o caminho seja espaços como
blogs, Youtube! e outros que possibilitem o acesso aos curtas que é uma forma
bem apropriada a esse tipo de mídia.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Minha paixão por curtas veio de uma mostra feita
pelo MIS de curtas premiados há muitos anos atrás. Vi quase todos e tenho
muitos deles ainda gravados na memória. Pois são poesias, num curto espaço de
tempo conseguem mover muita coisa dentro da gente. Mostras e festivais tendem a
atrair mais a atenção. Permitem uma visão mais abrangente, fomentam a
discussão, geram interesse.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sim.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Penso que sim. No teatro, os festivais de cenas
curtas tem sido bons incentivos para a criação de espetáculos. Pois permite a
apresentação precoce de uma cena, a discussão com o público e com os outros
participantes do festival. Permite sentir se estamos indo no caminho certo. Nos
dá mais direção e amplia a conversa com o público e a troca com colegas de
profissão. Imagino que no cinema deva ser parecido.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Incentivo cultural, apoio financeiro, continuidade,
liberdade de criação, formação de público, trabalho, inspiração e sorte.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Quem
sabe?