Ator, apresentador, mestre de
cerimônias e locutor. Em seu currículo fazem parte as peças “Bodas de Sangue”,
de Federico Garcia Lorca, “Zona Contaminada”, de Caio Fernando Abreu, e “As
Aventuras de Pardoca”, todas com direção de Atílio Bellini Vaz. “Pente Fino”,
com direção de Roberto Lage, “De Corpo Presente”, texto e direção de Mara
Carvalho, “Novelo”, direção de Zé Henrique de Paula e “Brincando com fogo”,
direção de Nelson Baskerville. No
cinema atuou nos curtas “Identidade”, com direção de Fernando Meirelles e Nando
Olival, “A Última Partida”, com direção de André Vianco e “Meu nome e Clint”. Atuou
em mais de 100 filmes publicitários e eventos corporativos para clientes como:
“Parmalat”, “Peugeot”, “Telefônica”, “Tim”, entre outros. Fez parte do elenco do programa “Senta
que lá vem comédia” da TV Cultura, e das novelas “Pícara Sonhadora” e “Amigas e
Rivais”. Está no programa TelecursoTec, veiculado na Rede Globo, TV Cultura e
Canal Futura e no programa “O Porco e o
Magro” exibido pelo Canal Futura.
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Em geral o roteiro e a direção. Eu estou
sempre em busca de bons personagens que me deem condições de desenvolver um
trabalho interessante. Isso só acontece quando ficamos diante de um grande
roteiro. Me interessam roteiros que tenham capacidade de captar e expressar a
alma humana de maneira pura, sensível. E fundamental também e confiar na direção
porque no cinema o ator acaba tendo pouco controle sobre o resultado final do
trabalho, então para um bom resultado acontecer você precisa se entregar de
maneira intensa, sem restrições, e sem confiança em quem dirige isso não seria possível.
Conte sobre a sua experiência em
trabalhar em produções em curta-metragem.
Tive poucas oportunidades de fazer cinema.
Infelizmente. Mas sigo esperando boas oportunidades e sei que elas surgirão.
Participei de três produções: “Identidade” com direção de Fernando Meirelles e
Nando Olival, “A ultima partida” com direção de André Vianco e “Meu nome é
Clint”, o mais recente em fase de pós-produção. A respeito da primeira, foi uma
experiência fantástica trabalhar com diretores dessa qualidade e com a
infraestrutura de uma produtora como a O2 Filmes. Já havia sido dirigido pelo
Fernando em um comercial para a TV, meses antes do lançamento do “Cidade de
Deus” em 2002. Ali já conheci um pouco da sua maneira de trabalhar e não ha
como não gostar. Simples, objetivo. Um cara que sabe o que quer e sabe
transmitir ao ator o que ele pretende. Ai fica fácil. Já havia trabalhado também
com o Nando em um comercial. Outro cara fantástico, grande diretor. Foi bom
demais. Em “A ultima partida” foi totalmente diferente porque era um projeto
mais alternativo sem muita infraestrutura na produção e sem dinheiro, mas com
uma grande paixão em realizar, fazer cinema. O filme e baseado em um conto homônimo
do próprio André Vianco. Não tenho duvida em dizer que o que me fez participar
foi acreditar nesse cara. Um grande escritor e apaixonado por cinema. Nos
conhecemos ali e somos amigos ate hoje. Participei inclusive mais recentemente
de um programa piloto dirigido por ele chamado “O turno da noite”, baseado em
um de seus romances de maior sucesso. Em breve uma serie de TV. “Meu nome é
Clint” um filme com um argumento genial e o roteiro muito bom desenvolvido por
um grande amigo e parceiro de empreitadas: Mario Luiz. A história de um homem
que vive a vida acreditando ser Clint Eastwood e que se comunica com o mundo através
de frases de seus personagens.
Por que os curtas não têm espaço em
críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que falta ainda formarmos uma cultura de
exibição de curtas em veículos de grande alcance. Mas também acho que e um
formato que não tende ao grande publico, por característica mesmo, e talvez dai
o pouco interesse da mídia no segmento. O que é uma bobagem porque mesmo não
sendo um formato de massa sabemos que ha um publico talvez não tão grande, mas
muito qualificado que acompanha as produções dos curtas. Mas acho também que isso
já começa a se reverter. Temos hoje canais de TV fechada exibindo curtas o que
ha pouco tempo parecia improvável.
Na sua opinião, como deveria ser a
exibição dos curtas para atingir mais público?
O caminho começou a se abrir para isso como
disse ha pouco com a exibição em canais de TV fechada e ate com a criação de
canais específicos para curtas. Agora quando falamos de grande publico temos
que pensar inevitavelmente na exibição em TV aberta. Sinceramente acho difícil
que isso aconteça de forma regular e não apenas eventualmente. A TV aberta vive
de números, de audiência, não se pensa com visão de qualidade e sim apenas de
quantidade. Então…
O curta-metragem para um profissional
(seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para
experimentação?
Sem duvida que sim. Um curta e sempre uma
obra de arte sem muito compromisso com o publico, com o alcance, com os
resultados de audiência, etc. Isso da um caráter que possibilita a criação mais
pura, experimental. Num paralelo temos a liberdade na produção do teatro de pesquisa,
de grupo. Tanto um quanto o outro são feitos de vontade, amor pela arte e cooperação
de gente que sonha e realiza.
O curta-metragem é um trampolim para
fazer um longa?
Não necessariamente, mas pode ser. No caso de
um ator não e nada fácil conseguir espaço nas produções dos longas, então fazer
curtas além de dar bagagem, experiência expõe seu trabalho aos produtores,
diretores, etc. No caso de quem produz e dirige também vejo como um caminho
pelos mesmos motivos.
Qual é a receita para vencer no audiovisual
brasileiro?
Não acredito em receitas prontas para vencer
em seja lá o que for, mas algumas características ajudam quem quer vencer no
que se propõe a fazer. Trabalhar com muita dedicação e amor ao trabalho.
Vontade de aprender com cada situação e com o trabalho de quem trabalha com você.
Equilíbrio entre humildade e autoestima para não subestimar nem superestimar
sua condição. E persistência. Só vence quem depois de tropeçar levanta e
continua caminhando.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não penso em dirigir ainda. Não costumo
pensar muito a longo prazo e no momento estou bastante focado na minha carreira
de ator. Produzindo e atuando no teatro e fazendo TV e cinema quando possível. Não
me considero ainda com a qualificação necessária para dirigir um filme com
qualidade, então deixo para quem sabe. Por enquanto. Quem sabe amanhã?