Atriz. É integrante da PervertArt Cia. de Teatro e sócia-proprietária da produtora
independente Wiz Produções.
O que te faz aceitar participar de produções em
curta-metragem?
Primeiramente
porque eu amo cinema. Um bom roteiro, a
própria experiência de fazer parte desse mundo mágico e fascinante, a direção, a equipe e os atores envolvidos, a
produção em si... gosto de participar do
processo todo.
Conte sobre a sua experiência em trabalhar em
produções em curta-metragem.
Num longa, eu tenho mais
tempo pra entender um personagem e criá-lo. Num curta, o processo é bem rápido,
você tem um breve espaço de tempo pra se fazer entender e passar a sua
mensagem. O ambiente é mais intimista, equipe e elenco menor, tempo de produção
menor. Mas esse ¨menor¨ fica maior porque está todo mundo se ajudando,
envolvido para que aquele projeto dê certo. Enquanto num longa pode-se demorar
meses gravando, num curta você pode finalizar tudo em uma única diária. Então o
desgaste é menor, embora quando se faz o que gosta, não tem isso. Atualmente,
estou participando da gravação de um curta chamado Avenida Paulista, cuja
história é interligada com uma série de outros curtas e as pessoas envolvidas,
o processo todo está sendo incrível, muito gratificante.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de
jornais e atenção da mídia em geral?
Exceto em festivais, e em
sua grande maioria no exterior, canais de TV fechada ou pela internet você não
vê um curta sendo exibido na grade de programação de grandes emissoras ou em salas de cinema. Mesmo tendo muito mais
produções de curtas do que longas sendo feitas no Brasil (até porque fazer
cinema é bem caro), não está inserido na nossa cultura como as novelas,
minisséries, os próprios longas-metragens e, se não há essa exibição aberta, esse
incentivo, não há interesse. Infelizmente tudo gira em torno do dinheiro. Se
não tem divulgação, não tem público; se não tem procura, não há atrativo para
que haja investimento por parte dos patrocinadores e/ou anunciantes (se for
exibido na TV, por exemplo). E se não ¨vende¨, a mídia ignora. É o que eu creio
que aconteça. Mas na verdade, uma coisa leva a outra, o processo teria que ser
o contrário. Investir, divulgar pra incentivar o interesse e gosto por essas
produções.
Na sua opinião, como
deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Os espaços para a
exibição dos curtas deveriam ser ampliados. Inseri-los na grade de programações
das grandes emissoras, seja da TV aberta ou fechada. Exibi-los nessas salas
populares de cinema, como as que existem nos shoppings centers, por exemplo,
ainda que seja antes da exibição dos longas-metragens, como fazem com os
trailers. Com essa maior exposição, aumentaria o público para esse segmento e creio
que em curto espaço de tempo, cairia no gosto popular.
O curta-metragem para um profissional (seja ele da
atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para
experimentação?
Acho que essa liberdade
de experimentação existe em todos os campos, depende da proposta da produção. Mas
é fato que muitos cineastas, atores começaram a fazer cinema com um curta,
então é natural que exista essa experimentação.
O curta-metragem é um trampolim para fazer um
longa?
Como eu respondi
anteriormente, pode ser sim, já que muitos começam com essa experimentação do
curta.
Qual é a receita para vencer no
audiovisual brasileiro?
Não sei se tem uma
receita, mas eu acredito que é uma boa produção, bons profissionais envolvidos
e uma boa divulgação, assim como no teatro. É uma tríade, um não funciona sem o
outro.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Além de atuar
eu também escrevo e, quando se escreve, você já tem uma ideia de como quer que
a história seja mostrada, já imagina aquilo pronto, já vê seus personagens com
vida, sabe o que quer deles. E acho que
dirigir é dar vida a isso tudo. Não só as minhas histórias, como de outros
autores/escritores/roteiristas, então a ideia de dirigir um curta faz parte de
um dos meus futuros planos sim.