segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Gabriel Godoy


Ator formado pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD/USP), com cursos na Oficina de Atores Nilton Travesso, Studio Fátima Toledo, Studio Wolf Maya, Oficina de Atores, com Vladimir Capella, e Oficina dos Menestréis, com Deto Montenegro. Em 2008, é indicado ao Prêmio Femsa de melhor ator coadjuvante pelo personagem Papagueno em "A Flauta Mágica". Está no elenco da novela Alto Astral, na Rede Globo.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Penso que em primeiro lugar um bom roteiro, que me traga um desafio como artista. Depois analiso a produção, quem está por trás do filme para saber se realmente é um trabalho que vale a pena se entregar.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
A minha experiência é pequena e gostaria que fosse maior. Foi justamente por isso que comecei a produzir os meus próprios filmes de uma forma amadora. Comprei uma câmera, aprendi a editar e esperava as ideias brotarem na minha cabeça para fazer virar um filme. Tudo muito simples e sem fins lucrativos. Depois de ter feito o longa metragem "Os 3" fui fazer meu primeiro grande curta-metragem com direção de Tuca Paoli chamado "Amadores" que foi para Cannes e que foi uma linda experiência.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Penso que não só os curtas mas o cinema nacional em geral está procurando seu espaço ainda. Sinto uma evolução com os festivais e com grandes atores já consagrados fazendo curtas. Talvez aumentar o número de festivais ou até quem sabe fazer com que um curta possa ficar pelo menos um mês em cartaz já que fazer é um trabalho tremendo. Quem saber a mídia se interessaria mais.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Como disse na outra pergunta acho que os curtas deveria entrar em cartaz. Existem algumas sessões em algumas salas mas pouco divulgadas. Quem sabe um trailer de curtas enquanto vamos ver um longa? Sei lá, temos que ter ideias novas. Acho que o Festival Internacional De Curtas de São Paulo está sendo bem divulgado e eu senti um bom público, tudo bem que sempre mais o pessoal do meio. Agora me surpreendeu o número de filmes feito de qualquer jeito ou mal feito mesmo. Acho que a cada cinco filmes que a sessão tinha, dois eram bons. E isso pode afastar o público também. E lógico que ter mais o apoio da mídia, abrir o jornal e ter uma página inteira falando de um curta, seria lindo.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com certeza o curta-metragem é uma forma mais viável da gente experimentar todas as maluquices que passam na nossa cabeça. Editas como o Prêmio Estímulo que premiam estreantes é um primeiro passo para entrar no mercado do cinema. Muitas vezes os curtas podem fazer carreira longa em festivais nacionais e internacionais. Ou seja levar o que você pensa como arte, como ideia pessoal para o público. Lógico que muitas vezes as pessoas exageram e fazem filmes que são uma viagem pessoal do criador sem nenhum convite para eu, enquanto público entrar na história...rs. Em 2011 fiz um experimento com minha mãe e minha avó bem amador que teve um bom resultado. Consegui propor uma reflexão para todos e acho que isso é o mais importante na arte, apontar um caminho, propor algo.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acho que uma coisa não está ligada a outra. Sem dúvida fazer um curta-metragem de qualidade é ter um bom portfólio em mãos, mas depois de 10 anos de mercado percebi que quase não existe teste de curta-metragem, geralmente chamam os amigos atores para fazer. A minha primeira experiência no cinema foi protagonizar um longa-metragem sem nunca ter feiro um curta profissional pois existem vários teste de longa acontecendo o ano inteiro no Brasil que aliás são muito pouco divulgados para atores novos. Ou seja fazer cinema no Brasil, não é fácil. Mais do que uma questão de talento, é uma questão de sorte...(risos). Nos meus curtas amadores até criamos uma frase que é: "Se o cinema não vem até nós. Nós fazemos cinema."

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Trabalhar, trabalhar e trabalhar. Acho que com o tempo vamos conhecendo as pessoas, as produtoras, diretores, fotógrafos e etc... e essa teia de contatos ajuda a você entrar no mercado. O que vem me ajudando muito é fazer publicidade pois acabo conhecendo muita gente. Em 2012 fiz a próxima série da HBO "O Negócio", justamente por ter conhecido um pessoal em um comercial de cerveja. Me chamaram para o teste e lá já conheciam meu trabalho e sabiam que poderiam contar comigo.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Com certeza. Já dirigi muita coisa de brincadeira mas agora to escrevendo curtas para editais para poder fazer com verba um trabalho mais lapidado e com mais qualidade. Tenho alguns roteiros na gaveta que escrevi e cada ano namoro um para colocar nos editais. No ano retrasado quase peguei o Prêmio Estimulo, fiquei como segundo suplente mas foi ótimo para perceber que realmente se você sabe escrever um bom projeto você pode produzir seu próprio filme.