sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Pedro Rovai


Produtor e diretor desde os anos 1970, foi responsável por sucessos de bilheteria como Bonitinha, mas ordinária” (1981), de Braz Chediak, baseado em Nelson Rodrigues. Em 2000, produziu o longa-metragem infantil “Tainá - uma aventura na Amazônia” (2000), de Tânia Lamarca, que conquistou prêmios em festivais nacionais e internacionais. 

O senhor foi produtor e diretor, responsável por sucessos de bilheteria como “Bonitinha, mas ordinária” (1981), de Braz Chediak, baseado em Nelson Rodrigues, e “Nos embalos de Ipanema” (1979), de Antônio Calmon. Como diretor, assinou obras como “As tranças de Maria” (2003); “Amante latino” (1979); “Ainda agarro esta vizinha” (1974); “Adultério à brasileira” (1969). Por qual razão o curta-metragem nunca entrou na pauta do seu trabalho?
Logo no inicio da minha carreira tive a primeira experiência na direção com o curta-metragem “Djanira em Paraty” (1965) (vencedor do Prêmio Governador do Estado de São Paulo), com fotografia de Ricardo Aronovich. Depois já nos anos 70, produzi um curta-metragem “Lizeta” (1973) dirigido por Luiz Paulino dos Santos, baseado no conto do escritor paulista Antônio de Alcântara Machado. Este curta-metragem recebeu inúmeros prêmios, mas nunca teve oportunidade de ser exibido nos cinemas porque era longo demais pra ser considerado um documentário e curto demais para se transformar num longa-metragem. Como o meu objetivo principal sempre foi o diálogo com o grande o público, optei decididamente pelo formato dos filmes de longa metragem com mais possibilidade de serem exibidos nas salas de cinemas.

Como surgiu a ideia de criar a série da Tainá?
Durante uma viagem á Amazônia, às margens do Rio Negro, fiquei muito impressionado com a alegria das populações ribeirinhas que pescavam, nadavam e andavam de canoa pelo rio. Vi que as crianças ao invés de brincar com bonecas e carrinhos, brincavam com macaquinhos, papagaios, e bichos preguiça. Eu me inspirei nessas cenas para criar o personagem de Tainá, a indiazinha genuinamente brasileira que luta contra os piratas da biodiversidade.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Desde a primeira infância fui apaixonado pela leitura. Li toda a obra do Monteiro Lobato, a coleção dos Três Mosqueteiros, os livros do Sandokan, “O Tigre da Malásia”, do espadachim Pardaillan, Arsène Lupin o ladrão de casaca e outros romances de capa e espada. E também já aos 4 e 5 anos frequentava o cinema todas as noites levado pelo meu avô. Geralmente ele dormia e roncava durante a sessão e no final eu é que dormia e voltava para casa carregado nos seus braços. Essa experiência pra mim era extremamente prazerosa. Não havia censura na época. Via filmes de vampiro, faroeste, romance, aventura e comédias. Principalmente as comedias da Atlântida onde brilhavam Oscarito e Grande Otelo. A minha interpretação é de que essas experiências subjetivas me influenciaram na escolha da profissão. A partir dos 16/17 anos comecei a frequentar a Cinemateca para assistir os clássicos. Aos 17 anos já trabalhava como assistente do Ozualdo Candeias na realização de um documentário de longa-metragem. As coisas foram acontecendo espontaneamente. Trabalhei como freelancer como assistente de direção e na direção de documentários e filmes publicitários. Muitas vezes ficava semanas sem trabalhar. Mas nunca desisti. Minha vida deu uma guinada quando conheci Luiz Sergio Person e fui ser seu assistente em “São Paulo S.A”.
Talvez os tempos fossem outros, mais românticos, poéticos e menos burocráticos e imediatistas. Mas se eu tivesse alguma receita para dar seria a de trabalhar muito e perseverar sempre e sobre tudo amar o que se faz.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Para as pessoas da minha geração o tempo está cada vez mais curto, por isso estou pensando em produzir um curta-metragem em que conto a historia de um rapaz chefe de família pobre do subúrbio que planeja ir com seu filho pequeno à inauguração do estádio Maracanã, onde ele teve grandes alegrias no passado. Quer levar seu filho para que ele conheça o gigante do Maracanã. Ele junta o dinheiro para ir ao jogo, mas por algumas adversidades e por desconhecer que o ingresso era tão caro, ele fica com seu filho do lado de fora do estádio criando grande frustração para si e o garoto. Pretendo filmar com equipamento digital, o que facilita muita a produção. Ao mesmo tempo penso que este curta pode ser o piloto de uma série para televisão aproveitando a nova lei de obrigatoriedade de exibição do audiovisual brasileiro na TV a cabo.