Palhaça e atriz-improvisadora na Cia. do
Quintal. Atua no espetáculo Jogando no Quintal desde 2004.
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Roteiros interessantes e o desafio de atuar num registro diferente do
meu habitual, visto que sou palhaça e atriz-improvisadora.
Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em
curta-metragem.
Fiz alguns curtas, todos universitários. Um era conclusão de curso da
FAAP e os outros todos da ECA. Acho que o curta de maior repercussão foi
"Nossos parabéns ao Freitas", dirigido pelo Felipe Sant'Angelo. Minha
participação era pequena, mas gostei muito de fazer, me diverti à beça. A primeira
vez que fiz um curta foi também a primeira vez que fiz cinema. Lembro-me que me
impressionou descobrir o quão coletiva é a arte do cinema. Eu que até então
achava que o teatro era a arte mais coletiva de todas. No cinema todos viram
formigas operárias, muito donas de seu trabalho, e sempre dependendo do outro
para poder realizar o seu. E isto agregado ao fato de que num curta
universitário estão todos aprendendo e quebrando a cabeça juntos para buscar a
melhor luz, o melhor enquadramento, e eliminar assim qualquer possibilidade de
erro antes de rodar - sobretudo se o filme é feito em película, material
geralmente escasso nas universidades.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da
mídia em geral?
Eu respondo a essa pergunta com outra pergunta: o que é que hoje tem
realmente a atenção da mídia em geral, que não seja crimes sensacionalistas,
escândalos políticos e fofocas de celebridades? Qual forma de arte goza deste
privilégio? Fazer arte com dinheiro nos possibilita comprar uma boa
publicidade, o que é bacana. Mas será que existe algum filme ou peça que tenha
assim tanta reportagem? Acho que o melhor meio de comunicação do planeta ainda
é o boca a boca. O público chama o público.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais
público?
Eu precisaria conhecer melhor esse mercado para fazer sugestões.
O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Toda e qualquer forma de arte independente, que não tenha rabo preso com
um patrocinador pode ser um grande campo para a experimentação.
O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não creio que seja um trampolim. Não gosto desta palavra, pois me traz o
sentido de atalho. E acho que a arte deve ser realizada como um fim e não como
um meio para se chegar a outra coisa. Prefiro dizer que o curta-metragem é uma
boa escola, uma interessante forma de treinamento para se entender o que é
cinema e como fazê-lo.
Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não sou cineasta, nunca venci e nem pretendi vencer no audiovisual
brasileiro. Não tenho propriedade para responder a esta pergunta.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Quem sabe.