Ator. Na TV Globo atuou na minissérie ‘Mad Maria’ e na novela ‘Alma
Gêmea’. Atuou também no curta-metragem ‘Tatu
Bolinha’, da diretora Quelany Vicente e "Memórias de Maura", de Bruna Lessa.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O roteiro é sempre o fator mais importante quando eu
recebo uma proposta de trabalho. Se tiver substância, um personagem bem
estruturado, onde eu possa desenvolver uma boa interpretação, eu topo. Em
segundo lugar, a conversa com o diretor ou produtor é importante nesse
processo. Geralmente quem dirige os curtas são jovens diretores com muitas ideias;
e isso é bom, pois o curta é um terreno para a experimentação da linguagem
cinematográfica. Porem, a intimidade dessa geração com as tecnologias da imagem
impressiona, mas não é tudo. Se você não observar o movimento da vida o teu
roteiro será fraco, sem ressonância, e aí perde o interesse.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Eu fiz um curta-metragem chamado "Tatu
Bolinha" da diretora Quelany Vicente, que participou da Mostra
Internacional de Cinema de São Paulo.
Filmei num cemitério e era o encontro de um pai com
a filha no enterro da mãe da criança. Uma situação da vida muito interessante,
com diálogos concentrados. Ensaiamos bastante, eu, a menina e a diretora. Agora
eu entendo o motivo de tanto ensaio, pois o diretor precisa saber muito bem o
que vai fazer, planos, enquadramentos e não tem muito tempo para o ator na hora
da filmagem. Tem uma equipe enorme, se for externa, a coisa depende do humor da
natureza. Tudo precisa dar certo, você só tem uma chance.
Outro curta-metragem que eu fiz recentemente foi
"Memórias de Maura" de Bruna Lessa. Um roteiro muito bonito e
delicado. Meu personagem não era central, mas tinha um drama interior bem
interessante. Foi legal filmar num lugar distante com uma equipe confinada e muito
afim de fazer cinema. Mas aí depois da festa vem a realidade do corte, e quando
vi o filme pronto, algumas cenas foram cortadas. O diretor precisa fazer
escolhas, mas o personagem ficou sem importância, alegórico.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
A mídia precisa vender jornal. Eles preferem falar
da novela.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Antes você ia ao cinema e assistia um curta antes do
filme principal. Era muito prazeroso. Muito melhor que esse comerciais tão
desagradáveis. Não vejo uma forma melhor do curta para atingir o grande
público.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Acho que o artista precisa experimentar sempre. Se
você tem liberdade no curta e não leva essa atitude para o seus grandes filmes,
você fica escravo do gosto geral, e aí você está morto. Mas talvez venda mais
jornal. Você escolhe.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acho que sim, principalmente para os diretores e
profissionais envolvidos. Lá você adquire experiência, bate cabeça e quem é do
ramo sobrevive.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
A receita é trabalhar muito e fazer com paixão
aquilo que você deseja e não se importar com as críticas.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Não sei, eu gosto de teatro. Vivo dentro do teatro e
de vez em quando me aventuro no cinema.