Cineasta e
produtor. “E Aí... Comeu?” e a franquia “Muita Calma Nessa Hora”,
todos com Bruno Mazzeo, estão entre os seus principais trabalhos.
O
que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Os
curtas são projetos pessoais onde experimento e crio uma condição mais dinâmica
para participar de festivais. Participar de festival é como fazer diplomacia
cultural, e também é acadêmico e divertido. Com os curtas posso assumir uma autoridade
como diretor e produtor que não tenho nos longas como contratado.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Minhas
primeiras experiências em curta vêm da faculdade e dos cursos de cinema. Tive
também com os curtas a prova de que é possível ser realizador de cinema. As
ações entre amigos que normalmente dão início as essas primeiras experiências
formam o profissional na prática. Na produção de curtas eu aprendi sobre
coletividade, como tomar decisões pelo grupo e para o grupo. Produzi e dirigi
um curta chamado "Cana" que nunca exibi apropriadamente, nem mesmo
para os atores. Fiquei enfiado numa ilha tentando corrigir o que era
incorrigível, sem me dar conta de que estava pronto. Me transformei naquilo que
mais temia, um "Chatô". Decidi que não faria mais curtas, aquela
experiência, um curta entre amigos em dois dias para produzir 10 minutos de
história multiplicado por 8 seria um longa. E foi assim que fizemos o
"Ódiquê?", meu primeiro longa, reproduzimos os mesmos modelos de
produção multiplicados por 8, entre amigos, 16 dias, 80 minutos, e desta vez,
com a promessa de ir até o fim!
Por
que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em
geral?
Porquê
não faz parte de um modelo comercial, de uma certa maneira, ainda bem.
Na
sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
A multiplicidade de possibilidades de exibição que existem hoje, principalmente
motivadas pela internet e pela onda de digitalização na captação e exibição, transformarão
todos os padrões de formado e linguagem. A interação será muito mais seletiva e
direcionada. Os festivais terão provavelmente mais mostras paralelas ou mais
festivais de perfil e gênero. E como já acontece, a busca por conteúdo para
atender as demandas dos canais de exibição, seja lá quais forem, abrirá um
grande novo mercado.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Levando
em consideração que o profissional atue também em outra área, sim. Mas
acreditar que o curta é um espaço laboratorial pode limitar seus filmes a isso.
A experimentação é sempre de ida e vinda. Eu experimento quando faço comercias,
videoclipes, curtas e longas, cada um com um propósito. Liberdade e
experimentação também devem ser inconscientes.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não
necessariamente. São formatos distintos. A quantidade de profissionais que não
fez um ou outro prova o contrário. O curta-metragem assim como o longa são
oportunidades de exercer a profissão e produzir arte.
Qual
é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não
existe receita. Mas eu recomendo fé, exercício (pra saúde também) e
personalidade.
Pensa
em dirigir um curta futuramente?
Sim.
Minha última experiência com o "Sobre o Menino do Rio" foi excelente,
passei por vários festivais e fiz novos amigos. Estou terminando de produzir o
curta de um amigo americano, já em fase de mixagem de som, e aguardo a próxima
oportunidade.