Ator, diretor e aderecista. Em
sua carreira de ator destacam-se as montagens de “Closer”, de Patrick Marber,
“A Bilha Quebrada”, de H. von Kleist, “Os Lusíadas” poema épico de Luis de
Camões, e "Anatomia Frozen".
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Eu gosto de conhecer primeiramente o roteiro,
conversar com o diretor e discutir a linha de trabalho com ele, conhecer o
cronograma de gravações e ver o "story bordy". Se tiver verba de
produção para o trabalho peço sempre ajuda de custo ou cachê se estiver
previsto, normalmente tem e nem preciso pedir.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Gravei alguns com diretores diferentes, propostas
diferentes e todos os diretores sempre muito criativos e dedicados ao trabalho,
me senti sempre confortável nas gravações. Pra mim é também uma forma de
experimentar a linguagem. Diria que é uma via de mão dupla, uma simbiose, adoro
e sempre que possível fecho com todos os trabalhos nos quais sou convidado.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
É uma pergunta que sempre me faço, acho que faltam
pessoas especializadas e/ou capacitadas para exercerem a crítica dos curtas-metragens,
embora já tenha visto algumas quando da exibição em festivais e mostras de
curtas. Não passavam de comparações muitas vezes maldosas com outros trabalhos
anteriores dentro da linguagem dos curtas. Acredito que a crítica pode ir além
disso, uma vez que tantos profissionais estão envolvidos na realização do
trabalho e cada um dentro de uma competência artística (roteiro, fotografia,
iluminação, figurino, interpretação, enfim).
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Vi há alguns anos curtas sendo exibidos antes da
exibição dos longas-metragens achei uma iniciativa muito legal e que
popularizou um pouco mais. Creio que o diretor ao produzir o curta-metragem
imagine que seu trabalho será exibido numa tela de cinema e não no Youtube!.
Anos atrás quando universitário adorava ver a mostra do "Clio" onde
publicidades premiadas do mundo todo eram exibidas em sessão única numa sala de
cinema ou similar. As mostras cumprem de certa forma esse papel, embora a
seleção deixe de fora trabalhos muito bons.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
É um campo, não sei se o grande campo, uma vez que
este título pertence aos longas-metragens, que tem um meio muito fechado, onde
o sucesso de bilheteria parece mais importante que o próprio filme, assim deixa
de ser arte e vira comércio. Diria então, que é um lugar onde pessoas menos
conhecidas da mídia transitam em busca de "experimentação", ou como
no meu caso em particular, por adorar o "gênero". É uma forma de
conhecer a linguagem muitas vezes sintética e reflexiva dos curtas, que não difere
da estrutura dos longas. Todos os profissionais estão ali dando tudo de si na
distribuição da tarefa de fazer um filme, para se comunicar. A forma de
expressão artística é o que importa, a capacidade de comunicar e se comunicar.
O que convenhamos não é uma tarefa fácil. Ninguém para escutar uma estória. A
narrativa deu lugar ao informe jornalístico, assim como o romance à crônica,
porém quem "julga" a linguagem é quem se identifica com ela. Nesse
sentido "liberdade" e "experimentação" podem ou não
acontecer.
O curta-metragem
é um trampolim para fazer um longa?
Não
sei... nunca fui convidado para um longa por ter feito curtas, creio que não.
Pode ser que um ou outro diretor passe a filmar longas e te chame porque confia
no teu trabalho como intérprete, mas isso pode também ser apenas uma
necessidade, uma adequação, enfim.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não tenho. Acho que perseverança, otimismo,
dedicação, organização, planejamento sempre ajudam.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Não pensei muito no assunto, mas já que pergunta, eu
tenho vontade e sim!