domingo, 15 de fevereiro de 2015

Camila Turim


Atriz. Atuou no curta “Entre Paredes Abertas”.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O exercício cinematográfico. Na verdade muitas vezes aceitar fazer parte de um curta tem um risco, porque nunca sabemos como irá resultar. Entretanto vejo como uma grande oportunidade para descobrir caminhos para a atuação.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Tive experiências muito gratificantes e acabei conhecendo pessoas talentosas e batalhadoras. Passei por alguns perrengues também, como filmar em lugares sem autorização e diárias que se estenderam noite adentro. Mas tudo é maravilhoso quando todos estão comprometidos com a realização de um projeto.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque não existe um mercado de curtas metragens. Por mais fantástico que seja o filme, ele percorrerá alguns festivais, ganhará alguns prêmios. Mas só será visto pelas pessoas que fazem parte do meio áudio visual. O curta não atinge público. Logo é difícil até mesmo conseguir subsídios para as produções. A atenção de mídia seria natural se houvesse uma demanda para tal. A questão é o crescimento do mercado do cinema nacional. Quanto mais incentivo para o nosso cinema, mais produções de curtas, mais publico e mais mídia.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
No Brasil o espaço para estas produções ainda é muito restrito infelizmente. Alguns canais de TV a cabo abrem espaço para veiculação de curtas. Falta espaço nas salas de cinema e nos canais abertos.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Em geral o curta-metragem é o espaço para ousar. Nesse sentido é muito importante para o crescimento artístico, na medida em que só se descobre algo novo quando nos permitimos ser irresponsáveis.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Funciona assim para os diretores. Para nós atores, acho bacana passarmos por essa experiência. Claro, que na medida em que seu trabalho é visto em festivais talvez suas chances de estar em um longa-metragem aumentem. Mas não faço nenhum trabalho pensando para onde ele pode me levar no futuro. Quando estou em cena, seja no teatro ou no meio áudio visual, penso apenas no presente. E em como posso contribuir para criar uma obra honesta.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não sei ao certo. Se alguém souber, me diz (risos). Mas acredito que “vencer” no meio artístico é um conceito dúbio e a palavra em si, um tanto perigosa. Prefiro a palavra perseverar, que esta mais ligada ao trabalho contínuo. A qualidade vem do talento, mas também e principalmente da repetição. O aumento das produções do cinema nacional com certeza é o caminho para que tenhamos um cinema de qualidade e diversidade artística. É preciso abrir espaço para se criar uma indústria e também incentivar produções independentes.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Tenho formação em jornalismo com especialização em vídeo documentário. Durante a faculdade dirigi alguns curtas e médias metragens. Por enquanto meus planos estão mais ligados a minha historia como atriz. Mas para o futuro não descarto nenhuma possibilidade. O homem contemporâneo é assim diverso em sua natureza e como artista tomarei sempre o caminho que me permita ser mais livre na minha expressão.