Produtor e diretor
desde os anos 1970, foi responsável por sucessos de bilheteria como “Bonitinha, mas ordinária” (1981),
de Braz Chediak, baseado em Nelson Rodrigues. Em 2000, produziu o
longa-metragem infantil “Tainá - uma aventura na Amazônia” (2000),
de Tânia Lamarca, que conquistou prêmios em festivais nacionais e internacionais.
O
senhor foi produtor e diretor, responsável por sucessos de bilheteria como “Bonitinha, mas ordinária” (1981), de
Braz Chediak, baseado em Nelson Rodrigues, e “Nos embalos de Ipanema” (1979), de Antônio Calmon. Como diretor,
assinou obras como “As tranças de
Maria” (2003); “Amante latino”
(1979); “Ainda agarro esta vizinha”
(1974); “Adultério à brasileira”
(1969). Por qual razão o curta-metragem nunca entrou na pauta do seu trabalho?
Logo no inicio da minha carreira tive a
primeira experiência na direção com o curta-metragem “Djanira em Paraty”
(1965) (vencedor do Prêmio
Governador do Estado de São Paulo), com fotografia de Ricardo Aronovich.
Depois já nos anos 70, produzi um curta-metragem “Lizeta” (1973)
dirigido por Luiz Paulino dos Santos, baseado no conto do escritor paulista
Antônio de Alcântara Machado. Este curta-metragem recebeu inúmeros prêmios, mas
nunca teve oportunidade de ser exibido nos cinemas porque era longo demais pra
ser considerado um documentário e curto demais para se transformar num longa-metragem.
Como o meu objetivo principal sempre foi o diálogo com o grande o público,
optei decididamente pelo formato dos filmes de longa metragem com mais
possibilidade de serem exibidos nas salas de cinemas.
Como surgiu
a ideia de criar a série da Tainá?
Durante uma
viagem á Amazônia, às margens do Rio Negro, fiquei muito impressionado com a
alegria das populações ribeirinhas que pescavam, nadavam e andavam de canoa
pelo rio. Vi que as crianças ao invés de brincar com bonecas e carrinhos,
brincavam com macaquinhos, papagaios, e bichos preguiça. Eu me inspirei nessas
cenas para criar o personagem de Tainá, a indiazinha genuinamente brasileira
que luta contra os piratas da biodiversidade.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Desde a
primeira infância fui apaixonado pela leitura. Li toda a obra do Monteiro
Lobato, a coleção dos Três Mosqueteiros, os livros do Sandokan, “O Tigre da
Malásia”, do espadachim Pardaillan, Arsène Lupin o ladrão de casaca e outros
romances de capa e espada. E também já aos 4 e 5 anos frequentava o cinema
todas as noites levado pelo meu avô. Geralmente ele dormia e roncava durante a
sessão e no final eu é que dormia e voltava para casa carregado nos seus
braços. Essa experiência pra mim era extremamente prazerosa. Não havia censura
na época. Via filmes de vampiro, faroeste, romance, aventura e comédias.
Principalmente as comedias da Atlântida onde brilhavam Oscarito e Grande Otelo.
A minha interpretação é de que essas experiências subjetivas me influenciaram
na escolha da profissão. A partir dos 16/17 anos comecei a frequentar a
Cinemateca para assistir os clássicos. Aos 17 anos já trabalhava como
assistente do Ozualdo Candeias na realização de um documentário de longa-metragem.
As coisas foram acontecendo espontaneamente. Trabalhei como freelancer como assistente de direção
e na direção de documentários e
filmes publicitários. Muitas vezes ficava semanas sem trabalhar. Mas nunca
desisti. Minha vida deu uma guinada quando conheci Luiz Sergio Person e fui ser
seu assistente em “São Paulo S.A”.
Talvez os
tempos fossem outros, mais românticos, poéticos e menos burocráticos e
imediatistas. Mas se eu tivesse alguma receita para dar seria a de trabalhar
muito e perseverar sempre e sobre tudo amar o que se faz.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Para as
pessoas da minha geração o tempo está cada vez mais curto, por isso estou
pensando em produzir um curta-metragem em que conto a historia de um rapaz
chefe de família pobre do subúrbio que planeja ir com seu filho pequeno à
inauguração do estádio Maracanã, onde ele teve grandes alegrias no passado.
Quer levar seu filho para que ele conheça o gigante do Maracanã. Ele junta o
dinheiro para ir ao jogo, mas por algumas adversidades e por desconhecer que o
ingresso era tão caro, ele fica com seu filho do lado de fora do estádio
criando grande frustração para si e o garoto. Pretendo filmar com equipamento
digital, o que facilita muita a produção. Ao mesmo tempo penso que este curta
pode ser o piloto de uma série para televisão aproveitando a nova lei de
obrigatoriedade de exibição do audiovisual brasileiro na TV a cabo.