quarta-feira, 16 de setembro de 2015

André Pellenz


Formado em cinema pela UFF e pelo American Film Institute, André estreou como diretor de longa-metragem com o sucesso "Minha Mãe é uma Peça". Também é o diretor-geral da série infantil "Detetives do Prédio Azul", produzida pela Conspiração Filmes e já em sua quinta temporada no canal Gloob.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Dirigi cinco curtas, desde um experimental na década de 90, ainda na faculdade, até o mais recente, "Love Express". Na verdade não aceitei, e sim busquei realizá-los porque era uma maneira de se exercitar em cinema, já que quando me formei em cinema não havia o mercado de hoje, então eu ganhava a vida dirigindo comerciais. Além disso, fotografei três curtas em meu início de carreira.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem
Sempre foram interessantes, por que apesar de nunca haver muito dinheiro (quando tem), todos estão envolvidos com o processo. Antes havia um frisson maior, filmava-se em película e, como o mercado de longas era quase inexistente, cada curta era um evento.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Não sei. Mas na época dos festivais, que é quando os curtas são de fato exibidos, até que existe alguma cobertura. 

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
A TV é um caminho, sem sombra de dúvida. É pena que a TV aberta não abre este espaço, com certeza algumas produções poderiam fazer sucesso. A única vez que isso aconteceu foi quando o curta "Palace II", do Fernando Meirelles, foi exibido como especial de TV, num programa super legal que havia na época, o "Brava Gente". Mas antes de falar mal da TV Globo, vamos lembrar que nas outras emissoras nem longa-metragem de sucesso, sendo brasileiro, passa.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Ah, sim. É possível ganhar um edital e realizar seu trabalho sem qualquer interferência.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
É um caminho natural, e é muito bom fazer, deveria ser obrigatório, porque te prepara, mas pode acontecer de alguém fazer um longa-metragem sem ter feito antes um curta. E também não é um trampolim tão natural assim, um diretor pode ser bons em curtas mas não repetir o desempenho num longa. É como um escritor, que pode ser bom em contos mas não em romance.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Hoje o mercado está consolidado e incomparavelmente melhor do que há dez anos atrás. A receita é simples: trabalhar, estudar e não ser chato. Mala sem alça não tem chance. Ah, e é preciso ter um pouco de sorte também. Mas ela só chega a quem se dedica.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Eu adoraria! Mas não há nada planejado.