segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Sandy Lee


Atriz. É integrante da PervertArt Cia. de Teatro e sócia-proprietária da produtora independente Wiz Produções.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Primeiramente porque eu amo cinema.  Um bom roteiro, a própria experiência de fazer parte desse mundo mágico e fascinante,  a direção, a equipe e os atores envolvidos, a produção em si...  gosto de participar do processo todo.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Num longa, eu tenho mais tempo pra entender um personagem e criá-lo. Num curta, o processo é bem rápido, você tem um breve espaço de tempo pra se fazer entender e passar a sua mensagem. O ambiente é mais intimista, equipe e elenco menor, tempo de produção menor. Mas esse ¨menor¨ fica maior porque está todo mundo se ajudando, envolvido para que aquele projeto dê certo. Enquanto num longa pode-se demorar meses gravando, num curta você pode finalizar tudo em uma única diária. Então o desgaste é menor, embora quando se faz o que gosta, não tem isso. Atualmente, estou participando da gravação de um curta chamado Avenida Paulista, cuja história é interligada com uma série de outros curtas e as pessoas envolvidas, o processo todo está sendo incrível, muito gratificante.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Exceto em festivais, e em sua grande maioria no exterior, canais de TV fechada ou pela internet você não vê um curta sendo exibido na grade de programação de grandes emissoras  ou em salas de cinema. Mesmo tendo muito mais produções de curtas do que longas sendo feitas no Brasil (até porque fazer cinema é bem caro), não está inserido na nossa cultura como as novelas, minisséries, os próprios longas-metragens e, se não há essa exibição aberta, esse incentivo, não há interesse. Infelizmente tudo gira em torno do dinheiro. Se não tem divulgação, não tem público; se não tem procura, não há atrativo para que haja investimento por parte dos patrocinadores e/ou anunciantes (se for exibido na TV, por exemplo). E se não ¨vende¨, a mídia ignora. É o que eu creio que aconteça. Mas na verdade, uma coisa leva a outra, o processo teria que ser o contrário. Investir, divulgar pra incentivar o interesse e gosto por essas produções.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Os espaços para a exibição dos curtas deveriam ser ampliados. Inseri-los na grade de programações das grandes emissoras, seja da TV aberta ou fechada. Exibi-los nessas salas populares de cinema, como as que existem nos shoppings centers, por exemplo, ainda que seja antes da exibição dos longas-metragens, como fazem com os trailers. Com essa maior exposição, aumentaria o público para esse segmento e creio que em curto espaço de tempo, cairia no gosto popular.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Acho que essa liberdade de experimentação existe em todos os campos, depende da proposta da produção. Mas é fato que muitos cineastas, atores começaram a fazer cinema com um curta, então é natural que exista essa experimentação.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Como eu respondi anteriormente, pode ser sim, já que muitos começam com essa experimentação do curta.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não sei se tem uma receita, mas eu acredito que é uma boa produção, bons profissionais envolvidos e uma boa divulgação, assim como no teatro. É uma tríade, um não funciona sem o outro.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Além de atuar eu também escrevo e, quando se escreve, você já tem uma ideia de como quer que a história seja mostrada, já imagina aquilo pronto, já vê seus personagens com vida, sabe o que quer deles.  E acho que dirigir é dar vida a isso tudo. Não só as minhas histórias, como de outros autores/escritores/roteiristas, então a ideia de dirigir um curta faz parte de um dos meus futuros planos sim.