Ator
e cineasta. Inicia seus estudos na Oficina de Teatro da PUC-MG. Ao
transferir-se para o Rio de Janeiro, cursa Interpretação para TV e Comédia,
ambas com Cecil
Thiré, e Interpretação
para Cinema, com Fábio Barreto, na Casa de Artes de Laranjeiras (CAL), entre
2005 e 2009, e Oficina de Atores da Rede Globo. Dirigiu o curta-metragem
“Pedaços”.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Primeiramente preciso me interessar pelo roteiro,
não especificamente pela história, mas por algo que me motive como artista. Se
penso exclusivamente como ator, a possibilidade de interpretar um personagem
rico em camadas é o que me instiga. Já representando o meu lado roteirista, me
preocupo com a história, com suas possibilidades e reviravoltas. Por outro
lado, pensando com uma cabeça de diretor, gosto de conversar com a equipe para
saber o tipo de linguagem que os mesmos utilizarão, caso mexa comigo, sou o
primeiro a topar a empreitada e até ajudar a produzi-la. Já emprestei
equipamento em alguns curtas. Como disse, algo no curta-metragem
precisa me motivar, não é muito difícil, porque eu sempre estou disposto a
fazer.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Adoro respirar o universo do curta-metragem. Pela
experiência que tenho (gostaria de ter muito mais e assim espero), percebi que
o curta-metragem envolve pessoas que querem estar ali, não pelo dinheiro,
porque na maioria das vezes ele não existe, mas sim pela vontade de fazer parte
daquela história, de se aperfeiçoar, de aprender, de realizar. O curta depende
disso, de cada pessoa que está ali pra colaborar com o seu trabalho. Ele é a
soma de todo esse esforço. O curta é coletivo, o cinema é coletivo. E isso é o
que mais me chama atenção. Não gosto de assistir a um filme e ver nos créditos:
um filme de “fulano de tal”. Acho egoísta e injusto. O filme não é de um só.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acredito que seja um questão cultural. O jornais (a
maioria deles) são veículos de comunicação em massa e infelizmente a grande
maioria dos brasileiros nem sabe o que é um curta-metragem. Pode parecer
mentira, mas é a grande verdade. Outro dia mesmo, estava no carro com um amigo (médico),
pedi ajuda porque queria fazer um curta-metragem numa clínica e queria saber de
alguns detalhes técnicos. O rapaz ligou pro amigo (anestesista) e teve que
explicar o que era um curta-metragem antes de pedir as informações, porque o
sujeito não sabia. O brasileiro sabe o que é novela, ou um filme que passa no
cinema ou na Tela Quente (TV Globo), porque ele foi condicionado a saber. É a
nossa cultura. Mas as coisas estão mudando, cada vez mais há uma necessidade de
conteúdos de curta duração, que sejam mais rápidos. A internet vem incutindo
uma necessidade de dispersão cada vez maior em seus usuários, diante de um
computador, Iphone ou Ipad cada vez é menor a probabilidade de se gastar mais
de uma hora com o mesmo conteúdo. E nessa onda, os jornais também tendem a se
adequar, cada vez mais temos fontes de informação e notícias alternativas e
mais específicas. Blogs, redes sociais, as críticas e opiniões virão dali. Já
estão vindo.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Bom, temos muitos festivais no Brasil, o que é um
ponto positivo. Mas ainda acredito que o curta precisa virar uma questão
cultural. Os brasileiros precisam se acostumar a assistir aos curtas. Talvez
antes de uma sessão de cinema, exibirmos pelo menos um curta ao invés das
dezenas de trailers de outros filmes. Já vejo canais da TV paga com esse tipo
de conteúdo. Se os festivais não exigissem première, poderíamos criar canais na
internet específicos pra esse tipo de mídia. Dessa maneira e de outras várias
educamos e acostumamos o brasileiro com esse formato.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Depende do profissional e da possibilidade de
experimentação. Ele pode ser como também não pode ser. Às vezes tende a ser
mais por uma questão autoral e financeira, o curta geralmente não tem que se
justificar pra produtoras, empresários e distribuidoras, e dessa maneira
adquire uma certa liberdade. Cabe a equipe usa-la da melhor maneira. Arte é
liberdade e o que se faz com ela.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Talvez sim. Talvez não. Não acredito que seja um
trampolim, mas um dos caminhos. O curta é um lugar de muito aprendizado, de
conhecimento, de vivência. Mas da mesma forma que um longa-metragem conta uma
história o curta também conta. No fundo a premissa é a mesma.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não sei, se eu vencer eu te conto.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Dirigi um curta, plano sequência, lindo. Ficou
incrível. Aliás gostaria de agradecer a toda a equipe que topou essa empreitada
e a todos os amigos que doaram na vaquinha (fizemos uma vaquinha pra realizar esse
curta, na verdade já é o segundo que realizamos dessa maneira), o primeiro foi
finalizado e começou sua carreira nos festivais. Pra quem é de São Paulo, o
curta chama-se “Pedaços” e foi exibido no Festival Internacional de Curtas
Kinoforum de São Paulo. Ah! Planejo dirigir mais curtas esse ano. Quem quiser
ajudar será bem vindo.