Cineasta. É dele “Até que a
Sorte nos Separe”, “De Pernas Pro Ar”, “Odeio o Dia dos Namorados”, “O Candidato Honesto”, entre outros sucessos.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Atualmente
não sou mais convidado, mas poderia participar se a história for boa. Afinal é
isso que conta. Uma boa história para ser contada na tela grande.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Trabalhei
em duas. Uma na faculdade e outra num curta independente meu. Sempre foram
muito apertados de verba, beirando quase nenhum orçamento com estruturas muito
limitadas. O curta da faculdade foi melhor. Se chamava “Helpless”, vou colocar
no meu canal do Youtube! futuramente. E o outro foi o “Bienvenido a Brazil”.
Esse passou muito no Multishow. Sátira do americano que acha que a capital do
Brasil é Buenos Aires.
Minha
experiência foi aquela de ter que improvisar muito e se virar com quase nada.
Tanto que muitas pessoas envolvidas não acreditavam num bom resultado para os
filmes. Na filmagem tive equipe de tamanho razoável na faculdade e equipe
mínima na minha produção particular. Na pós-produção eu fazia quase tudo em
casa. Comecei muito cedo a editar eletronicamente, embora tenha trabalhado em
grandes filmes como assistente de montagem e nesses casos trabalhei
intensamente com filme de maneira tradicional. Atualmente com os computadores e
máquinas fotográficas se pode fazer coisas incríveis.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Por que
ninguém conseguiu achar um canal com uma boa visibilidade. A internet deveria
ajudar isso. Todavia não basta ter um espaço, uma vez que vários canis de TV já
exibiram programas de curtas. É preciso fazer barulho, saber divulgar e saber
apresentar os curtas. Como eles são muitos variados, é necessário ter um
excelente programador. Alguém que chame o público. Nos anos 70 tevê a lei da
obrigatoriedade nas salas de cinema. Foi péssimo pois queimou a imagem dos
curtas para aquela geração. Agora é necessário abrir esse espaço através de
curtas que ajudem as pessoas a se interessar novamente. Tarefa difícil, não
adianta obrigar as pessoas a verem, tem que saber achar o público certo para o
filme.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Como eu
já falei, tem que ser num programa bem bacana, apresentado num espaço nobre por
alguém que dê credibilidade. Tipo atores, cineastas, gente com reconhecimento
junto ao público. Nesse programa se falaria de curtas que não passariam nesse
horário nobre mas passaria num outro horário para quem curte filmes mais
difíceis. Ou se mesclaria os filmes difíceis com os mais fáceis para segurar o
telespectador. Recursos que a TV faz o tempo todo com seus programas.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com
certeza, mas isso pode ser uma faca de dois gumes. Fui a vários festivais e vi
curtas experimentais demais. Acho perigoso, pois por um lado, fazer um curta
pode ser muito trabalhoso e dispendioso. Vi jovens cineastas investirem muito
num trabalho de fim de curso e experimentarem tanto que só os instrutores
curtiam o trabalho. Os curtas que podem servir para abrir a carreira de um
cineasta, nesse caso, não ajudam pois o mercado de trabalho não é fácil para
experimentalismo em excesso.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Pode ser.
Já aconteceu várias vezes, e se se pensar dessa maneira pode ser muito bom para
os realizadores. Eu aconselharia essa tentativa para um segundo ou terceiro
curta-metragem.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Entreter.
Essa é do meu ponto de vista a verdadeira natureza das artes. Vejo muito
preconceito com este conceito, mas acredito plenamente nele. Todos os filmes
que amamos nos fisgaram e nos mantiveram entretidos durante a projeção. É uma
sensação maravilhosa esquecer do mundo e viajar numa história contada na tela
grande.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Se a
história for boa, com certeza. E existem histórias que são perfeitas para isso.
Com os novos dispositivos móveis, as pessoas vão querer entretenimento com
durações menores.