Cineasta. Dirigiu o documentário Porta a Porta – A Política em Dois Tempos.
O
que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Independente da dimensão da produção ou tempo do
filme, meu critério num projeto cinematográfico nasce a partir de uma
inquietação pessoal de comunicação com o público. Não que eu atue somente em
projetos nos quais identifico, mas acredito sim que tendo em vista o foco do
curta metragem ser tão específico, necessitando de uma maior atenção em vários
aspectos, me proponho a participar de projetos que devam ser passados ao
público em geral, que possuem uma mensagem e que de algum modo vão
permanecer na memória de cada telespectador.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
A minha experiência com curta metragem foi ao mesmo
tempo sofrida e divertida. Contei com uma equipe motivada, disciplinada e
apaixonada pelo o que faz, proporcionando, assim, uma sinergia incrível no set
de filmagem. Ademais, nos projetos nos quais participei, mesmo sempre com
orçamento baixo, o coletivo e a paixão pelo que eu faço falam mais alto e
compensam o stress do cotidiano e os problemas imprevisíveis que ocorrem
durante a filmagem.
Por
que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em
geral?
Evidentemente existe uma limitação de curtas
metragem no circuito comercial de cinema e mídia em geral, porém devemos ter o
discernimento que nem todos os projetos são realizados para terem a mesma
dimensão. Afinal, a razão pela qual os curtas não possuem tanto espaço nas
críticas, se deve ao fato de possuir um público especial, específico, e, ao
mesmo tempo um tanto plural. Desse modo, defendendo essa diversidade, devemos
mostrar a mídia em geral que é possível equalizar o que assistimos, ou seja,
ver tanto os filmes de grandes públicos, bem como aquele que é pequeno e nem
por isso é menos interessante.
Na
sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
A princípio, não saberia prever como seria a
recepção do público, mas seria interessante voltar a prática de tempos atrás e exibir
um curta metragem antes das sessões principais nos cinemas.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
No meu ponto de vista, o curta-metragem em razão de
ser um projeto de baixo orçamento, sem grande apelo comercial, proporciona uma
maior liberdade para a improvisação aos realizadores e consequentemente uma
menor pressão. Sendo assim, os realizadores do projeto focam nas experimentações,
inovações e até mesmo colocam uma porção de sua personalidade em cada projeto.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Obviamente que através da realização de uma curta
metragem, o diretor consegue mostrar sua capacidade em dirigir um filme maior,
adquire uma musculatura, tendo em vista que nas produções de curtas metragem,
acaba por adquirir uma vasta experiência no set. No entanto, não se pode
olvidar em cair na armadilha de achar que é mais fácil, uma vez que, tanto o
curta como o longa metragem requer de uma infinidade de detalhes e o empenho em
cada um tem que ser o mesmo.
Qual
é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
A regulamentação de financiamento do cinema
brasileiro passou por uma grande transformação, consequentemente o cinema
nacional vem cada vez mais ocupando seu espaço, aliás, diga-se de passagem,
mais que devido. Desta forma, é difícil ter uma receita, já que cada obra
tem sua peculiaridade, sua paixão e carisma, porém, acredito, mesmo sendo
um tanto sucinto, que a melhor forma para atingir o seu objetivo é confiar em
sua própria intuição.
Pensa
em dirigir um curta futuramente?
Mantenho o horizonte sempre aberto a novos projetos.