Atriz, modelo e apresentadora do programa Bastidores, exibido
no Multishow.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Hoje eu
sigo os mesmos critérios para escolher os trabalhos que faço. Leio o roteiro
com cuidado, acho que essa é a parte mais importante. A ideia, a história tem
que me pegar de algum jeito - por ser um desafio, por ter uma equipe da qual eu
queira fazer parte, por me inspirar... não gosto de fazer algo por fazer. Não
importa se é um curta, um longa, uma série de TV, uma peça de teatro - se a
proposta me interessar, se o projeto fizer sentido pra mim, faço com prazer.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Já fiz
cinco curtas desde que comecei a trabalhar como atriz, e estou me preparando
para rodar o sexto em fevereiro. Rolou de tudo um pouco, curta de amigo, TCC de
faculdade de cinema, filme super amador, outro mais profissional... Em muitos
casos, os curtas não têm muita grana, então acabei me envolvendo mais
pessoalmente com alguns projetos. Topei fazer sem cachê, emprestei minhas
roupas, liberei a casa para a locação. Mas eu gosto disso, todo mundo se ajuda
e faz uma coisa legal.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Não sei
te dizer. Não é um formato que receba muito destaque mesmo, a não ser dentro
dos festivais específicos. A internet acaba sendo o maior meio de divulgação
desses filmes. É uma pena, mas ao mesmo tempo, me parece que esse é o caminho -
a internet está em todos os lugares, e ela tem se mostrado uma ferramenta muito
eficiente para divulgar, bom, de tudo... Mas é importante reconhecer esse
espaço, porque funciona.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Fico
pensando que ao invés de vinte minutos de trailers antes da exibição de um
longa, por que não um curta? Ou de repente uma sessão no cinema com três ou
quatro curtas também poderia ser uma tentativa... mas acho difícil encontrar
esse espaço nas salas de cinema hoje em dia. Ainda é complicado distribuir um
longa nacional, então me parece que a internet é mesmo o caminho para chegar
nas pessoas, por enquanto.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sinceramente,
acho que qualquer projeto pode ser um grande campo de liberdade para
experimentação. Entendo que muitas vezes, em projetos maiores e menos
independentes ou alternativos, a gente tenha que seguir os padrões do projeto e
não os nossos. Por isso os projetos menores, como um curta, podem ser mais
livres. Muitas vezes eles são mais pessoais e autorais. Sem dúvida, é algo para
saborear e aproveitar, é assim que se descobre estilo, que se cria linguagens;
é assim que descobrimos o que queremos dizer para os outros. Mas realmente
acredito que podemos levar a liberdade que temos dentro de um projeto pessoal
para pelo menos alguns dos nossos outros projetos.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Bom, eu
já fiz cinco curtas e ainda não fiz um longa... (risos). Não saberia dizer o
que é um trampolim para o que nessa profissão. Acho que o verdadeiro trampolim
talvez seja a dedicação, o estudo, um pouco de sorte (?) e muita vontade de
fazer isso que a gente faz.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não
acredito que exista uma receita. Como acabei de falar na resposta anterior, é
uma combinação de muitas coisas. Nada é garantia de nada. E quando penso no meu
trabalho, no meu futuro, eu penso em permanecer - e talvez essa seja a
verdadeira vitória pra mim - poder atuar por muito tempo, poder fazer o meu
trabalho cada vez melhor. Quero alargar a minha experiência da vida, do mundo,
quero conhecer mais pessoas e lugares, e quero trabalhar muito no teatro, na
televisão, no cinema. Enfim, acho que a receita pode ser o desejo - mas isso
não é só pro audiovisual brasileiro. É mais pra vida mesmo.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Nunca
pensei nisso. Mas fico observando meus amigos, meus colegas, meus pais, e vejo
que esse desejo de dirigir (ou produzir também) aparece em algum momento, quase
sempre. Talvez seja uma maneira de se reinventar, de descobrir um território
inexplorado dentro da própria casa, por assim dizer. Quem sabe um dia?