Formado em cinema pela UFF e pelo American Film
Institute, André estreou como diretor de longa-metragem com o sucesso "Minha Mãe é uma
Peça". Também é o diretor-geral da série infantil "Detetives do
Prédio Azul", produzida pela Conspiração Filmes e já em sua quinta
temporada no canal Gloob.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Dirigi cinco curtas, desde um experimental na década de 90, ainda na faculdade,
até o mais recente, "Love Express". Na verdade não aceitei, e sim
busquei realizá-los porque era uma maneira de se exercitar em cinema, já que
quando me formei em cinema não havia o mercado de hoje, então eu ganhava a vida
dirigindo comerciais. Além disso, fotografei três curtas em meu início de carreira.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem
Sempre foram interessantes, por que apesar de nunca haver muito dinheiro
(quando tem), todos estão envolvidos com o processo. Antes havia um frisson
maior, filmava-se em película e, como o mercado de longas era quase inexistente,
cada curta era um evento.
Por que os curtas não têm espaço em
críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Não sei. Mas na época dos festivais, que é quando os curtas são de fato
exibidos, até que existe alguma cobertura.
Na sua opinião, como deveria ser a
exibição dos curtas para atingir mais público?
A TV é um caminho, sem sombra de dúvida. É pena que a TV aberta não abre este
espaço, com certeza algumas produções poderiam fazer sucesso. A única vez que
isso aconteceu foi quando o curta "Palace II", do Fernando Meirelles,
foi exibido como especial de TV, num programa super legal que havia na época, o
"Brava Gente". Mas antes de falar mal da TV Globo, vamos lembrar que
nas outras emissoras nem longa-metragem de sucesso, sendo brasileiro, passa.
O curta-metragem para um profissional
(seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para
experimentação?
Ah, sim. É possível ganhar um edital e realizar seu trabalho sem qualquer
interferência.
O curta-metragem é um trampolim para
fazer um longa?
É um caminho natural, e é muito bom fazer, deveria ser obrigatório, porque te
prepara, mas pode acontecer de alguém fazer um longa-metragem sem ter feito
antes um curta. E também não é um trampolim tão natural assim, um diretor pode ser bons em
curtas mas não repetir o desempenho num longa. É como um escritor, que pode ser
bom em contos mas não em romance.
Qual é a receita para vencer no
audiovisual brasileiro?
Hoje o mercado está consolidado e incomparavelmente melhor do que há dez anos
atrás. A receita é simples: trabalhar, estudar e não ser chato. Mala sem alça
não tem chance. Ah, e é preciso ter um pouco de sorte também. Mas ela só chega
a quem se dedica.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Eu adoraria! Mas não há nada planejado.