domingo, 11 de janeiro de 2015

Alice Stefânia


Atriz, diretora e pesquisadora. Doutora em Teatro pela UFBA - Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília (professora adjunta e pesquisadora). É coordenadora do grupo de pesquisa Poéticas do Corpo.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Adoro atuar em cinema. Fazer curtas ainda tem a vantagem de não ocupar tanto tempo, é fácil organizar as outras atividades profissionais e cotidianas e participar. Um bom roteiro, uma personagem interessante ou uma equipe bacana são motivos mais que suficientes. E, a menos que se trate de projeto acadêmico, é importante que haja um cachê, ainda que simbólico a depender da produção.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Já fiz algumas participações em curtas acadêmicos, profissionais e experimentais. Todos os projetos me trouxeram satisfação e alegria. Talvez por ser atriz de teatro, me encantou participar de alguns trabalhos mais artísticos, em que tive maior liberdade criativa. Esse é um espaço mais raro no cinema: de abertura significativa a proposições por parte dos atores. Pra mim, como artista, isso é bem especial. Mas também curto muito interpretar diferentes personagens segundo as concepções prévias de roteiro e direção, já que, claro, há sempre espaço para a contribuição do ator.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Possivelmente fatores de mercado e econômicos estão por trás dessa lacuna, mas não tenho tanta clareza. Apenas lamento, como artista e como espectadora!

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Além de mais espaço em TVs fechadas e abertas, seria maravilhoso, por exemplo, a exibição de curtas antes de sessões de cinema. Eu adoraria assistir. Não sei como seria isso do ponto de vista comercial/econômico, já que em tese paga-se pela sessão principal, mas de qualquer modo seria um início, e ao menos implicaria em divulgação de tantos bons filmes que ficam restritos a festivais e guetos culturais.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Não sei se é o grande campo, mas um grande campo, certamente. O que talvez explique em parte o descrédito e desânimo das mídias em geral em relação a eles... Como também o fato de que curtas são muitas vezes associados a diretores iniciantes ou inexperientes.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Para muitos artistas sim. Não pejorativamente falando. Mas quem quer fazer um longa, possivelmente fará antes um curta. Num raciocínio simplório: o orçamento é mais baixo, se errar, o prejuízo é menor...

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Mas aí depende um pouco do que se entende por vencer... Vencer é vender? É se tornar uma referência na linguagem? Virar um blockbuster? Ser sucesso de crítica? Seja o que for, se você descobrir a receita, conta pra gente!

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Honestamente nunca pensei nisso, nem curta, nem média, nem longa! Minha intimidade com as câmeras é pelo lado de cá, diante delas. E mesmo assim é pequena ainda. Mas adoro, estou sempre disponível pro cinema!