sábado, 7 de fevereiro de 2015

Juliana Fagundes


Atriz. Foi um dos  destaques do peça ‘Cine Camaleão — Boca do Lixo’, da Cia. Pessoal do Faroeste.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O roteiro, o texto, a direção...

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Minha experiência é bem pequena. Gavei apenas dois curtas - resultados do curso de interpretação para cinema e TV com o ator e dramaturgo Eliseu Paranhos. Apesar de ter me formado em Artes Cênicas em 1997, a linguagem televisiva é bem diferente da teatral. Aprendi muito e, no curta, pude tentar colocar em prática o que havia aprendido. Tudo é muito rápido. Não há muito tempo para ensaios, devido ao custo e número de pessoas envolvidas. E o mais difícil, como atriz, me parece vir depois. Você nunca sabe o que foi aproveitado e o que foi editado. E nem se o curta será bom ou ruim - somente mesmo quando fica pronto é possível ter a real noção do resultado e de sua performance. Uma experiência interessante, mas sempre arriscada, eu diria. Daí a importância de um bom diretor.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Talvez por serem ainda vistos como uma arte menor... ainda ouço dizer que são trampolins para longas-metragens. Então são vistos como experimentos, treinamentos... mas sei de muitos excelentes profissionais que amam fazer curtas e o fazem por opção, por amarem a linguagem... Já apresentei e fui também jurada de Festivais de Curtas... vi coisas muito boas. Só não são midiáticos.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Deveria se dar como acontece com os longas-metragens - ao invés de irmos ao cinema para ver um longa de duas horas, deveríamos poder ver alguns curtas numa mesma sessão numa sala de cinema, quem sabe... e os curtas deveriam ter um espaço nos guias culturais também. Sei que vez em quando há Mostras de Curtas, mas me parece que não são tão divulgadas... sabemos que há produção de curtas é extensa em São Paulo.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Como escrevi acima, em geral são vistos como um campo para a experimentação... e isso não é ruim, pelo contrário. Mas há profissionais que amam fazer curtas e não somente como experimentação, e sim como escolha de linguagem cinematográfica.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Creio que sim, mas não sou cineasta nem roteirista... não saberia dizer se é só uma questão de tamanho de obra.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não sei o que você entende por vencer. Vencer para mim, é realizar um trabalho de qualidade ainda que não venha a ser reconhecido. Mas é claro que gostaria muito de poder ver e prestigiar trabalhos assim. E sem uma divulgação apropriada, isso se torna mais difícil.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não. Nunca pensei a esse respeito - ainda que goste de dirigir no teatro. Mas como ainda não domino a linguagem cinematográfica, essa é uma questão adormecida dentro de mim.