Cineasta.
Dirigiu os curtas-metragens “Buraco”,
selecionado pela 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e “Além da
Janela”, ganhador de 12 prêmios no “Festival Mundo maior de Cinema”.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
A
liberdade de poder experimentar sem medo. Por ser um produto para um público
específico os curtas-metragens não tem um compromisso com retorno financeiro, é
a vantagem que se tem por não ser reconhecido, desta forma vale, por vezes,
mais o estilo que é apresentado do que a própria história em si. Uma ideia, um
sonho, uma sensação costumam funcionar bem para o formato de curta-metragem. E
esta liberdade me cativa.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
As
vantagens que tive em trabalhar com curtas-metragens foram muitas, entre elas o
fato de ser rápido e ter tempo de caprichar nas cenas até que eu fique
satisfeito. Outro fator positivo é de poder experimentar novos tipos de
linguagem, é a melhor maneira para formar um estilo. Falando um pouco sobre o
lado negativo dos curtas, fica em primeiro lugar, pelo pouco tempo que se tem,
a superficialidade das relações, ou seja, não há tempo para se aprofundar, para
aprimorar as comunicações entre equipe e, fundamentalmente, entre atores e
direção. Em segundo lugar é por começar a se apaixonar pelo projeto exatamente
quando ele está acabando. Mas, no geral, os pontos positivos superam os
negativos.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Não posso
dizer de fato. Apenas uma simples opinião a de que a mídia aponta para onde o
dinheiro está, ou seja, onde puder alcançar o maior público possível em seu
segmento. Desta forma, os curtas-metragens estão bem longe de se enquadrar na
mídia.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Transmissão
em TV aberta. Transmissão de festivais de curtas-metragens.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sim. O
curta é um espaço que passa longe do erro ou acerto. Ele existe
fundamentalmente para, experimentar, arriscar e formar um estilo de maneira
completamente livre.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Sim. É
necessário que o curta-metragem exista antes de se fazer o primeiro longa-metragem.
Não há forma melhor de praticar e pesquisar para que o longa seja feito com
maior precisão, porque aí sim existe o acerto e o erro.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Respeitar
o trabalho autoral, não importa a função. Ainda não engessamos uma forma de
cinema para nos enquadrarmos na indústria do cinema mundial. O que temos de
mais expressivo, orgânico, intuitivo e visceral tem que ser colocado em nossos
filmes, antes que certos padrões sejam exigidos.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Sim.
Penso em dirigir e o filme ainda está em processo de desenvolvimento. Quero,
neste curta, experimentar uma linguagem nova para mim, mas antiga para
"Cassavetes". A personagem que ditará o ritmo do filme, de acordo com
suas emoções. Bom, ainda é um projeto embrionário, mas em breve será
concretizado.